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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h49.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou hoje (19/5) a manutenção da taxa de juros básica da economia (Selic) em 16% ao ano. A decisão foi tomada por seis votos a três, e a redução decidida foi sem viés, ou seja, o nível só poderá ser alterado no final da próxima reunião, entre os dias 15 e 16 de junho.
Na avaliação de Marcelo Mattos, ex-diretor do Banco PNB Paribas e administrador de carteira do grupo Destak, ainda que dividido sobre a questão, o mercado não vai reagir bem ao resultado. "O mercado não vai gostar. Se o Copom fosse purista, olhando apenas a inflação, teria espaço para baixar." Ressalvando a autonomia do Banco Central, Mattos menciona que às vésperas do encerramento da reunião do Copom autoridades do governo afirmavam que o aumento da gasolina não era necessário porque não viam crise à frente. "Agora, o BC passa um certo medo de crise."
Dalton Gardimam, economista-chefe do banco Credit Lyonnais Brasil, concorda com a decisão do Copom. "As variáveis, como dólar e risco-país, deterioraram. Uma ata de corte seria difícil de escrever." Para ele, o argumento de que o comitê passa insegurança mantendo a Selic não faz sentido. "O mandato do BC é muito específico, é olhar a inflação, e não ouvir o raciocínio de terceiros. Se ouvisse, já teria cortado juros no passado."
Em nota à imprensa, o Copom afirma que "dada a volatilidade recente, é recomendável que a autoridade monetária atue de forma prudente para evitar que essa volatilidade de curto prazo venha a ter efeitos duradouros sobre as variáveis domésticas, não justificáveis pelos sólidos fundamentos da economia".
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo divulgou em nota que a decisão "deve causar nova deterioração nas expectativas de investidores e consumidores", mas reconhece que "a reunião ocorreu em ambiente de elevada incerteza sobre o comportamento futuro de alguns preços chaves para a economia, seja o valor de nossa moeda seja a cotação dos derivados de petróleo". A entidade reclama que o BC se recusa a utilizar a flexibilidade que o regime de metas lhe permite. "A meta não é um ponto, mas um intervalo, e este espaço de manobra deve ser usado em situações como a atual." A congênere carioca, a Firjan, afirmou que os índices mensais de inflação refletem apenas aumentos pontuais de preços e que "espera que os impactos negativos da manutenção da Selic sobre o crescimento sejam compensados por maior agilidade na execução de uma agenda microeconômica", como a definição dos marcos regulatórios.
A Federação do Comércio do Estado de São Paulo divulgou comunicado em que afirma que "por seu histórico de cautela e austeridade, já era esperado que o Banco Central mantivesse a taxa Selic em 16%". Mas a entidade registra sua discordância da decisão "por acreditar que diversos fatores conjunturais, como a inflação acumulada em 12 meses abaixo da meta, davam espaço para um corte de, no mínimo, 0,5 ponto percentual".
2004 | |
Maio | 16% ao ano |
Abril | 16% ao ano |
Março | 16,25% ao ano |
Fevereiro | 16,5% ao ano |
Janeiro | 16,5% ao ano |
2003 | |
Dezembro | 16,5% ao ano |
Novembro | 17,5% ao ano |
Outubro | 19% ao ano |
Setembro | 20% ao ano |
Fonte: BC
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