Economia

Brasil retomará pico de atividade e grau de investimento em 2021, diz Itaú

Para chegar à conclusão, o banco toma como base cenário de juros em queda, inflação comportada e andamento de reformas que visam melhorar a situação fiscal

Infraestrutura: Itaú espera que setor tenha maior impacto no PIB a partir de 2021 (Paulo Fridman/Getty Images)

Infraestrutura: Itaú espera que setor tenha maior impacto no PIB a partir de 2021 (Paulo Fridman/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 14 de novembro de 2019 às 14h20.

Última atualização em 14 de novembro de 2019 às 16h46.

São Paulo — A economia brasileira só deve voltar para o pico de atividade atingido em 2014 em 2021, mesmo ano em que deve recuperar o grau de investimento perdido na recessão, de acordo com projeções divulgadas pelo Itaú Unibanco nesta quinta-feira (14).

Para chegar a essa conclusão, o banco toma como base o cenário de juros em queda, a inflação comportada e o andamento das reformas que contém a escalada da dívida brasileira, como a da Previdência, aprovada nesse mês pelo Congresso.

O banco nota que o risco-país medido pelo Credit Default Swaps (CDS) atingiu recentemente patamares vistos só antes da crise e que já se aproximam daqueles observados em países com grau de investimento.

"Vemos a economia entrando 2021 mais fortalecida, com atividade mais intensa, com destaque para que o setor de infraestrutura, que deve ter um impacto de 0,3 ponto percentual no PIB (Produto Interno Bruto)", diz Mário Mesquita, economista-chefe da instituição.

O IBC-Br do Banco Central, considerado uma prévia do PIB, foi divulgado hoje com alta de 0,44% em setembro sobre o mês anterior e de 2,11% sobre setembro do ano passado.

Já o PIB do 3º trimestre, que também deve indicar aceleração no crescimento, será divulgado no fim de novembro pelo IBGE. A previsão do Itaú é que a economia brasileira tenha crescimento de 1% em 2019 e 2,2% em 2020.

"Vemos recuperação na parte da economia que depende mais de consumo e serviços. Isso é sustentável não só por dados, como o divulgado nessa semana, de alta de 0,9% no varejo ampliado em setembro, mas porque essa recuperação é espalhada dentro desse índice. 9 de 10 itens da venda de varejo tiveram aumento. Não foi um item específico que gerou esse resultado", destaca Luka Barbosa, economista da instituição.

Crescimento do crédito privado, influenciado pela taxa de juros baixa, também estimula de forma sustentável o crescimento da economia, destaca ele.

Gráfico Itaú PIB

 

O Itaú vê um novo corte de 0,5 ponto percentual na Selic, como já foi indicado pelo BC, o que levará a taxa a um novo mínimo histórico de 4,5% ao ano no fim de 2019. No ano que vem, espera cortes adicionais de 0,25 p.p., até 4%, patamar em que deve permanecer pelo resto do primeiro semestre.Mesquita destaca que a inflação está em ritmo contido, ainda que possa ocorrer pressões de curto prazo devido a preços de alimentos, sobretudo da carne. "Mas deve ser pontual e não deve ser suficiente para motivar uma alteração no plano de voo do Banco Central", diz.

Apesar de enxergar a estabilização da dívida pública já neste ano, também devido aos juros baixos, o Itaú espera que o Brasil só volte a ter superávit primário nas contas públicas a partir de 2022.

Segundo eles, houve desde o governo Temer, em 2016, a interrupção de uma tendência de crescimento do Estado que fez os gastos públicos atingirem uma taxa real média de 6% anuais por quase 20 anos.

"A economia brasileira interrompeu em 2016 um paradigma em seu regime fiscal. É um país altamente endividado, tributado, a qualidade dos impostos é ruim e isso vem numa tendência bastante estabelecida de crescimento do gasto público", diz Mesquita.

A previsão de Pedro Schneider, economista do banco e especialista em contas públicas, é que os avanços da agenda legislativa até o fim deste ano fiquem focados na agenda microeconômica, como marco regulatório do saneamento básico e reforma das PPPs e concessões.

As propostas fiscais de Paulo Guedes apresentadas recentemente ficariam para o primeiro semestre do ano que vem, com maior chance de aprovação da PEC do Pacto Federativo pelo interesse de estados e municípios em receber recursos.

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