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BID busca blindar AL contra crise e expandir mercado

As previsões do organismo multilateral para 2012 são 'cautelosamente otimistas' e preveem que a economia latino-americana mantenha uma sólida taxa de crescimento de 3,6%

'Embora a complacência seja tentadora, ela é nosso grande perigo. É preciso aproveitar a janela de oportunidades para avançar nas reformas', explicou Luis Alberto Moreno (AFP)
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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2012 às 18h27.

Montevidéu - Os ventos econômicos favoráveis da América Latina , um mecanismo de blindagem contra futuras crises e a abertura do mercado à Ásia concentraram a atenção da Assembleia Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que termina nesta segunda-feira em Montevidéu.

'Embora a complacência seja tentadora, ela é nosso grande perigo. É preciso aproveitar a janela de oportunidades para avançar nas reformas', explicou Luis Alberto Moreno na abertura das sessões plenárias da Assembleia de Governadores do BID.

As previsões do organismo multilateral para 2012 são 'cautelosamente otimistas' e preveem que a economia latino-americana mantenha uma sólida taxa de crescimento de 3,6%, apesar de uma ligeira desaceleração da China e da volatilidade da zona do euro.

Ao contrário de algumas ocasiões anteriores, a América Latina demonstrou maior 'resistência' ante recessões globais e saiu 'relativamente ilesa' da mais recente, segundo o relatório regional anual apresentado em Montevidéu.

Nas palavras de José de Gregorio, ex-presidente do Banco Central do Chile e um dos painelistas do fórum, 'antes, quando o mundo espirrava, pegávamos uma pneumonia; agora, quando o mundo pega uma pneumonia, nós espirramos'.

O continente asiático e especialmente a China, considerada 'um mercado em ascensão' para a América Latina, ocuparam um lugar preponderante nas discussões do fórum, que reúne os principais líderes econômicos das Américas Central e do Sul.


Durante o encontro, o BID anunciou a constituição de um fundo de US$ 1 bilhão conjunto com a China para investimentos na América Latina e de mais US$ 600 milhões junto com a Agência de Cooperação Internacional do Japão para projetos de 'energia verde' na América Central e no Caribe.

A entidade anunciou que planeja implementar linhas de contingência 'preventiva' para ajudar países da região ante o impacto de desastres naturais e a crise no valor de 'bilhões de dólares' e que serão concretizadas 'no terceiro trimestre do ano'.

'Desejamos avançar mais rápido, mas precisamos que se acalmem as águas agitadas que batem em costas diferentes das nossas. Por isso, não podemos baixar a guarda', ressaltou Moreno ao falar sobre a atual volatilidade internacional.

Já o presidente uruguaio, José Mujica, realizou no ato inaugural um apelo à integração regional e enfatizou sua 'defesa à morte' do Mercosul, bloco econômico que o Uruguai integra junto com Brasil, Argentina e Paraguai.

Diante da desaceleração da economia chinesa e da recessão europeia, países como Brasil e Argentina anunciaram barreiras comerciais para proteger produtores locais, o que provocou tensões internas com seus parceiros comerciais.

Na sexta-feira passada, a chanceler mexicana, Patricia Espinosa, que participou de um encontro paralelo à reunião do BID da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) tinha criticado essas posturas protecionistas, 'já que não resolvem os problemas' e nos tornam mais 'vulneráveis'.


No mesmo sentido já havia se expressado no domingo o vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e no Caribe, Hans Tuluy, ao afirmar que 'o principal desafio da região é a produtividade' e assinalar que um 'robusto crescimento exige um nível forte de comércio'.

Por outro lado, como um dos maiores desafios da região, Moreno destacou nesta segunda-feira a 'alarmante e forte deterioração' da situação de insegurança civil que constitui uma 'ameaça frontal' para o desenvolvimento sustentável.

O presidente do BID lembrou que, segundo dados do Latinobarómetro, a insegurança ocupa o primeiro lugar na lista de preocupações da maioria dos latino-americanos desde 2007, acima do desemprego.

'A cada dia 350 latino-americanos morrem de forma violenta. Com apenas 8% da população mundial, a América Latina registra um terço dos homicídios que ocorrem no planeta', ressaltou Moreno, ao destacar que a maior parte deles são jovens.

Por último, se ressaltou a necessidade de facilitar o acesso ao mercado de trabalho da juventude e a fortalecer a inovação para realizar um desenvolvimento sustentável e respeitoso com o meio ambiente.

