Economia

Crescimento econômico depende de agenda pública e privada

De um lado, o governo deve gastar menos e melhor, desbravar mercados externos e dinamizar o mercado de capitais via BNDES. De outro, as empresas devem abrir seu capital, adotar cultura de inovação e exportar. As conclusões são de seminário promovido p

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h02.

O governo deve fechar as torneiras (certas) do gasto público, buscar mercados externos e, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dinamizar o mercado de capitais. A parte das empresas é buscar financiamento neste mercado, modernizar-se (não só em termos de produtos, mas também de gestão) e exportar. Esta foi a estratégia apresentada  no seminário "Crescimento e Políticas Públicas" promovido nesta terça-feira (15/6) pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

"O ajuste fiscal tem sido sinônimo de aumento de impostos e corte do gasto público que é mais fácil de comprimir, que é o investimento", afirma José Guilherme Reis, consultor da Fiesp. Com uma despesa pública acima dos 40% do Produto Interno Bruto (PIB), sem considerar as empresas estatais, o Brasil gasta o dobro do México. O desafio, afirma Reis, é dar fôlego ao investimento público e criar um mecanismo semelhante à Lei de Responsabilidade Fiscal, para conter e depois reduzir os gastos correntes, aqueles destinados à manutenção do dia-a-dia da máquina de governo.

No front privado, deve-se buscar um novo modelo de financiamento que rompa com a dependência do BNDES e da taxa de câmbio para impulsionar as exportações. "Para o setor industrial o fundamental é o mercado de capitais", diz Lídia Goldenstein, também consultora da Fiesp. "Não se pode transpôr mecanicamente o modelo da agricultura, que tem financiamento em moeda forte, pela tradicional inserção internacional." Segundo Lídia, com esse hedge natural, a agricultura se defendeu do sobe-e-desce que persegue as indústrias brasileiras. Mas não se contentou com isso, investindo em inovação. "Um frango tem mais tecnologia embutida do que uma tonelada de aço", afirma Lídia.

Receitas

Como a disputa por financiamento no mercado de capitais se resolve de forma transparente, pelo desempenho, diz ela, cria-se desse modo "um poderosíssimo instrumento para a empresa se reestruturar e se tornar inovadora" . Embora apontando uma certa impotência do BNDES, mencionando que "os 30 ou 40 bilhões de reais do BNDES são muito pouco para o que a gente precisa", Lídia defende que o mercado de capitais pode ser "facilmente dinamizado" pelo banco estatal, caso atue como certificador das operações, parceiro dos fundos de pensão e promotor de títulos secundários.

Voltando ao lado público da equação do crescimento, Reis sugere como saída realista uma opção pelo gradualismo. "O caminho é uma guerra de trincheiras para abrir espaço aos poucos." A trilha proposta por Reis para reduzir a despesa como proporção do PIB, em primeiro lugar, é neutralizar a tendência de crescimento dos gastos correntes, o que envolve nova carga de reforma previdenciária, incluindo desta vez limite de idade para o regime geral e incentivos para formalizar o mercado de trabalho. Em segundo lugar, reduzir o grau de vinculação e, finalmente, os próprios gastos. Ficaria aberta, assim, a janela de oportunidade para uma verdadeira reforma tributária. 

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