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Déficit comercial do setor químico mostra economia aquecida

Indústria química converge interesses de Brasil e Argentina, não teme nem Alca nem UE e encara déficits como um bom sinal para a economia

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h51.

O Brasil é um país essencialmente importador de produtos químicos. O setor registra déficit anual superior a 5 bilhões de dólares há anos e deve aprofundá-lo em 2004. Mas, segundo João Batista de Paula, presidente da trading SAB Company, trata-se de um exemplo típico da importação indicativa de crescimento econômico, pois expressa uma relação direta com a atividade de setores diversos de produção. Comparando apenas o primeiro semestre deste ano com o mesmo período de 2003, o déficit comercial aprofundou cerca de 50%, ficando em -3 bilhões de dólares.

Em 2004, as compras de produtos químicos estrangeiros devem responder por 23% do total das importações. Elas superam as exportações em quase todos os principais segmentos - químicos orgânicos, fármacos e medicamentos. A exceção é o ramo da perfumaria, com crescimento de 136% dos embarques entre 1998 e 2003 e balança superavitária a partir de 2002. No entanto, os volumes financeiros movimentados ainda são pequenos (em 2003 as exportações foram pouco superiores a 50 milhões de dólares).

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Já as importações de adubos e fertilizantes, refletindoa expansão do agronegóciocresceram 80% no mesmo período, enquanto as de produtos farmacêuticos avançaram 25%. Tomando por base os números de 2003, adubos e fertilizantes contribuem com 27% do déficit e produtos farmacêuticos com 21%.

Mercosul

O setor químico é um dos poucos, se não o único, em que não se observam choques de interesses entre Brasil e Argentina, afirma de Paula (leia reportagem da revista EXAME sobre as constantes disputas com os vizinhos). De acordo com relatório preparado pela SAB Company, é o setor com maiores possibilidades de complementação produtiva entre os dois países no ramo industrial. Enquanto a Argentina é superavitária em adubos e fertilizantes, produtos para fotografia e plásticos, o Brasil tem saldo positivo em produtos químicos orgânicos e inorgânicos, farmacêuticos, tintas e cosméticos. Com essa configuração, o comércio bilateral chegou ao recorde setorial de 1,9 bilhão de dólares em 2003.

Já as negociações para a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) ou com a União Européia (UE) não chegam a assustar. "Não temos muitos produtos com alta tarifa de importação, então não há receio de baixas drásticas de proteção", afirma de Paula. "Não deve ocorrer uma interferência muito grande."

Cosméticos

As maiores oportunidades de avanço, diz de Paula, estão na exportação de medicamentos genéricos (leia reportagem da revista EXAME sobre a exportação de genéricos brasileiros) e no aproveitamento do apelo de marketing dos óleos provenientes da região amazônica, para produtos de higiene e cosméticos. "Hoje exportamos esses produtos para cerca de 100 países. Até setembro, a expansão das vendas foi de 40%, e a previsão de crescimento anual é de 25% nos próximos três anos."

Segundo dados de 2000, o valor do mercado americano para produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, o maior do mundo (24,4% do total), correspondia a 47,6 bilhões de dólares. O maior país exportador era a França, com pouco menos de 6 bilhões em vendas. No mesmo ano, o Brasil exportou 73 milhões de dólares, ocupando o 28º lugar no ranking.

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