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Brasil precisa crescer 4% ao ano para garantir <i>investment grade</i>

Para o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, o Brasil está no caminho do investment grade, mas é preciso melhorar o PIB

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h27.

Caso o Brasil mantenha o atual patamar de crescimento econômico, o tão esperado investment grade (ou grau de investimento) será um sonho distante. De acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, para acelerar esse processo o Brasil precisa crescer a 4% ao ano. Nos últimos 5 anos, o Produto Interno Bruto (PIB) do país expandiu-se a uma média anual de apenas 2%.

"Não existe razão para ser menos do que isso [4%]", disse o secretário, durante o seminário Brasil rumo ao Investment Grade, nesta segunda-feira (27/3), em São Paulo. Em pouco mais de 30 minutos, Levy apresentou a melhora de praticamente todos os fundamentos econômicos do país, o que, para ele, é um sinal de que o país está no caminho certo. "Somente o PIB é uma preocupação, mas não chega a ser um impeditivo, se levarmos em conta a relação da dívida em relação ao PIB", afirmou o secretário.

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O status de investment grade é concedido por agências internacionais aos países com baixíssimo risco para investidores. Em outras palavras, quanto maior forem as chances de calote de um país, pior será sua cotação. Pelos critérios da Standard & Poors, o risco soberano do Brasil é de BB-, ou seja, faltam dois degraus para que o país chegue ao grau de investimento (BBB).

Segundo Lisa Schineller, analista de ratings soberanos da Standard & Poors, a agência leva em consideração um mix de fatores, que vai desde os fundamentos macroeconômicos (PIB, dívida, emprego), passando por fatores sociais (investimentos em educação), até as instituições políticas. "O que a agência avalia é o impacto desse mix de fatores sobre o desempenho econômico de um país", diz Lisa.

Por esse motivo, as denúncias de corrupção envolvendo o governo Lula e algumas estatais não tiveram nenhuma influência negativa sobre a nota de risco soberano do país. "Até o momento, não houve prejuízo para a economia", diz a executiva da Standard & Poors. Ela lembrou, como exemplo, o caso da Rússia - que apesar dos altos índices de corrupção no país, tem o status de investment grade. Lisa disse, ainda, que os países que já estiveram no grau de risco do país (BB-) levaram, em média, seis anos para chegar ao nível BBB.

Bom aluno

Durante o seminário, o secretário Joaquim Levy fez uma demonstração sobre o desempenho da economia brasileira nos últimos anos. Em alguns aspectos, o país está bem mais próximo do grau de investimento. Segundo ele, um dos pontos fortes do país tem sido a redução da dívida externa líquida (do governo) em relação às exportações.

"Essa relação, que na década de 80 era de quatro para um, hoje é de apenas 1,4", diz o secretário. Segundo ele, os juros reais estão em 7,5% ao ano e apontam para 5% no médio prazo, o que também é considerado um fator positivo frente às agências de risco.

Levy admite, porém, que o país ainda precisa melhorar em alguns pontos. Além do crescimento da economia, que está desacelerado, o Brasil também precisa exportar mais. "Apesar de todos os esforços e crescimentos dos últimos anos, as exportações brasileiras em relação ao PIB ainda é muito baixa quando comparada a outros países em desenvolvimento. O Brasil ainda é fechado", afirma Levy.

Palocci e a economia

A analista da Standard & Poors negou que a queda do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, tenha um reflexo negativo sobre a nota do país. "O rating de um país não pode depender de uma pessoa só", afirma Lisa. "Para nós, o Palocci representa uma política fiscal prudente, mas temos a percepção de que essa é a visão do governo como um todo".

O secretário Joaquim Levy, que é subordinado ao Ministério da Fazenda, de Palocci, está cotado para assumir a vice-presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em substituição a João Sayad.

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