Copom enxerga espaço para novos cortes de juros
Comitê do Banco Central afirma que a margem para novas reduções se consolida "de forma natural"
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h29.
Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom), reunidos nos dias 17 e 18 de outubro decidiram manter a "parcimônia", com relação à taxa básica de juros (Selic), fixada em 13,75% ao ano. De acordo com o relatório divulgado nesta quinta-feira (26/10), o comitê acredita que o espaço para a redução dos juros continuará se consolidando de forma natural, com a manutenção do cenário positivo para a inflação.
O Copom afirma que a política monetária atual tem contribuído para conter as pressões inflacionárias de curto prazo. A inflação calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulada em 2006, chegou a 2%, o que é pouco mais da metade dos 3,95% registrados no mesmo período de 2005. Já o valor acumulado dos últimos 12 meses se reduziu de 5,7% em janeiro, para 3,7% em setembro, o menor nível desde que o regime de metas para a inflação foi introduzido em 1999. O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) desacelerou-se de 0,35% no segundo trimestre para 0,27% no terceiro. A variação positiva foi de 2,11% nos nove primeiros meses de 2006, comparada a 0,19% verificada no mesmo período do ano passado.
A expansão das importações também contribuiu para o processo de redução da inflação, segundo o Copom. O órgão acredita que mesmo que se consolide um ambiente de menor liquidez global com um eventual aumento das taxas de juros dos Estados Unidos, o cenário ainda é favorável para a economia brasileira. Na avaliação dos membros, o país está mais resistente a choques externos, graças a recomposição das reservas internacionais, a melhora do perfil da dívida pública interna, a redução da inflação e a geração de superávits primários adequados.
Outros fatores vistos como positivos pelo Copom foram o crescimento da produção industrial de 2,8% nos primeiros oito meses do ano em 65% de todas as atividades da indústria, o crescimento das vendas no comércio varejista e a expansão de 7,4% no segmento de bens de capital, de 3,4% na produção de bens intermediários e 2,1% na indústria de bens de consumo. Para o comitê, o resultado reflete a recuperação da renda real e a expansão do volume de crédito na economia. O órgão pretende, agora, aguardar a consolidação da estabilidade macroeconômica até o próximo encontro, em novembro, para definir estratégias futuras de política monetária.