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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h15.
Apesar da estabilidade da produção industrial em setembro, o ciclo de crescimento da economia brasileira não sofreu nenhuma reversão. Para o professor Alfredo Teodoro Reis, da Brazilian Business School (BBS), "é muito prematuro afirmar que a produção começou a recuar". Para ele, o resultado da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostrou a interrupção da expansão após seis seis meses de consecutivos de taxas positivas, é definitivamente pontual. "Acredito que o país ainda segue a tendência de crescimento", afirma.
Segundo Reis, só será possível rever as projeções, se a trajetória de estabilidade ou queda da produção persistir por, no mínimo, um trimestre. Outros dados reforçam o argumento de Reis. O primeiro é que, na comparação entre setembro com o mesmo mês do ano passado, a indústria cresceu 7,6%. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, a produção avançou 9% sobre a mesma base de 2003. Já nos 12 meses encerrados em setembro, a expansão foi de 7,2%, indicando aceleração em relação ao mesmo período, encerrado em agosto (6,9%).
Em setembro, 12 dos 23 ramos industriais analisados pelo IBGE ampliaram as atividades, com destaque para alimentos (3,1%), bebidas (5,6%) e refino de petróleo e álcool (1,8%). A pressão negativa ficou por conta da indústria do fumo (-28,1%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,1%) e produtos químicos (-1,2%).
A avaliação de Reis segue a de outros analistas. Ontem, por exemplo, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou que as vendas da indústria de transformação recuaram 1,27% entre agosto e setembro. A entidade ressaltou, porém, que o resultado não indica o início de uma recessão, mas o retorno da atividade industrial a níveis mais adequados à economia brasileira.
Freio nos juros
Para a Tendências Consultoria, que previa a estabilidade da produção industrial de agosto para setembro, os números do IBGE podem incentivar o Banco Central a conter o ritmo de ajuste da taxa básica de juros (Selic). Na reunião de outubro, o Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu o mercado, ao elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, alcançando 16,75% ao ano. Uma das razões alegadas pelo Copom foi de que o ritmo industrial ainda estava muito forte, sem perspectivas concretas de investimentos que pudesse elevar a capacidade produtiva e evitar pressões inflacionárias de demanda.
"A acomodação do nível de atividade da indústria pode servir de contraponto ao cenário de aquecimento exacerbado da demanda agregada, o que tornaria menos provável uma elevação de mais de 50 pontos na Selic na próxima reunião do Copom", afirma a Tendências.
Reis, da BBS, concorda. "O maior medo do Copom é que haja pressões da demanda. Como os juros são calibrados mensalmente, o BC precisa também considerar esses pequenos sinais", afirma, referindo-se aos indicadores divulgados pelo IBGE e pela CNI.