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Desvalorização do dólar em;setembro é a segunda maior em 39 anos

De 1º de setembro até ontem, o dólar Ptax para venda apresentava uma desvalorização de 2,51%

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h57.

O aquecimento da economia, a calma no cenário político e, principalmente, as novas captações de recursos do Brasil no exterior fizeram o dólar Ptax (cotação média da moeda ao longo de um período de tempo) para venda se desvalorizar 2,51% entre 1º de setembro e ontem (29/9). Segundo a Economática, empresa especializada em análise de ativos, essa é a segunda maior desvalorização nominal da moeda americana para um mês de setembro nos últimos 39 anos.

A consultoria assinala também que em apenas outras duas ocasiões (em 1994 e 2004), o dólar fechou um mês de setembro em queda. O maior recuo aconteceu em 1994, quando a moeda americana perdeu 4,05% de seu valor frente ao real. "A desvalorização reflete a situação de estabilidade macroeconômica e a queda do risco-país", afirma Einar Rivero, coordenador da Economática para a América Latina.

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A entrada de novos recursos externos foi um dos fatores que mais aliviaram a pressão sobre a moeda americana. Embora a emissão externa tenha caído 48,58% até agosto, totalizando 7,952 bilhões de dólares entre títulos públicos e privados, as últimas semanas trouxeram sinais de que os investidores estrangeiros estão mais interessados no país. O primeiro é o sucesso das duas emissões em euros realizadas em setembro (uma de 750 milhões, no início do mês, e outra de 250 milhões, na semana passada), com as quais o governo brasileiro encerrou o programa de captações externas traçado para 2004, que soma 5,5 bilhões de dólares. As captações privadas também foram bem-sucedidas. O Unibanco, por exemplo, obteve 100 milhões de dólares, com papéis de sete anos, neste mês.

O segundo é a elevação da nota, pelas agências de classificação de risco, tanto dos papéis da dívida soberana, quanto de companhias privadas brasileiras. A Standard&Poors foi uma dela. Nas duas últimas semanas, a agência aumentou a nota dos papéis da dívida pública brasileira de B+ para BB-. O mesmo foi feito para os papéis de nove bancos do país.

Benefícios nos balanços

Tudo isso deve se refletir de modo positivo na safra de balanços das companhias brasileiras, referentes ao primeiro semestre, que devem ser publicados a partir de outubro. "A desvalorização do dólar reduzirá a pressão das dívidas atreladas a moedas estrangeiras na contabilidade das empresas", afirma Rivero.

As companhias que operam com insumos e matérias-primas importadas também deverão exibir números mais positivos, devido à queda do dólar. "No geral, o resultado será alentador do ponto de vista operacional", diz. Em compensação, Rivero observa que as empresas exportadoras poderão apresentar resultados mais fracos que os do início do ano.

Com a desvalorização de setembro, o dólar Ptax para venda apresenta queda acumulada de 7,96% entre 30/6 e 29/9. Conforme a Economática, é o quinto maior recuo nominal da moeda americana, na comparação com todos os trimestres, nos últimos 40 anos. Nesse período, somente 11 trimestres apresentaram queda do dólar. A maior foi registrada no terceiro trimestre de 1994 (-14,70%). A quarta maior aconteceu no quarto trimestre de 2002 (-9,28%).

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