Onze vezes em que Meirelles errou sobre a Previdência
Desde o início do ano, o ministro promete a aprovação de mudanças na Previdência. Até agora, não acertou nenhuma. Ele está enganando ou sendo enganado?
Gian Kojikovski
Publicado em 27 de outubro de 2017 às 15h20.
Última atualização em 27 de outubro de 2017 às 16h22.
Desde que assumiu a presidência, em maio de 2016, Michel Temer acumula promessas de reformas. Algumas foram de fato entregues, como a trabalhista (embora com inúmeras incertezas a resolver).
Mas a mais importante delas, a da Previdência , vendida como a salvação para as contas públicas, virou uma das lendas urbanas de Brasília.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles , é o grande porta-voz da reforma fundamental para cobrir os sucessivos déficits do país.
O problema é que desde que o texto foi enviado ao Congresso, em dezembro de 2016, todas a previsões de Meirelles deram com os burros n’água. Em defesa do ministro, as duas denúncias contra Michel Temer atrapalharam toda a pauta do Congresso.
“Até agora, o ministro contou com a instabilidade política para não ser obrigado a cumprir com a promessa que faz de votar a reforma sempre no próximo mês”, diz Juliano Griebeler, diretor de relações governamentais da consultoria Barral M Jorge.
Para ele, a tática de Meirelles é manter a discussão quente no Congresso e na opinião pública e também usá-la como argumento para as medidas de redução de despesas e contingenciamento de gastos que o governo tem feito.
Na quinta-feira, depois de a denúncia contra Temer ser rejeitada e destravar a pauta da Câmara, Meirelles voltou a afirmar que a reforma sai até o fim do ano.
Mas o mercado não comprou: o Ibovespa caiu com a descrença dos investidores de que a reforma venha a ser aprovada ainda em 2017.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já admite que pode não ser possível que ela seja aprovada da maneira que o governo pretendia, já que a reforma completa precisa de 308 votos por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição.
Em paralelo, ele trabalha com mudanças que sejam possíveis por meio de projetos de lei, que são de mais fácil tramitação.
Enquanto isso, Meirelles continua batendo o pé numa reforma da Previdência com P maiúsculo. A seguir, 11 vezes em que previsões da aprovação da reforma da Previdência não saíram como o esperado – e, para fechar a lista, a mais recente previsão do ministro.
1 – Ainda em dezembro do ano passado, com o Congresso em recesso, Meirelles disse que a reforma da Previdência era a “prioridade número 1 em 2017”, segundo reportagem doO Estado de S. Paulo
2 – Em março, o ministro avisou que se a reforma não fosse completa, era melhor não fazer nada. Hoje, sabemos que, se aprovada, ela será muito diferente da proposta pelo governo. Reportagem:O Estado de Minas
3 – No mesmo dia, oito de março, Meirelles disse esperar que a reforma fosse aprovada pela Câmara ainda em abril.Reportagem: R7
4 – Oito dias depois, a previsão mudou para maio, segundo reportagem da VEJA
5 – Em abril, “uma ou duas semanas de atraso” não fariam diferença – passaram-se 27 semanas desde então e nada. Reportagem:Folha de S. Paulo
6 – No dia 16 de maio, um dia antes da delação de executivos da J&F e da gravação da conversa entre Joesley Batista e Temer virem à tona, Meirelles estava esperançoso para maio. Reportagem:Agência Brasil
7 – Logo depois, disse que a reforma passaria mesmo sem o chefe, segundo reportagem deExame.com. Como se sabe, Temer continua, mas a reforma, até agora, não veio
8 – Em junho, mais uma vez, a promessa era de que a aprovação viria ainda naquele mês. Reportagem:Época Negócios
9 – Mas poderia ser também em agosto, segundoO Estado de S. Paulo
10 – Em agosto, a previsão foi jogada para o mês seguinte, setembro. Reportagem:O Estado de S. Paulo
11 – E em setembro, foi transferida para outubro, segundo o jornalFolha de S. Paulo
Agora, o ministro crê na aprovação em novembro, mas o mercado já não acredita mais em Meirelles. E você? Reportagem:Exame.com