Caracas - A histórica base aérea La Carlota, situada no coração de Caracas, se transformará, por decisão do presidente Hugo Chávez, em um parque no qual deverá ser construído um circuito urbano de Fórmula 1.

Em vez de aviões, pássaros; em vez de hangares, cinco mil árvores; em vez de helicópteros, um centro de convenções; e em vez de militares, pilotos de Fórmula 1. Essa é a ideia na qual trabalha o Governo venezuelano para transformar a base aérea Generalísimo Francisco de Miranda (La Carlota) em um novo espaço verde.

Desde sua inauguração, o local foi usado de várias maneiras diferentes, mas sempre se mantendo como base alternativa ao aeroporto principal de Maiquetía.

Em 1958, foi a via da fuga do ex-ditador Marcos Pérez Jiménez; em 1992, militares rebeldes enfrentaram forças leais ao ex-presidente Carlos Andrés Pérez; em 1996, acolheu uma missa do papa João Paulo; e em 2010 chegou a funcionar como abrigo para pessoas afetadas pelas chuvas.

A proposta de construir ali um parque foi lançada por Chávez em 15 de julho do ano passado como um "presente" à capital venezuelana.

Na época, Chávez batizou o novo espaço de Parque Bolívar, em homenagem ao prócer independentista que emprestou o nome a sua autodenominada revolução, e propôs uni-lo ao parque dedicado ao também prócer Francisco de Miranda, uma joia paisagística desenhada há 51 anos pelo brasileiro Roberto Burle Marx.

"Estou empenhado em presentear Caracas com outro parque, um parque grande", disse em julho o presidente, deixando a obra nas mãos do Escritório Presidencial de Planejamentos e Projetos Especiais (OPPPE).

Desde então, o plano foi ganhando forma até se projetar em La Carlota, um imenso parque onde confluirão áreas verdes, quadras esportivas, um centro tecnológico, um abrigo para crianças, um inédito centro de convenções e até um circuito urbano para Fórmula 1, tudo isso com previsão de entrega em 2016.

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O encarregado de coordenar o projeto do novo parque, o ministro de Estado para a Transformação Revolucionária da Grande Caracas, Farruco Sesto, confirmou à Agência Efe que o Governo estuda aproveitar uma parte do parque para "um eventual circuito de tipo urbano" que possa abrigar corridas automobilísticas.

Sesto assegurou que o Executivo já conversou sobre o projeto com autoridades da Fórmula 1 no ano passado, embora não tenha especificado com quem, e disse que, de fato, o Governo está desenvolvendo o asfalto do parque "com todos os requisitos que devem ter circuitos desse tipo".

"Não cometeremos nenhum erro em termos técnicos", disse o ministro, ao especificar que a pista não acrescentará nenhum custo adicional ao investimento inicial de 100 milhões de bolívares (US$ 23 milhões) previstos para o parque.

"Além disso, nós agora temos esta conexão com Pastor Maldonado", apontou o ministro, referindo-se ao piloto venezuelano da escuderia Williams, patrocinado pela estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) e que recentemente conquistou a primeira vitória automobilística de seu país.

O diretor do projeto, o arquiteto Lucas Pou, detalhou à Efe que o parque tem "a largura de pista e o comprimento de 4,5 quilômetros" requeridos pela Fórmula 1.

"Pensamos que a Venezuela poderia ser a sede de um Grande Prêmio do Caribe", assinalou o arquiteto.

"Em Mônaco, no meio de uma cidade, é possível fazer. Isso mostra que esse é um lugar que pode ser perfeitamente controlado", disse Pou, ao ressaltar que sua equipe manteve contatos com várias personalidades ligadas ao mundo do automobilismo, como Jaime Nogué, que projetou o Circuito da Catalunha.

Em maio passado, funcionários do Governo começaram a trabalhar na conexão que o novo Parque Bolívar terá com outro grande espaço verde, o Francisco de Miranda, com um cronograma que esperam concluir no final de 2016, sempre partindo da base de que Chávez conseguirá emplacar sua terceira reeleição consecutiva em outubro.

Enquanto isso, o Governo prevê que nos próximos meses instituições como a Guarda Nacional Bolivariana (GNB), que tem vários hangares em La Carlota, irão se transferir para "outros lugares", segundo Sesto.

O aeroporto parece ter os dias contados, embora o Governo venezuelano tenha decidido manter a pista de aterrissagem para eventuais catástrofes naturais.