Economistas calculam o preço de viver sem dor
Considerando sua satisfação atual com a vida sem dor crônica, quanto dinheiro precisaríamos te pagar para que você continuasse feliz igual, mas com dor?
João Pedro Caleiro
Publicado em 19 de agosto de 2017 às 08h00.
Última atualização em 21 de agosto de 2017 às 13h13.
São Paulo - Considerando sua satisfação atual com uma vida sem dor crônica, quanto dinheiro precisaríamos te pagar para que você continuasse feliz no mesmo nível, mas com dor?
Ou: considerando sua satisfação atual com uma vida com dor crônica, quanto você estaria disposto a gastar para ser tão feliz quanto hoje, mas sem dor?
Para um americano acima de 50 anos, a resposta é algo entre 56 e 125 dólares por dia.
A conclusão é de um estudo feito pelos economistas Edward C. Norton, da Universidade de Michigan, e Thorhildur Ólafsdóttir e Tinna Laufey Ásgeirsdóttir, da Universidade da Islândia.
Eles não perguntaram isso diretamente para as pessoas, o que daria muita confusão. Também não dá para achar essa resposta no "mercado", já que a saúde é geralmente subsidiada de alguma forma, parcial ou totalmente.
O jeito foi criar um método que cruza renda e respostas subjetivas sobre satisfação com a vida e dor ao longo do tempo.
Foram analisadas 64 mil respostas de 21 mil indivíduos acima de 50 anos feitas pelo Estudo de Saúde e Aposentadoria (HRS, na sigla em inglês).
A pesquisa é feita a cada dois anos nos Estados Unidos e foram usadas as de 2008, 2010, 2012 e 2014, permitindo avaliar quem tinha dor e deixou de ter e vice-versa, além de sua renda.
Uma das perguntas pedia para que a pessoa classificasse sua satisfação com a vida de 1 a 5, e outra perguntava sobre dor crônica e sua severidade.
Como esperado, pessoas com dor crônica relatavam uma satisfação menor com a vida, e o contrário também é verdadeiro.
Naturalmente, quanto mais severa a dor, maior o valor de eliminá-la. E quanto mais rica a pessoa, mais dinheiro ela estaria disposta a pagar (por isso não há um número único e sim um intervalo).
Mas os pesquisadores alertam: "isso não implica que a sociedade deve valorizar mais a saúde dos indivíduos ricos do que dos pobres".