Economia

Decisão do FED de não reduzir QE3 foi "apertada"

Surpreendente decisão de não reduzir o estímulo foi "relativamente apertada" entre os integrantes do banco central norte-americano, de acordo com a ata


	Fachada do FED: decisão do Fomc desencadeou um rali nas bolsas de valores globais e derrubou o dólar
 (Mark Wilson/Getty Images)

Fachada do FED: decisão do Fomc desencadeou um rali nas bolsas de valores globais e derrubou o dólar (Mark Wilson/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2013 às 16h43.

Nova York/São Francisco - A surpreendente decisão do Federal Reserve de não reduzir o estímulo à economia dos Estados Unidos foi "relativamente apertada" entre os integrantes do banco central norte-americano, de acordo com a ata da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que também sugeriu que ainda há amplo apoio à redução das compras de títulos neste ano.

Desde a reunião do mês passado, a perspectiva de redução do estímulo tornou-se mais turva.

A batalha orçamentária em Washington atingiu um impasse e forçou a paralisação parcial do governo que começou neste mês, ameaçando o crescimento econômico e privando o Fed de dados econômicos oficiais para guiar as decisões.

A ata da reunião de 17 e 18 de setembro do Fomc, divulgada nesta quarta-feira, mostrou claramente que os integrantes preocuparam-se com a possibilidade de que a decisão de continuar comprando 85 bilhões de dólares em títulos ao mês prejudicasse a eficácia da comunicação com investidores, que amplamente esperavam uma redução.

Na conclusão da muito aguardada reunião, a decisão do Fomc desencadeou um rali nas bolsas de valores globais e derrubou o dólar.

"Para vários integrantes, as várias considerações tornaram a decisão de manter o ritmo de compras de ativos nessa reunião relativamente apertada", informou a ata sobre os 10 integrantes com poder de voto no Fomc.

Referindo-se ao grupo de 17 integrantes do Fed, a ata informou: "a maioria dos integrantes julgou que seria apropriado começar a reduzir o ritmo das compras de títulos de prazo mais longo do Comitê neste ano e concluí-las em meados de 2014".


Em junho, o chairman do Fed, Ben Bernanke, preparou os mercados para esperar um corte no "quantitative easing" (QE) quando afirmou que o banco central dos EUA esperava fazer a primeira medida ainda neste ano. Os yields (rendimentos) dos Treasuries, títulos de dívida pública norte-americana, ganharam fôlego nos meses seguintes, antecipando um corte em setembro.

A ata, que brevemente levou as ações norte-americanas às máximas da sessão nesta quarta-feira, informou que integrantes do Fed levantaram preocupações sobre "a eficácia da comunicação do Fomc caso o Comitê não adotasse essa medida".

Eles temiam que pode ser difícil explicar um corte ao QE3 "nos próximos meses na ausências de dados claramente mais fortes sobre a economia e rápida resolução das incertezas fiscais federais", mostrou a ata.

Após a reunião de setembro, Bernanke disse que o Fed queria ver mais evidências de sólido crescimento econômico antes de reduzir o ritmo de compra de títulos, que foi lançado há um ano e tem o objetivo de promover investimento, contratações e crescimento econômico. Bernanke também enfatizou que autoridades não estavam em um caminho pré-determinado para reduzir o programa ainda neste ano, mas apenas o fariam se o mercado de trabalho melhorar.

A ata, em tom seco, sublinhou a dificuldade dessa decisão.

Alguns integrantes destacaram dados econômicos mistos, baixa inflação e incerteza sobre a política fiscal para amparar sua preferência por "aguardar mais evidência de que sua expectativa de melhora contínua será realizada" antes de proceder com a redução nas compras de títulos.

Outros participantes da discussão, incluindo membros sem poder de voto, interpretaram os dados como consistentes com a melhora do mercado de trabalho, e pediram pequena redução nas aquisições de títulos para prosseguir com o plano sinalizado por Bernanke.

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