Brasileiro nunca investiu tanto lá fora; US$61 bilhões só em 2021, diz BC
Segundo o Banco Central, total de investimentos financeiros fora do país entre janeiro e agosto de 2021 teve alta de 44% em relação ao fim de 2020
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de outubro de 2021 às 17h36.
Última atualização em 22 de outubro de 2021 às 10h40.
O dinheiro dos brasileiros está migrando cada vez mais para o exterior. Antes, o investimento além das fronteiras se resumia a compras de moeda, de ações listadas fora do país ou de uma casa em Miami, mas esse portfólio se sofisticou.
Entre os fatores que pesam nesse movimento estão a trajetória de queda dos juros (interrompida neste ano) e a recente instabilidade política. Segundo o Banco Central, o total de investimentos financeiros fora do país somou US$ 61,6 bilhões de janeiro a agosto, alta de 44% em relação ao fim de 2020. Nem o dólar valorizado esfriou essa procura por segurança.
“Investir no exterior deixou, há muito tempo, de ser uma proteção cambial. É uma diversificação”, diz o responsável pela área de gestão de fortunas do BTG Pactual, Rogério Pessoa. Segundo ele, apesar de o mercado brasileiro estar a cada dia mais sofisticado, os EUA oferecem um leque de produtos muito maior. Hoje, o banco recomenda aos clientes muito ricos - com mais de R$ 10 milhões para investir - uma alocação de 30% no exterior. A média para esse público, atualmente, está entre 15% e 20%.
Embora momentos turbulentos, como o da crise política, incentivem as pessoas a olhar para fora, o executivo do BTG diz que investimento sempre requer calma. “O importante, no fim do dia, é ter um portfólio balanceado.”
O Itaú Unibanco tem hoje cerca de 27% do patrimônio de seus clientes aplicados fora do Brasil. O diretor do Itaú Private Bank, Felipe Nabuco, diz que esse porcentual vem subindo por razões óbvias. “Nos últimos dez anos, o mercado internacional teve um desempenho bem melhor do que o daqui.”
A corretora americana Avenue, por sua vez, bateu recorde de novas contas e hoje tem 350 mil clientes no Brasil. “Hoje, o pequeno investidor pode ter acesso às mesmas opções da alta renda”, explica o sócio Alexandre Artmann.