Carlos Hamilton Araújo, diretor do BC, disse nesta quinta-feira que não é factível esperar que a inflação brasileira convirja para o centro da meta de 4,5% neste ano (Divulgação/Banco Central)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
Belo Horizonte - O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, disse nesta quinta-feira que não é factível esperar que a inflação brasileira convirja para o centro da meta de 4,5 por cento neste ano, indicando ainda que a autoridade monetária vê um câmbio menos volátil.
A visão do Banco Central foi corroborada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que disse nesta quinta-feira ver a inflação fechando o ano em torno de 5,5 por cento.
"Com informações de que dispomos hoje, não é realista imaginar convergência (da inflação) em 2013", disse ele em entrevista a jornalistas, acrescentando que a inflação mostrará resistência no primeiro semestre e recuará no segundo semestre do ano.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 0,86 por cento em janeiro, maior variação desde abril de 2005, acumulando alta de 6,15 por cento em 12 meses. A meta de inflação deste ano é de 4,5 por cento, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
O diretor, durante a apresentação do Boletim Regional do BC, reforçou as últimas declarações dadas pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de que a atual política continua válida, mas que os ciclos monetários não foram abolidos e que, se necessário, a política monetária poderá ser ajustada.
"Ele (Tombini) falou que não há risco de descontrole inflacionário, portanto, vale a mensagem. Ele falou que neste momento a estratégia da política monetária está mantida... e que não foram abolidos os ciclos monetários." Nesta mesma linha, Mantega disse em teleconferência com jornalistas e analistas que a "situação inflacionária está sob controle".
As preocupações com a inflação levaram o mercado de juros a precificar uma aumento da taxa Selic já neste primeiro semestre, depois de ter recuado no ano passado para a mínima histórica de 7,25 por cento ao ano.
Carlos Hamilton citou os preços dos alimentos, possíveis altas dos preços administrados e a pressão exercida pelo reajuste de 9 por cento no salário mínimo como fatores que devem manter a inflação em alta no primeiro semestre.
Por outro lado, o diretor do BC argumentou que, nas contas da autoridade monetária para a inflação neste ano, o cenário incorpora o mercado de câmbio menos volátil.
"Temos dito que, no nosso horizonte de projeção para a inflação, vemos um câmbio menos volátil que no passado recente", disse.
Segundo ele, a maior parte de variações cambiais é incorporada aos preços em um intervalo de 12 meses.
Investimento e crescimento
O investimento no país continua mostrando performance insatisfatória, conforme análise do diretor, impedindo a economia brasileira de apresentar taxas de crescimento mais robustas.
"Talvez o único segmento da demanda que tem mostrado fragilidade é o investimento, pegando o consumo do governo, das famílias e exportações", disse ele.
A dificuldade de reação do investimento é um dos motivos do baixo desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. E mesmo com a série de estímulos adotados no ano passado, nos bastidores do governo a avaliação é que também nos primeiros trimestres de 2013 esse indicador não apresentará bom desempenho, devendo mostrar reação mais positiva somente no fim do ano, após reação nos demais setores e início dos efeitos dos programas de concessão.
Os dados sobre o PIB de 2012 serão apresentados em 1o de março. Na quarta-feira, o BC divulgou que a variação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) --tido como um sinalizador do PIB-- ficou em 0,26 por cento em dezembro ante novembro. A alta ficou abaixo do esperado reforçando as possibilidades de que a economia não tenha superado 1 por cento no ano passado.
O BC mantém a indicação de expansão mais modesta para o crédito neste ano, em 14 por cento, prevendo ainda que o nível de calotes diminuirá.
"A inadimplência está em nível elevado, mas trabalhamos com perspectiva de que ela recue", comentou. Em dezembro, no último dado disponível, a inadimplência ficou em 5,8 por cento.