Europa está disposta a punir Rússia apesar das consequências
União Europeia disse que pode adotar sanções apesar das possíveis consequências da suspensão de importantes contratos sobre sua economia
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2014 às 16h04.
A União Europeia está disposta a adotar sanções contra a Rússia , após a incorporação da Crimeia, apesar das possíveis consequências da suspensão de importantes contratos sobre sua economia, constataram nesta terça-feira especialistas.
O presidente francês, François Hollande, reagiu a essa incorporação da Crimeia à Rússia pedindo "uma resposta europeia forte e coordenada" na próxima cúpula dos dias 20 e 21 de março.
Já o chefe da diplomacia britânica, William Hague, anunciou que seu país estava suspendendo "toda colaboração militar com a Rússia.
Seu colega francês, Laurent Fabius, disse que está avaliando a possibilidade de anular a venda de dois navios militares Mistral à Rússia.
A Câmara de Comércio franco-russa expressou na semana passada sua extrema preocupação e os "setores empresariais e sindicais alemães são claramente contra as sanções" à Rússia, afirma François Heisbourg, da Fundação para a Pesquisa Estratégica (FRS), com sede em Paris.
Mas "os russos são mais vulneráveis do que os europeus diante das sanções: a Rússia representa pouco mais de 1% do comércio exterior da União Europeia, mas esta significa 50% do comércio externo da Rússia", afirma Heisbourg à AFP.
E, embora a UE ainda importe cerca de 30% de seu gás da Rússia, "pelo menos a curto prazo saímos de um inverno muito suave, e as reservas estão cheias", explica.
"Vamos (os europeus) sofrer, mas a Rússia sofrerá mais no plano econômico", explica Dominique Moisi, do Instituto francês de Relações Internacionais (IFRI).
A Alemanha, terceiro sócio comercial da Rússia e primeiro na Europa - com 6.000 empresas em território russo e 300.000 empregos alemães que dependem das relações com Moscou - é o país "que mais tem a perder", segundo Stefan Meister, especialista do Conselho Europeu de Relações Exteriores, um grupo de reflexão.
No entanto, a chanceler alemã, Angela Merkel, parece ter aceitado que as sanções contra a Rússia agora são inevitáveis.
"Devemos exigir que o direito internacional seja respeitado e não podemos ficar sem fazer nada quando é violado", declarou Merkel na sexta-feira diante dos sindicatos em Munique.
Putin 'superestima suas forças'
Para François Heisbourg, "a forma como a chanceler passou na semana passada do tradicional discurso alemão, muito próximo dos interesses dos russos, a um menos contemplativo, demonstra que não há divergências" entre os europeus diante da situação na Crimeia.
A UE e os Estados Unidos já puniram na segunda-feira funcionários de alto escalão russos e ucranianos, e devem adotar em breve medidas mais severas.
Nesta terça, logo após a "anexação" da Crimeia por Moscou, os Estados Unidos anunciaram que vão impor novas sanções contra a Rússia.
"Condenamos a decisão da Rússia de anexar oficialmente" a Crimeia, declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
Carney disse que Obama e a chanceler alemã, Angela Merkel, discutiam por telefone os novos passos a serem seguidos a respeito da Crimeia e como apoiar a Ucrânia.
"Os europeus aprenderam com a crise iraniana como implementar de forma eficaz sanções econômicas e financeiras", destaca François Heisbourg.
Vladimir Putin "se equivoca quando superestima suas forças", analisa Dominique Moisi. Para o especialista, "vão ocorrer divisões no seio do poder russo: vê-se claramente que o setor econômico, a bolsa de Moscou, está nervoso diante deste crescente isolamento da Rússia".
Isso acontece sobretudo porque, diante da ameaça russa, "há uma aproximação entre Estados Unidos e Europa no âmbito das sanções econômicas", explica Heisbourg.
Após a integração da Crimeia à Rússia, "o congresso americano aplicará sanções que vão muito longe, inclusive contra terceiros países que seguirem trabalhando com a Rússia", adverte. "Os europeus serão obrigados a reagir", conclui.
