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China tem dúvidas sobre acordo de longo prazo com Trump, dizem fontes

País asiático continua preocupado com o temperamento impulsivo de Donald Trump e com o risco de que o presidente do EUA mude de ideia

Trump e Xi Jinping (foto de arquivo): autoridades chinesas estão em Pequim para importante reunião política (Pool / Equipe/Getty Images)

Ligia Tuon

Publicado em 31 de outubro de 2019 às 11h25.

Autoridades chinesas estão em dúvida sobre a possibilidade de fechar um acordo comercial de longo prazo com os Estados Unidos, mesmo quando os dois lados estão perto de assinar a “primeira fase” do pacto.

Em conversas privadas com representantes que foram a Pequim e outros interlocutores nas últimas semanas, autoridades chinesas alertaram que não pretendem tocar em questões mais espinhosas, segundo pessoas a par do assunto.

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A China continua preocupada com o temperamento impulsivo de Donald Trump e com o risco de que o presidente do EUA mude de ideia em relação ao limitado acordo que os dois lados dizem estar dispostos a assinar nas próximas semanas.

Autoridades chinesas estão em Pequim para uma importante reunião política que deve ser concluída na quinta-feira.

Nas reuniões que antecederam o plenário, alguns membros do governo revelaram baixas expectativas de que futuras negociações possam resultar em algo significativo - a menos que os EUA estejam dispostos a reverter mais tarifas.

Em alguns casos, pediram aos representantes americanos que levassem essa mesma mensagem de volta a Washington, disseram as pessoas.

O presidente do Chile, Sebastian Piñera, criou outro obstáculo quando anunciou na quarta-feira que o país havia cancelado a cúpula de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico, programada para 16 e 17 de novembro - onde Trump e o presidente chinês Xi Jinping planejavam se encontrar -, por causa da agitação social no país.

Um porta-voz da Casa Brancadissena quarta-feira, após a notícia do cancelamento, que o governo continua comprometido em “finalizar a primeira fase do histórico acordo comercial com a China no mesmo prazo”.

Esse primeiro passo, segundo o governo Trump, deve levar a um acordo mais abrangente, envolvendo reformas econômicas mais substanciais do que aquelas contidas na fase inicial.

Mas autoridades chinesas são céticas, dizendo que isso exigiria que os EUA eliminassem tarifas de cerca de US$ 360 bilhões em importações da China - algo que Trump não estaria disposto a fazer, segundo muitas pessoas.

As pessoas com conhecimento da posição da China disseram que nem todas as tarifas precisam ser removidas imediatamente, mas devem fazer parte da próxima etapa.

A China também quer que Trump cancele uma nova onda de impostos de importações, que entrará em vigor em 15 de dezembro, sobre itens de grande demanda entre consumidores americanos, como smartphones e brinquedos, como parte do acordo da primeira fase, disseram as pessoas.

Pequim está aberta e disposta a continuar as negociações após uma fase inicial, mas ambos os lados reconhecem que será muito difícil chegar a um acordo sobre as profundas reformas estruturais exigidas pelos EUA, disse uma autoridade chinesa a par das negociações.

Pressão tarifária

Até agora, o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, que não quis comentar, tem sido inflexível na manutenção de tarifas sobre US$ 250 bilhões em mercadorias chinesas - impostas no início da guerra comercial - a longo prazo, como forma de fazer cumprir os compromissos assumidos pela China.

O Ministério do Comércio da China não respondeu imediatamente a um fax solicitando comentários sobre as negociações comerciais. Mas um ex-membro do governo chinês diz que ainda pode haver um longo caminho pela frente.

“Se houver muitas demandas dos EUA, como insistir nas chamadas mudanças estruturais que alterarão o modelo econômico da China, o acordo completo talvez não seja concluído durante o primeiro mandato de Trump”, disse Zhou Xiaoming, ex-funcionário do Ministério do Comércio.

“Fora isso, a China quer fechar um acordo o mais rápido possível”, embora um pacto completo inclua a remoção de todas as tarifas punitivas, disse.

(Com a colaboração deMiao HaneZoe Schneeweiss)

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