EUA retiram Brasil e outros países de lista com tratamento preferencial
Países eram considerados "em desenvolvimento", o que garantia certas vantagens em negociações comerciais
Agência O Globo
Publicado em 11 de fevereiro de 2020 às 11h13.
Última atualização em 11 de fevereiro de 2020 às 11h23.
Brasília — O presidente Jair Bolsonaro voltou a elogiar Donald Trump, o mandatário dos Estados Unidos, na manhã desta terça-feira, um dia depois de o governo americano retirar o Brasil da lista de países considerados menos desenvolvidos e que, por isso, têm um tratamento preferencial no comércio exterior.
Questionado sobre a decisão de Trump , que atingiu mais de 20 países, entre os quais China, Índia e África do Sul, ele virou as costas e entrou no carro, ao sair do Palácio da Alvorada.
Bolsonaro cumprimentava simpatizantes na entrada da residência oficial quando um apoiador se apresentou dizendo que mora nos Estados Unidos e estava acompanhado da mulher, que é americana.
"Trump, hein?", perguntou o presidente, fazendo sinal de positivo com o polegar.
Em seguida, Bolsonaro perguntou porque o líder americano é "tão criticado pela imprensa dos Estados Unidos".
"O cara diminuiu o desemprego, melhorou a economia, atendeu os latinos que já estão lá. Será que quando tem notícia boa a imprensa não vende? Será que é isso?", ironizou.
Na sequência, o presidente brasileiro foi indagado por um repórter se receberá o chanceler da Argentina, Felipe Solá, que visitará Brasília nesta quarta-feira, e ele disse não saber:
"Não sei. Mas se ele chegar, havendo oportunidade, recebo sim", comentou.
No meio da pergunta seguinte, sobre a medida do governo dos Estados Unidos, ele encerrou abruptamente a entrevista. Nos últimos dias, Bolsonaro têm evitado falar com jornalistas, após reclamações de que suas falas são 'tiradas do contextos'.
Mudança de regras
O governo Trump decidiu mudar as regras para considerar um país em desenvolvimento ou menos favorecido. Na prática, a medida facilita a punição a esses países em caso de exportações consideradas subsidiadas pelo governo americano. A medida foi anunciada em alerta do representante do Comércio dos EUA , Robert Lighthizer.
Ao mudar as regras, Washington elimina qualquer tratamento preferencial para vários países que se declaram em desenvolvimento, como África do Sul, Albânia, Argentina, Brasil, Bulgária, Cazaquistão, China, Cingapura, Colômbia, Coreia do Sul, Costa Rica, Geórgia, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, Moldávia, Montenegro, Macedônia do Norte, Quirguistão, Romênia, Tailândia, Ucrânia e Vietnã.
O governo afirmou que a decisão de mudar a metodologia foi necessária porque a diretriz anterior, de 1998, "está obsoleta".
A decisão marca uma mudança notável na política comercial americana em relação aos países em desenvolvimento depois de mais de 20 anos, que pode resultar em penalidades mais rigorosas para alguns dos principais exportadores do mundo.
Também reflete a frustração de Trump com o fato de economias como China e Índia receberem tratamento preferencial como nações emergentes na Organização Mundial do Comércio.