Brasil tem de encarar seus pontos fracos, diz Economist
Revista destaca o risco de a melhor fase da prosperidade nacional ter ficado para trás; dar um salto a outro patamar de desenvolvimento requer reformas
Da Redação
Publicado em 18 de maio de 2012 às 19h30.
São Paulo - A tradicional revista inglesa The Economist dedicou duas matérias ao Brasil na edição desta semana, nas quais chama a atenção para o risco de a economia brasileira ter deixado para trás sua fase de maior pujança e dá um puxão de orelha no governo Dilma: já é hora de encarar de frente as fraquezas do país.
Uma das reportagens, intitulada 'A reação do Brasil', comenta que uma taxa de crescimento em torno de 3,5% neste ano pode parecer confortável, mas está abaixo do que o país poderia oferecer. O problema é que um quadro de maior pujança está cada vez mais distante. A revista afirma que algumas das fontes responsáveis pelo bom desempenho do PIB nos últimos anos estão se esgotando, como, por exemplo, o fornecimento de commodities para a China e o 'bônus' da revolução regulatória promovida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Além disso, há críticas para o fato de o país ter se tornado um lugar muito caro para fazer negócios, graças à elevada carga tributária, ao desperdício de dinheiro público e a leis descabidas.
Riscos – A reportagem relembra que a a economia brasileira expandiu-se 7,5 % em 2010, tornando-se a sétima maior do mundo. "O país acostumado a hiperinflação e calotes finalmente relaxou", diz. O tempo de comemoração, contudo, foi curto. Em 2011, o crescimento foi de apenas 2,7%, bem abaixo da faixa de 4,5% a 9% em que estão situados outros membros do grupo dos Brics. Para piorar, analistas reduzem dia após dia sua expectativas de crescimento para este ano. A Economist conclui que as recentes reduções de juros – tanto a taxa básica quanto as cobradas pelas instituições financeiras – até podem ajudar a economia, mas não muito, uma vez que os consumidores já estão superendividados e os bancos, apertados.
A revista destaca também o argumento do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo vem cortando tributos para ajudar a indústria e que a arrecadação segue em alta porque mais empresas estão se formalizando. Oferece também o contraponto ao citar Raphael de Cunto, sócio do escritório de advocacia Pinheiro Neto, que critica o governo. Para ele, o Planalto está muito mais empenhado em cobrar do que em simplificar, aumentando a carga tributária das empresas. Alguns economistas ouvidos pela Economist ressaltam também o indesejado aumento da intervenção do estado na economia. Joseph Harper, da Explorador Capital Menagement, diz que a Petrobras e a Vale preocupam-se hoje mais com os interesses do governo do que com seus acionistas minoritários.
Investimento – Diante de um quadro que se apresenta cada vez menos favorável, as velhas reformas tributária, fiscal, trabalhista, entre outras, mostram-se urgentes. A revista reconhece o esforço da presidente Dilma Rousseff em querer eliminar o déficit fiscal, além de elogiar os cortes de impostos para indústria, a privatização dos aeroportos e o ataque ao oligopólio bancário existente no país – uma das razões que explicam o fato de o Brasil ter um dos spreads mais altos do mundo. "Mas, mesmo assim, seus esforços são tímidos", afirma a revista.
A reportagem chama a atenção de seus leitores, contudo, para o fato de a presidente ser responsável por uma 'ingênua' política protecionista e para os sinais de que está disposta a se contentar com um crescimento abaixo de 4%. Assim, investidores já começam a olhar para outros mercados na América Latina que parecem mais promissores, como Peru, Colômbia e, em breve, o México.
Entretanto, a publicação também reconhece que algumas criticas em relação à economia brasileira são equivocadas e imprecisas. Há elogios para a reduzida taxa de desemprego, a elevação dos salários e a constatação de que os investimentos diretos estrangeiros em 2011 atingiram o recorde de 67 bilhões de dólares. A riqueza do Brasil é invejável, diz a Economist, e sua política é mais clara do que a de países como China, Índia e Rússia. Apesar dos problemas, o país vem mostrando a força de sua estabilidade econômica. Ainda assim, conclui a revista, "um pouco menos da mania Brasil seria salutar".
