Economia

Brasil financiará US$ 600 milhões em projetos na Bolívia

O governo brasileiro planeja usar a Bolívia como plataforma de exportação nos próximos anos. A estratégia aparece em alguns do vários projetos discutidos entre os presidentes dos dois países, Luiz Inácio Lula da Silva e Carlos Mesa, nesta terça-feira (18/11). Os projetos são, basicamente, de infra-estrutura em energia e transporte e facilitação de comércio. A […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h57.

O governo brasileiro planeja usar a Bolívia como plataforma de exportação nos próximos anos. A estratégia aparece em alguns do vários projetos discutidos entre os presidentes dos dois países, Luiz Inácio Lula da Silva e Carlos Mesa, nesta terça-feira (18/11). Os projetos são, basicamente, de infra-estrutura em energia e transporte e facilitação de comércio.

A Bolívia é um mercado pequeno e complexo, mas oferece diversas oportunidades, afirmou Márcio Fortes, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento. De acordo com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, a instituição poderá financiar diversos projetos de integração dos dois países, no valor total de até 600 milhões de dólares.

Fortes e Lessa enumeraram os seguintes projetos como potenciais geradores de negócios:

  • Ligação rodoviária entre Corumbá (MS) e Santa Cruz de La Sierra: a estrada formaria uma rota comercial viável entre o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico. É um projeto já amadurecido e que exigirá cerca de 100 milhões de dólares;
  • Ligação ferroviária entre o Centro-Oeste brasileiro e a Bolívia: a estrada de ferro estabeleceria uma conexão entre os portos de Santos (SP) e de Antofagasta, no Chile;
  • Criação de uma linha aérea entre Campo Grande (MS) e Santa Cruz de La Sierra;
  • Investimento brasileiro em têxteis e calçados na Bolívia: a meta seria exportar para os Estados Unidos. Em troca do combate ao plantio de coca, a Bolívia tem direito a uma cota de exportação para os EUA, que a permite ocupar até 2% do mercado americano, em diversos produtos. Como a Bolívia não consegue ocupar toda a cota a que tem direito, empreendimentos brasileiros poderiam exportar a partir do país vizinho;
  • Construção de frigoríficos na Bolívia: os frigoríficos poderiam ser construídos em parceria com investidores brasileiros, visando a exportação de carne para o Chile;
  • Criação de infra-estrutura de fornecimento de gás domiciliar na Bolívia: o Brasil poderia exportar serviços, tecnologia e equipamentos, com o BNDES financiando as compras na Bolívia. Estuda-se também a formação de uma companhia binacional para explorar o serviço;
  • Criação de um pólo petroquímico nas proximidades da fronteira: o pólo produziria uréia (matéria-prima de fertilizantes hoje exportada da Bolívia para o Brasil) e eteno (matéria-prima para plásticos).

    Apesar da diversidade de assuntos negociados, os dois presidentes não avançaram na principal pendência entre os dois países, que é o preço do gás natural trazido pelo gasoduto Brasil-Bolívia. Ambos consideram o preço insatisfatório, mas concluíram que essa discussão não precisa ocorrer agora. Não vamos renegociar agora as cláusulas do acordo do gás, disse o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim. A Bolívia tem um governo novo, que neste momento precisa do apoio do governo brasileiro. A Bolívia tem as maiores reservas de gás natural da América e, entre janeiro e outubro, exportou 326 milhões de dólares do produto para o Brasil (o que corresponde a 76% de tudo que o Brasil importa do país vizinho).

    Os presidentes reafirmaram o compromisso de terminar a negociação da zona de livre comércio entre Mercosul e Comunidade Andina ainda em 2003. Entre janeiro e outubro deste ano, o Brasil exportou 293 milhões de dólares para a Bolívia (20% a menos que em 2002) e importou 428 milhões de dólares (25% a mais que em 2002), ou seja, o lado brasileiro tem saldo negativo de 135 milhões.

    Lula retirou-se rapidamente da cerimônia de assinatura dos acordos, no Palácio do Itamaraty, pois havia machucado o pé e estava com dificuldade para se locomover. Mesa afirmou, após a assinatura, que o encontro nos permitiu avançar em muitos temas bilaterais fundamentais. Ele assumiu a Presidência da Bolívia em 18 de outubro, após a crise que levou à renúncia de Sánchez de Lozada e que causou mais de 70 mortes em confrontos de rua.

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