A próxima Assembleia Anual do BID - instituição que conta com uma capacidade de empréstimo anual de US$ 12 bilhões - será realizada no Panamá em 2013.

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Montevidéu - Os ventos econômicos favoráveis da América Latina , um mecanismo de blindagem contra futuras crises e a abertura do mercado à Ásia concentraram a atenção da Assembleia Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que termina nesta segunda-feira em Montevidéu.

'Embora a complacência seja tentadora, ela é nosso grande perigo. É preciso aproveitar a janela de oportunidades para avançar nas reformas', explicou Luis Alberto Moreno na abertura das sessões plenárias da Assembleia de Governadores do BID.

As previsões do organismo multilateral para 2012 são 'cautelosamente otimistas' e preveem que a economia latino-americana mantenha uma sólida taxa de crescimento de 3,6%, apesar de uma ligeira desaceleração da China e da volatilidade da zona do euro.

Ao contrário de algumas ocasiões anteriores, a América Latina demonstrou maior 'resistência' ante recessões globais e saiu 'relativamente ilesa' da mais recente, segundo o relatório regional anual apresentado em Montevidéu.

Nas palavras de José de Gregorio, ex-presidente do Banco Central do Chile e um dos painelistas do fórum, 'antes, quando o mundo espirrava, pegávamos uma pneumonia; agora, quando o mundo pega uma pneumonia, nós espirramos'.

O continente asiático e especialmente a China, considerada 'um mercado em ascensão' para a América Latina, ocuparam um lugar preponderante nas discussões do fórum, que reúne os principais líderes econômicos das Américas Central e do Sul.


Durante o encontro, o BID anunciou a constituição de um fundo de US$ 1 bilhão conjunto com a China para investimentos na América Latina e de mais US$ 600 milhões junto com a Agência de Cooperação Internacional do Japão para projetos de 'energia verde' na América Central e no Caribe.

A entidade anunciou que planeja implementar linhas de contingência 'preventiva' para ajudar países da região ante o impacto de desastres naturais e a crise no valor de 'bilhões de dólares' e que serão concretizadas 'no terceiro trimestre do ano'.

'Desejamos avançar mais rápido, mas precisamos que se acalmem as águas agitadas que batem em costas diferentes das nossas. Por isso, não podemos baixar a guarda', ressaltou Moreno ao falar sobre a atual volatilidade internacional.

Já o presidente uruguaio, José Mujica, realizou no ato inaugural um apelo à integração regional e enfatizou sua 'defesa à morte' do Mercosul, bloco econômico que o Uruguai integra junto com Brasil, Argentina e Paraguai.

Diante da desaceleração da economia chinesa e da recessão europeia, países como Brasil e Argentina anunciaram barreiras comerciais para proteger produtores locais, o que provocou tensões internas com seus parceiros comerciais.

Na sexta-feira passada, a chanceler mexicana, Patricia Espinosa, que participou de um encontro paralelo à reunião do BID da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) tinha criticado essas posturas protecionistas, 'já que não resolvem os problemas' e nos tornam mais 'vulneráveis'.


No mesmo sentido já havia se expressado no domingo o vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e no Caribe, Hans Tuluy, ao afirmar que 'o principal desafio da região é a produtividade' e assinalar que um 'robusto crescimento exige um nível forte de comércio'.

Por outro lado, como um dos maiores desafios da região, Moreno destacou nesta segunda-feira a 'alarmante e forte deterioração' da situação de insegurança civil que constitui uma 'ameaça frontal' para o desenvolvimento sustentável.

O presidente do BID lembrou que, segundo dados do Latinobarómetro, a insegurança ocupa o primeiro lugar na lista de preocupações da maioria dos latino-americanos desde 2007, acima do desemprego.

'A cada dia 350 latino-americanos morrem de forma violenta. Com apenas 8% da população mundial, a América Latina registra um terço dos homicídios que ocorrem no planeta', ressaltou Moreno, ao destacar que a maior parte deles são jovens.

Por último, se ressaltou a necessidade de facilitar o acesso ao mercado de trabalho da juventude e a fortalecer a inovação para realizar um desenvolvimento sustentável e respeitoso com o meio ambiente.

A próxima Assembleia Anual do BID - instituição que conta com uma capacidade de empréstimo anual de US$ 12 bilhões - será realizada no Panamá em 2013.

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