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ESTAMOS PRONTOS "PARA NEGOCIAR"

Para Alan Larson, do governo americano, a globalização ainda é uma poderosa arma para a prosperidade

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h15.

O subsecretário do Estado americano, Alan Larson, presente à reunião do Fórum Econômico Mundial, defende o aumento do comércio no continente e diz que os Estados Unidos estão prontos para abrir mais o mercado para países como o Brasil. Leia os principais trechos da entrevista:

O que o senhor espera do governo Lula?

O presidente Bush telefonou para o presidente eleito do Brasil imediatamente após a votação para parabenizá-lo e convidá-lo para ir a Washington. Estamos muito contentes com a visita, que será em 10 de dezembro. Acreditamos ser muito importante que Brasil e Estados Unidos, as duas maiores economias do nosso continente, trabalhem juntos para promover a prosperidade econômica e o fortalecimento da democracia no hemisfério.

Mas o senhor não espera dificuldades na relação entre os dois países? A equipe de Lula prometeu que vai jogar duro com os americanos nas negociações comerciais.

Nós estamos convencidos de que a ampliação do comércio é uma das armas mais poderosas para promover o crescimento econômico e aliviar a pobreza. Por isso achamos que é vital aumentarmos as relações comerciais não apenas entre Brasil e Estados Unidos mas em todo o continente. Sabemos que Lula quer ver o Brasil crescer, e uma das melhores maneiras de atingir esse objetivo é pelo comércio.

Qualquer negociação comercial é um balanço entre oportunidades. Entendemos que, se pretendemos nos unir em uma grande área de livre comércio, a Alca, todos os países vão querer saber quais serão as oportunidades e quais serão os custos. É assim que as negociações avançam. Estou convencido de que há espaço para uma estratégia em que todos ganhem. Somos o maior mercado para os produtos brasileiros. Damos preferências unilaterais a produtos do Brasil no valor de 2 bilhões de dólares. Além disso, o Brasil nos vende uma grande gama de produtos, inclusive agrícolas. Os Estados Unidos têm uma das economias mais abertas do mundo. Mas estamos preparados para fazer novas rodadas de abertura comercial para o hemisfério nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e também nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Estamos assistindo a um sentimento crescente contra a globalização, uma das bandeiras do chamado Consenso de Washington. Há também um sentimento contrário aos Estados Unidos, que ficou claro em eleições como a alemã e, de certa forma, a brasileira. A liderança americana está sendo contestada?

Acho que os Estados Unidos estão conduzindo sua liderança de maneira responsável. Por exemplo, nós trabalhamos muito duro para o sucesso das negociações comerciais na reunião da OMC em Doha, nas quais, aliás, o Brasil teve um papel de destaque. Lançamos uma nova agenda comercial, algo que não acontecia havia vários anos. Também estamos trabalhando de maneira multilateral em uma série de pontos, como agora na questão envolvendo o Iraque. O resultado foi uma decisão unânime no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que só ocorreu devido a muita cooperação entre nós e vários países. Na eleição alemã, o que estava em jogo eram questões alemãs. Não acredito que a posição dos Estados Unidos importe muito nas eleições de outros países.

A globalização, afinal, é boa ou má para os países emergentes?

Todos os países que querem melhorar a situação de seus habitantes devem olhar a globalização como uma oportunidade. E devem ter uma estratégia para se beneficiar das oportunidades e se proteger dos riscos que enxerguem na globalização. Não acho que exista uma única fórmula para tanto. Creio que diferentes países podem tentar diferentes estratégias, mas acho que há elementos que deveriam ser comuns a todos. Por exemplo, a ampliação do comércio e o crescimento da escolaridade da mão-de-obra.

Como o senhor vê a situação da Argentina?

Somos bons amigos da Argentina e temos uma grande solidariedade pelas dificuldades pelas quais o país e seu povo estão passando há dois anos. Temos encorajado a Argentina e o FMI a buscar um acordo e essa é nossa expectativa. Mas a Argentina precisa fazer as coisas que são necessárias para permitir a recuperação de sua economia, como equilibrar o orçamento. Achamos muito ruim a decisão de suspender os pagamentos a organismos internacionais, como o Fundo e o Banco Mundial, mas não é uma razão para que as negociações não prosperem.

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