Copom considerará inflação e perfil do crescimento, diz analista
Única possibilidade de corte antes do final do ano, diz economista do Banco Pátria, é uma valorização do real sustentada por tempo suficiente para alterar as expectativas
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h28.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) encerra sua reunião mensal anunciando nesta quarta-feira (21/7) qual será o patamar de juro básico vigente pelos próximos 30 dias. "Não há espaço para corte", afirma Renata Heinemonn, economista do Banco Pátria, seguindo a opinião praticamente unânime do mercado: manutenção da Selic em 16% ao ano.
Ela aponta dois fatores que determinam esta imobilidade. Primeiro, as expectativas para a inflação, "um dado fundamental do sistema de metas". Para Renata, a apreciação do câmbio não foi suficiente para conter as contínuas projeções de alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o termômetro oficial de inflação. "Mesmo com a moeda se valorizando nas duas últimas semanas, de 3,10 para 3 reais por dólar, as expectativas continuam subindo aceleradamente."
O segundo item para o qual Renata chama atenção é a composição da recuperação econômica. "Os componentes da demanda estão escalando, sem acompanhamento dos componentes de oferta", diz. Avançam as vendas do varejo e o consumo de bens semi e não-duráveis, mais ligado à recuperação da massa salarial, enquanto a importação de bens de capital e o aumento da capacidade instalada via investimentos não segue no mesmo ritmo.
O Banco Pátria projeta para o final de 2004 um IPCA de 7,1%, câmbio a 3,20 reais por dólar e taxa Selic em 16% ao ano. Segundo Renata, a única possibilidade de retomada de cortes da taxa seria um câmbio abaixo de 3 reais por dólar. "Isso, desde que ocorresse durante um período longo, suficiente para mexer nas expectativas de inflação."