São Paulo - A tradicional revista inglesa The Economist dedicou duas matérias ao Brasil na edição desta semana, nas quais chama a atenção para o risco de a economia brasileira ter deixado para trás sua fase de maior pujança e dá um puxão de orelha no governo Dilma: já é hora de encarar de frente as fraquezas do país.
Uma das reportagens, intitulada 'A reação do Brasil', comenta que uma taxa de crescimento em torno de 3,5% neste ano pode parecer confortável, mas está abaixo do que o país poderia oferecer. O problema é que um quadro de maior pujança está cada vez mais distante. A revista afirma que algumas das fontes responsáveis pelo bom desempenho do PIB nos últimos anos estão se esgotando, como, por exemplo, o fornecimento de commodities para a China e o 'bônus' da revolução regulatória promovida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Além disso, há críticas para o fato de o país ter se tornado um lugar muito caro para fazer negócios, graças à elevada carga tributária, ao desperdício de dinheiro público e a leis descabidas.
Riscos – A reportagem relembra que a a economia brasileira expandiu-se 7,5 % em 2010, tornando-se a sétima maior do mundo. "O país acostumado a hiperinflação e calotes finalmente relaxou", diz. O tempo de comemoração, contudo, foi curto. Em 2011, o crescimento foi de apenas 2,7%, bem abaixo da faixa de 4,5% a 9% em que estão situados outros membros do grupo dos Brics. Para piorar, analistas reduzem dia após dia sua expectativas de crescimento para este ano. A Economist conclui que as recentes reduções de juros – tanto a taxa básica quanto as cobradas pelas instituições financeiras – até podem ajudar a economia, mas não muito, uma vez que os consumidores já estão superendividados e os bancos, apertados.
A revista destaca também o argumento do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo vem cortando tributos para ajudar a indústria e que a arrecadação segue em alta porque mais empresas estão se formalizando. Oferece também o contraponto ao citar Raphael de Cunto, sócio do escritório de advocacia Pinheiro Neto, que critica o governo. Para ele, o Planalto está muito mais empenhado em cobrar do que em simplificar, aumentando a carga tributária das empresas. Alguns economistas ouvidos pela Economist ressaltam também o indesejado aumento da intervenção do estado na economia. Joseph Harper, da Explorador Capital Menagement, diz que a Petrobras e a Vale preocupam-se hoje mais com os interesses do governo do que com seus acionistas minoritários.
Investimento – Diante de um quadro que se apresenta cada vez menos favorável, as velhas reformas tributária, fiscal, trabalhista, entre outras, mostram-se urgentes. A revista reconhece o esforço da presidente Dilma Rousseff em querer eliminar o déficit fiscal, além de elogiar os cortes de impostos para indústria, a privatização dos aeroportos e o ataque ao oligopólio bancário existente no país – uma das razões que explicam o fato de o Brasil ter um dos spreads mais altos do mundo. "Mas, mesmo assim, seus esforços são tímidos", afirma a revista.
A reportagem chama a atenção de seus leitores, contudo, para o fato de a presidente ser responsável por uma 'ingênua' política protecionista e para os sinais de que está disposta a se contentar com um crescimento abaixo de 4%. Assim, investidores já começam a olhar para outros mercados na América Latina que parecem mais promissores, como Peru, Colômbia e, em breve, o México.
Entretanto, a publicação também reconhece que algumas criticas em relação à economia brasileira são equivocadas e imprecisas. Há elogios para a reduzida taxa de desemprego, a elevação dos salários e a constatação de que os investimentos diretos estrangeiros em 2011 atingiram o recorde de 67 bilhões de dólares. A riqueza do Brasil é invejável, diz a Economist, e sua política é mais clara do que a de países como China, Índia e Rússia. Apesar dos problemas, o país vem mostrando a força de sua estabilidade econômica. Ainda assim, conclui a revista, "um pouco menos da mania Brasil seria salutar".