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Estagnação da economia não surpreende, diz economista da FGV

Silvia Matos acredita que a piora da crise internacional prejudicou o crescimento brasileiro e aponta que saída e aumentar os investimentos em infraestrutura

Segundo a economista, a indústria brasileira tem dificuldade para competir com as empresas de fora (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2011 às 13h28.

Rio de Janeiro - A estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, não surpreendeu, embora a expectativa fosse de um pequeno crescimento no período. A avaliação é da economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) Silvia Matos. Para ela, a piora da economia no cenário internacional por conta da crise na Europa foi o fator que mais contribuiu para o resultado.

“A gente estava esperando um resultado um pouco positivo, mas a estabilidade não surpreendeu, afinal o ano já tinha começado com uma política de aperto monetário. O que contribuiu bastante realmente foi a piora do cenário internacional. Tivemos notícias muito ruins, câmbio com muita volatilidade e o investimento e a indústria sofrendo muito”, disse.

Segundo Silvia Matos, a dificuldade de solucionar a crise europeia contaminou o investimento e prejudicou muito a indústria, que já vinha acumulando perdas desde a crise de 2008, e “encontra grandes dificuldades de competir com os bens baratos lá de fora”.

“Com o panorama de baixo crescimento, toda a indústria mundial quer exportar e fica difícil competir com os preços mais baixos. No Brasil, o custo do trabalho, da logística e a tributação são muito altos”, acrescentou.

As medidas de incentivo ao setor industrial que vêm sendo adotadas pelo governo, como a desoneração, garantem resultados no curto prazo, na avaliação da economista. Para promover uma recuperação mais profunda, ela defende maiores investimentos em infraestrutura e redução da tributação do setor.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na comparação do terceiro com o segundo trimestre, a indústria teve queda de 0,9%. O único setor que apresentou crescimento foi a agropecuária, 3,2%.

Silvia Matos assinalou ainda que o setor de serviços teve uma queda “rara” na passagem de um trimestre para o outro (-0,3%). “Esse é um setor resistente e, olhando a série histórica, raramente acontece retração entre dois trimestres consecutivos. Ainda não sabemos o que aconteceu, mas de qualquer forma houve desaceleração”, destacou.

Para o quatro trimestre de 2011, a economista do Ibre acredita num resultado “um pouco melhor”. “A indústria deve vir com um pequeno crescimento, de 0,4% ou 0,5%. Mesmo assim é uma desaceleração”, disse.

Ela ressaltou que embora o governo tenha formas de contribuir para a aceleração do PIB em 2012, o ideal, diante dos desdobramentos da crise europeia, é mantê-lo em um patamar próximo a 3% para evitar uma escalada da inflação.

“Teria que acelerar [o PIB] em torno de 3%, mas é preciso tentar manter a inflação na meta, para tentar baixar a taxa de juros, porque, com certeza, essa taxa mais baixa contribui para uma indústria mais eficiente”, destacou.

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Rio de Janeiro - A estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, não surpreendeu, embora a expectativa fosse de um pequeno crescimento no período. A avaliação é da economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) Silvia Matos. Para ela, a piora da economia no cenário internacional por conta da crise na Europa foi o fator que mais contribuiu para o resultado.

“A gente estava esperando um resultado um pouco positivo, mas a estabilidade não surpreendeu, afinal o ano já tinha começado com uma política de aperto monetário. O que contribuiu bastante realmente foi a piora do cenário internacional. Tivemos notícias muito ruins, câmbio com muita volatilidade e o investimento e a indústria sofrendo muito”, disse.

Segundo Silvia Matos, a dificuldade de solucionar a crise europeia contaminou o investimento e prejudicou muito a indústria, que já vinha acumulando perdas desde a crise de 2008, e “encontra grandes dificuldades de competir com os bens baratos lá de fora”.

“Com o panorama de baixo crescimento, toda a indústria mundial quer exportar e fica difícil competir com os preços mais baixos. No Brasil, o custo do trabalho, da logística e a tributação são muito altos”, acrescentou.

As medidas de incentivo ao setor industrial que vêm sendo adotadas pelo governo, como a desoneração, garantem resultados no curto prazo, na avaliação da economista. Para promover uma recuperação mais profunda, ela defende maiores investimentos em infraestrutura e redução da tributação do setor.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na comparação do terceiro com o segundo trimestre, a indústria teve queda de 0,9%. O único setor que apresentou crescimento foi a agropecuária, 3,2%.

Silvia Matos assinalou ainda que o setor de serviços teve uma queda “rara” na passagem de um trimestre para o outro (-0,3%). “Esse é um setor resistente e, olhando a série histórica, raramente acontece retração entre dois trimestres consecutivos. Ainda não sabemos o que aconteceu, mas de qualquer forma houve desaceleração”, destacou.

Para o quatro trimestre de 2011, a economista do Ibre acredita num resultado “um pouco melhor”. “A indústria deve vir com um pequeno crescimento, de 0,4% ou 0,5%. Mesmo assim é uma desaceleração”, disse.

Ela ressaltou que embora o governo tenha formas de contribuir para a aceleração do PIB em 2012, o ideal, diante dos desdobramentos da crise europeia, é mantê-lo em um patamar próximo a 3% para evitar uma escalada da inflação.

“Teria que acelerar [o PIB] em torno de 3%, mas é preciso tentar manter a inflação na meta, para tentar baixar a taxa de juros, porque, com certeza, essa taxa mais baixa contribui para uma indústria mais eficiente”, destacou.

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