Brasil vai precisar até de ISO 9002 para conquistar a África do Sul
Apesar de enxergar o mercado comprador sul-africano como promissor, o Brasil terá de conquistar posições já ocupadas pela União Européia, Ásia e América do Norte. A América do Sul empata, em quarto lugar, inclusive com o restante do continente africano. Para ampliar a sua participação dos atuais 2% do mercado sul-africano, o Brasil quer acelerar […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h29.
Apesar de enxergar o mercado comprador sul-africano como promissor, o Brasil terá de conquistar posições já ocupadas pela União Européia, Ásia e América do Norte. A América do Sul empata, em quarto lugar, inclusive com o restante do continente africano. Para ampliar a sua participação dos atuais 2% do mercado sul-africano, o Brasil quer acelerar as discussões sobre o livre comércio entre o Mercosul e a União Aduaneira dos Países da África Austral (Sacu). A União Européia é responsável por 38% das exportações, e a Ásia, 33%. A América do Norte vem em terceiro lugar, com 13%.
Para os especialistas brasileiros, os empresários terão de dobrar o perfil exigente e acomodado do importador sul-africano, que dá preferência a parcerias já existentes. Entre as exigências estão o ISO 9002, certificado de qualidade, e aprovação da Europa. A qualidade do rótulo e do empacotamento, a confiabilidade de suprimento e entrega pontual são fatores dos quais eles não abrem mão.
"A escolha do agente certo e do distribuidor é a chave do sucesso para quem deseja entrar na África do Sul , afirma Duncan Bonnett, consultor da Whitehouse and Associates e um dos maiores especialistas do país em comércio exterior. Segundo ele, muitos representantes comerciais da África do Sul possuem grande leque de produtos. "As importadoras têm agências exclusivas e não sentem necessidade de encontrar parceiros potenciais. Além disso, todos os dias mercadores estão entrando no país na tentativa de furar o bloqueio , conta.
Os mercados de importação, exportação e varejo são dominados por um pequeno grupo de participantes em cada categoria. Setores tradicionais, como mineração, manufaturados, agriculturas, roupas e têxteis têm uma tradição grande de fornecedores locais e internacionais. Se o exportador brasileiro quer vender aqui, precisa visitar o mercado para apresentar o seu produto ao usuário final e aos distribuidores , aconselha o consultor, ao informar que o sul-africano não muda fácil de parceiro e precisa conhecer bem o interlocutor.
As metas de crescimento econômico anual da África do Sul, que ultrapassaram no final dos anos 90 a barreira dos 3%, de chegar a 5% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ajudam o Brasil a passar dos atuais US$ 1 bilhão para US$ 2 bilhões a corrente de comércio com o país até 2006.
Segundo informações da Agência Brasil, alguns setores do Brasil já têm presença garantida e perspectiva de ampliação das vendas. No caso da cerâmica, por exemplo, o Brasil ocupa o terceiro lugar, com 11% das exportações para a África do Sul. De acordo com o empresário e vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmicas e Revestimentos, João Oscar Bergstron, a perspectiva é que no próximo ano as vendas, hoje em US$ 5 milhões, ampliem em 50%. Membro da missão comercial organizada ao país pela Agência de Promoção das Exportações (Apex), Bergstron se disse impressionado com a demanda que encontrou em Johannesburgo e na capital Pretória. O governo está investindo na construção de casas populares e isso incentiva a construção civil. Em dez minutos, fechei negócio com uma grande loja de material de construção , comentou o empresário.
Outro setor que abre espaço para Brasil é o de couros e calçados. A indústria local de calçados está em constante declínio desde 1989, na década passada chegou a cair 61% , comenta Bonnett. Neste período o mercado vem sendo dominado pelas importações baratas provenientes da Ásia. A estimativa é que 75% das vendas de calçados constituem estoque importado, sendo a China o maior fornecedor, de onde saem 80% dos calçados. A outra porção é dominada pelos italianos, de preço e qualidade muito superiores aos chineses. Os brasileiros estão entrando no meio termo, apresentando produtos bem acabados e preços competitivos.
Segundo Raul Ludovich, presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos para Couros e Curtumes (Abramec), em dez anos as exportações de couro para a África do sul caíram 50%. Agora, o governo africano está dando um novo impulso. Trata-se de um setor que absorve muita mão de obra e há interesse do governo em incentivar , conta Ludovich. O couro importado pelo país é destinado basicamente aos calçados e estofados para automóveis. O governo sinalizou o interesse quando convidou, há três anos, lideranças do setor para fazer palestra sobre a experiência brasileira. Eles acham que o Brasil pode ser um grande parceiro , diz o empresário. As informações são da Agência Brasil.
Senac em Moçambique
Por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), o governo de Moçambique receberá um escritório móvel de aprendizagem comercial chamado de Carreta-Escola. A unidade contém sala com infra-estrutura para cursos profissionalizantes na área de turismo e hospitalidade.
É a primeira vez que uma carreta do SenacMóvel, um projeto criado em 1988, é enviada para outro país. O pedido foi feito pelo Ministro do Trabalho moçambicano, Mário Savene, ao Ministro do Trabalho brasileiro, Jacques Wagner.
A estação de aprendizagem de Turismo e Hotelaria que será enviada a Moçambique pela Lachmann Logística, uma empresa do Grupo Lachmann, pesa 13,5 toneladas e tem 14 metros de comprimento, 2,6 metros de largura e 4,05 metros de altura.
Na carreta, é possível ministrar cerca de 40 cursos, como emissão de bilhetes, guia de excursão, garçom, cozinheiro, barman, técnicas de confeitaria, cozinha internacional, porteiro e recepcionista de hotel, dentre outros.