Entre Guedes e Macron: por que o Brasil não deslancha?
A terça-feira será uma nova oportunidade para separar o campo das ideias do turbulento mundo real do governo Jair Bolsonaro
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2019 às 07h09.
Última atualização em 27 de agosto de 2019 às 07h40.
São Paulo — A terça-feira será uma nova oportunidade para separar o campo das ideias do turbulento mundo real do governo Jair Bolsonaro . Em discurso na noite desta segunda-feira em premiação de Melhores e Maiores, de EXAME, o ministro da Economia, Paulo Guedes , voltou a detalhar o plano econômico do governo para destravar a economia. “Vender, vender e vender”, disse Guedes, sobre o pacote de estatais que deve ser repassado à iniciativa privada.
Guedes afirmou ainda que a reforma tributária será o próximo passo do governo para destravar a economia e retomar os investimentos no país.
Ao sair de negócios e setores que não deveriam ser prioridade do estado, afirmou o ministro, o país pode adotar uma estratégia “rousseuaniana” de investir seus recursos em saúde e educação, estas sim prioridades. Também deve ter pressa para aproveitar recursos do pré-sal para, com um choque de energia barata, acelerar o quanto antes o crescimento econômico.
Boa parte dos mil empresários e executivos presentes à Sala São Paulo concordam, mas o problema, como vem ficando claro dia após dia, é o mundo real. “Ele parece não fazer parte do governo Bolsonaro”, afirmou um executivo presente à cerimônia.
A referência é à capacidade diária do executivo de gerar ruídos que trazem incerteza para a economia brasileira. Enquanto Guedes discursava, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que o governo vai recusar os 20 milhões de dólares oferecidos pelo G7, o grupo de países ricos, para combater as queimadas na Amazônia .
“O Macron não consegue sequer evitar um previsível incêndio em uma igreja que é um patrimônio da humanidade e quer ensinar o quê para nosso país?”, afirmou, em mais uma declaração pouco edificante do alto escalação do governo.
Por essas e outras Bolsonaro foi classificado pelo jornal New York Times como “o menor e mais mesquinho dos líderes globais”. Por essas e outras, enquanto ontem os principais índices americanos fecharam em alta de mais de 1% com uma nova aproximação de China e Estados Unidos, o índice Ibovespa caiu 1,27%.
Entre outros fatores, foi decisiva uma pesqusia CNT/MDA que mostrou um aumento de 19% para 39% na avaliação negativa do governo. O boletim Focus, do Banco Central, voltou a reduzir a previsão de crescimento da economia brasileira, ontem, para 0,8% em 2019.
Guedes terminou o discurso de ontem afirmando que “vai dar tudo certo e sairemos melhores e maiores”. Para chegar lá, Guedes precisa que o restante do governo reme na mesma direção.