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Brasil precisa investir em acordos comerciais, dizem empresários

Em evento realizado nesta segunda-feira (8/11) pela Amcham, empresários afirmam que o país não dá a devida atenção à parceria comercial com outras nações

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h24.

Em 1950, o mundo possuía 80 países e nenhum acordo de livre comércio. Os desmembramentos de antigos países, como a União Soviética, elevaram esse número para 190 nações em 2002, que mantinham 350 acordos de livre comércio entre si (189 já ratificados e 154 em negociação). "Desse total, o Brasil participa de apenas dois relevantes: o do Mercosul e o da Aladi", afirma Sérgio Haberfeld, presidente do conselho da Câmara Americana de Comércio (Amcham). Segundo ele, esse retrato é uma medida de como o governo ainda desvaloriza a parceria com outros países.

"Não temos praticamente nenhum acordo comercial, porque o Mercosul está fazendo água e o Aladi nos rende muito pouco", diz. Atualmente, o país também ensaia a assinatura de um tratado de livre comércio com a União Européia, mas as divergências sobre a abertura de alguns setores, como o agrícola (por parte dos europeus) e o de serviços e compras públicas (pelo Mercosul), emperram o processo. Enquanto isso, o México possui 30 acordos, como o que o integrou ao Nafta (área de livre comércio da América do Norte), e o Chile já assinou 20, entre os quais um com os Estados Unidos.

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Assimetrias

Em alguns casos, como o do Mercosul, a dificuldade de operacionalização do bloco deve-se à diferença de porte entre as economias envolvidas (veja reportagem de EXAME a respeito). Essa é a avaliação de Alberto Joaquim Azuleta, diretor-presidente da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira de São Paulo. "O combate a essas assimetrias é necessário para evitar conflitos", afirma Azuleta, referindo-se ao recente episódio da disputa entre os dois países em relação aos eletrodomésticos de linha branca.

Para reduzir a distância econômica entre os dois países (e dos demais do Mercosul), Azuleta propõe que a agenda do bloco priorize a integração da infra-estrutura e do sistema energético dos integrantes, bem como a harmonização dos padrões técnicos e fitossanitários.

A sugestão é que se enfatize a assinatura de acordos entre as cadeias produtivas de alguns setores industriais. O objetivo é determinar em que trechos dessas cadeias os países-membros do Mercosul poderiam ser mais competitivos, deixando as etapas em que não haveria condições de desenvolver competitividade para outros parceiros. "Com isso, evitaríamos a duplicidade de investimentos que ocorre hoje", diz.

Desconhecimento

Outro fator que reduz a participação brasileira no fluxo comercial internacional é o desconhecimento de outros potenciais parceiros. É o caso da Índia e da China. "Nunca o ambiente foi tão favorável para a parceria entre o Brasil e a Índia, mas os brasileiros não conhecem os parceiros em potencial", afirma Guilherme Lacombe de Góes e Vasconcellos, presidente da Agência Brasil-Índia de Desenvolvimento Econômico e Cultural. A agência foi fundada há apenas 70 dias, por iniciativa dos indianos.

No ano passado, a economia da Índia cresceu cerca de 8,5%, mesma taxa que será alcançada em 2004. Entre 1991 e 2002, o país avançou aproximadamente 6% ao ano. Enquanto isso, o Brasil deve crescer 4,5% neste ano, após recuar 0,2% em 2003. "O mercado consumidor indiano conta com 350 milhões de pessoas, embora o país ainda sofra com grandes dívidas sociais", diz Vasconcelos.

Desde a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, em maio, as relações com os chineses estão mais promissoras, conforme Paul Liu, presidente-executivo da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico. Nesta semana, o presidente chinês, Hu Jintao, deverá visitar o país, trazendo uma comitiva de 200 empresários. A intenção é retribuir a viagem de Lula ao país e, ainda, promover uma nova rodada de acordos comerciais. Segundo Liu, os chineses possuem cerca de 400 bilhões de dólares para investir no mundo nos próximos anos. "Há boas perspectivas para o Brasil", diz.

Haberfeld, Azuleta, Vasconcelos e Liu participaram, nesta segunda-feira (8/11), do Business Round Up 2005, promovido pela Amcham, em São Paulo. O objetivo era avaliar as perspectivas do país em relação ao mercado internacional.

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