A União Europeia está disposta a adotar sanções contra a Rússia , após a incorporação da Crimeia, apesar das possíveis consequências da suspensão de importantes contratos sobre sua economia, constataram nesta terça-feira especialistas.
O presidente francês, François Hollande, reagiu a essa incorporação da Crimeia à Rússia pedindo "uma resposta europeia forte e coordenada" na próxima cúpula dos dias 20 e 21 de março.
Já o chefe da diplomacia britânica, William Hague, anunciou que seu país estava suspendendo "toda colaboração militar com a Rússia.
Seu colega francês, Laurent Fabius, disse que está avaliando a possibilidade de anular a venda de dois navios militares Mistral à Rússia.
A Câmara de Comércio franco-russa expressou na semana passada sua extrema preocupação e os "setores empresariais e sindicais alemães são claramente contra as sanções" à Rússia, afirma François Heisbourg, da Fundação para a Pesquisa Estratégica (FRS), com sede em Paris.
Mas "os russos são mais vulneráveis do que os europeus diante das sanções: a Rússia representa pouco mais de 1% do comércio exterior da União Europeia, mas esta significa 50% do comércio externo da Rússia", afirma Heisbourg à AFP.
E, embora a UE ainda importe cerca de 30% de seu gás da Rússia, "pelo menos a curto prazo saímos de um inverno muito suave, e as reservas estão cheias", explica.
"Vamos (os europeus) sofrer, mas a Rússia sofrerá mais no plano econômico", explica Dominique Moisi, do Instituto francês de Relações Internacionais (IFRI).
A Alemanha, terceiro sócio comercial da Rússia e primeiro na Europa - com 6.000 empresas em território russo e 300.000 empregos alemães que dependem das relações com Moscou - é o país "que mais tem a perder", segundo Stefan Meister, especialista do Conselho Europeu de Relações Exteriores, um grupo de reflexão.
No entanto, a chanceler alemã, Angela Merkel, parece ter aceitado que as sanções contra a Rússia agora são inevitáveis.
"Devemos exigir que o direito internacional seja respeitado e não podemos ficar sem fazer nada quando é violado", declarou Merkel na sexta-feira diante dos sindicatos em Munique.
Putin 'superestima suas forças'
Para François Heisbourg, "a forma como a chanceler passou na semana passada do tradicional discurso alemão, muito próximo dos interesses dos russos, a um menos contemplativo, demonstra que não há divergências" entre os europeus diante da situação na Crimeia.
A UE e os Estados Unidos já puniram na segunda-feira funcionários de alto escalão russos e ucranianos, e devem adotar em breve medidas mais severas.
Nesta terça, logo após a "anexação" da Crimeia por Moscou, os Estados Unidos anunciaram que vão impor novas sanções contra a Rússia.
"Condenamos a decisão da Rússia de anexar oficialmente" a Crimeia, declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
Carney disse que Obama e a chanceler alemã, Angela Merkel, discutiam por telefone os novos passos a serem seguidos a respeito da Crimeia e como apoiar a Ucrânia.
"Os europeus aprenderam com a crise iraniana como implementar de forma eficaz sanções econômicas e financeiras", destaca François Heisbourg.
Vladimir Putin "se equivoca quando superestima suas forças", analisa Dominique Moisi. Para o especialista, "vão ocorrer divisões no seio do poder russo: vê-se claramente que o setor econômico, a bolsa de Moscou, está nervoso diante deste crescente isolamento da Rússia".
Isso acontece sobretudo porque, diante da ameaça russa, "há uma aproximação entre Estados Unidos e Europa no âmbito das sanções econômicas", explica Heisbourg.
Após a integração da Crimeia à Rússia, "o congresso americano aplicará sanções que vão muito longe, inclusive contra terceiros países que seguirem trabalhando com a Rússia", adverte. "Os europeus serão obrigados a reagir", conclui.