Economia

China está "cautelosamente" otimista sobre acordo comercial com EUA

Novo possível obstáculo para que os países entrem em acordo surgiu depois de comentários do vice-primeiro-ministro chinês em jantar

Liu He Photographer, vice-premiê chinês. em reunião com Trump em Washington. Outubro de 2019 (Andrew Harrer/Bloomberg)

Liu He Photographer, vice-premiê chinês. em reunião com Trump em Washington. Outubro de 2019 (Andrew Harrer/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 21 de novembro de 2019 às 14h25.

O líder das negociações comerciais da China indicou que está “cautelosamente otimista” sobre a possibilidade de fechar um acordo na chamada “fase um” com os Estados Unidos.

O vice-primeiro-ministro da China, Liu He, fez os comentários durante discurso em Pequim na quarta-feira, antes do início do Fórum da Nova Economia organizado pela Bloomberg, segundo pessoas que compareceram ao jantar, mas que não quiseram ser identificadas. O vice-primeiro-ministro chinês também pediu que o principal negociador comercial dos EUA vá até a China com o objetivo de dar continuidade às negociações este mês, um convite que até agora não foi aceito.

Durante discurso no Fórum na quinta-feira, o ex-Secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, disse que o governo americano e a China estavam à beira de uma “Guerra Fria” e alertou que o conflito poderia ser pior que a Primeira Guerra Mundial caso não seja contido. O ex-secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, também alertou para os perigos de distanciamento entre as duas maiores economias do mundo.

Desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou o acordo da fase um, há um mês, os mercados têm sido sacudidos por comentários de ambos os lados, primeiro indicando progresso e, depois, o oposto.

O novo possível obstáculo surgiu depois dos comentários de Liu durante o jantar. A Câmara dos Deputados dos EUA aprovou por 417-1 uma legislação que apoia os manifestantes de Hong Kong, que já foi aprovada por unanimidade pelo Senado. Trump poderia assinar o projeto de lei ainda na quinta-feira, disse uma pessoa a par do assunto.

Liu também explicou os planos da China para modernizar estatais, abrir o setor financeiro e reforçar direitos de propriedade intelectual - questões que estão no cerne das demandas dos EUA para mudanças no sistema econômico da China. Em outro momento durante o jantar, Liu disse a um dos participantes que estava “confuso” sobre as demandas dos EUA, mas ainda confiante de que a primeira fase do acordo poderia ser concluída.

Os negociadores comerciais dos EUA e da China continuarão trabalhando rumo a um acordo da fase um, disse o porta-voz do Ministério do Comércio, Gao Feng, durante conferência em Pequim na quinta-feira. Respondendo a perguntas, incluindo se os dois lados concordaram em compras agrícolas e remoção de tarifas, bem como uma reportagem da mídia sobre o cronograma de um acordo, Gao disse que os rumores não são precisos. Ele não especificou os pontos aos quais estava se referindo.

Se os esforços para chegar a um acordo da fase um fracassarem antes de 15 de dezembro, Trump ameaçou impor tarifas de 15% sobre cerca de US$ 160 bilhões em importações da China.

Embora o projeto de lei de Hong Kong seja um fator negativo para o acordo da primeira fase, a China ainda poderia fechar um pacto com os EUA este ano, disse Zhang Yansheng, que anteriormente trabalhou na Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, a principal agência de planejamento econômico do país.

Acompanhe tudo sobre:BloombergChinaEstados Unidos (EUA)Guerras comerciais

Mais de Economia

Salário mínimo 2025: por que o valor será menor com a mudança de regra

Salário mínimo de R$ 1.518 em 2025 depende de sanção de nova regra e de decreto de Lula

COP29 em Baku: Um mapa do caminho para o financiamento da transição energética global

Brasil abre 106.625 postos de trabalho em novembro, 12% a menos que ano passado