Em reta final para Copa do Mundo, Catar escorrega na economia
Após US$ 200 bi em infraestrutura para o evento, parcela da economia que não depende de gás e petróleo estaciona pela primeira vez desde pelo menos 2012
João Pedro Caleiro
Publicado em 1 de outubro de 2019 às 18h45.
Última atualização em 1 de outubro de 2019 às 18h59.
A economia do Catar escorrega enquanto finaliza uma série obras para a Copa do Mundo de 2022.
Agora que os aluguéis estão em queda e grande parte das construções de estádios está chegando ao fim, a economia de US$ 192 bilhões começa a fraquejar.
O PIB excluindo a extração de petróleo e gás encolheu pela primeira vez desde que os dados começaram a ser coletados em 2012, com uma queda de 1,1% na taxa anual no segundo trimestre, de acordo com a Autoridade de Planejamento e Estatística do Catar.
Os setores de construção, manufatura, atacado e varejo mostraram retração, segundo números divulgados na terça-feira. No geral, a economia do maior exportador mundial de gás natural liquefeito encolheu 1,4% em relação ao ano anterior.
A economia do Catar experimentou anos de expansão, impulsionada por US$ 200 bilhões em obras de infraestrutura para se preparar para o evento esportivo mais assistido do mundo.
Juntamente com outras iniciativas para reduzir a dependência do petróleo e gás, o rápido ritmo do setor de construção e os altos preços dos imóveis mantiveram os motores a todo vapor.
Mas dois de oito dos estádios para sediar a Copa do Mundo já foram construídos, e o restante deve ser concluído até o fim de 2020. O novo sistema de metrô do Catar também já está funcionando depois da inauguração de parte da primeira linha no início do ano.
A expansão projetada das instalações de GNL do país é um ponto positivo para a economia do Catar, já que o aumento da capacidade pode gerar US$ 40 bilhões em receita adicional de exportações.
Ainda assim, a onda de obras em torno da Copa do Mundo está diminuindo. Além disso, menos turistas e menos negócios com países vizinhos afetaram a economia desde meados de 2017, quando Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito cortaram abruptamente relações e suspenderam a maioria das viagens ao pequeno país peninsular no Golfo.