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BC corta juros para 24,5% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central baixou a taxa básica de juros (Selic) de 26% para 24,5% ao ano, sem viés, confirmando a maior parte das expectativas do mercado. O corte de 1,5 ponto percentual é o segundo consecutivo da Selic neste ano. Em junho a redução havia sido de 0,5 ponto […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h31.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central baixou a taxa básica de juros (Selic) de 26% para 24,5% ao ano, sem viés, confirmando a maior parte das expectativas do mercado. O corte de 1,5 ponto percentual é o segundo consecutivo da Selic neste ano. Em junho a redução havia sido de 0,5 ponto percentual. Os membros do Copom justificaram a decisão afirmando que "as projeções de inflação continuam a indicar convergência para a trajetória das metas. Em razão disso, o Copom decidiu por unanimidade fixar a taxa Selic em 24,5% ao ano, sem viés". A ausência de viés indica que a taxa não mudará atá a próxima reunião, em 19 e 20 de agosto.

A grande maioria das apostas do mercado financeiro sinalizavam para um possível corte de até 1,5 ponto percentual. Segundo especialistas, a queda é endossada por vários indicadores: a deflação registrada pelos índices de custo de vida, a queda na atividade econômica reforçada por diferentes indicadores e a queda na curva de juros no mercado futuro, além da convergência para as metas de inflação definidas pelo Coselho Monetário Nacional (CMN). A taxa de 24,5% é a menor desde abril de 1999.

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"Há espaço para reduzir os juros, com a Selic alcançando 21% ao ano no final de 2003", afirma o CSFB. Para o departamento de análises do Bradesco, chefiado pelo economista Octavio de Barros, a confiança e a cautela nos gastos por parte dos consumidores indicariam para um corte desse porte.

É posssível que a decisão do Copom não agrade a todas as entidades de classe e especialistas, que pediam por um corte de pelo menos 2 pontos percentuais. Para Horácio Lafer Piva, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o fato de o governo mirar na inflação de 2004 é "louvável", porém "tardio". "A surpreendente decisão do Copom de reduzir a taxa básica em apenas 1,5%, e não mexer nas alíquotas de recolhimento compulsório, fará com que a economia se desacelere por mais tempo. Esse excesso de zelo ameaça agravar o quadro atual de desemprego e deteriorar ainda mais a saúde financeira das empresas. Ainda não vimos o fundo do poço", afirmou ele em nota oficial à imprensa. "A tênue esperança que ainda resta está atrelada à retomada do consumo via crédito. Mas, para isso, seria absolutamente fundamental reduzir as alíquotas de recolhimento compulsório, ao mesmo tempo em que se cortam

juros."

O presidente da Confederação Nacional da Indústria ( CNI ), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), já havia anunciado que ficaria frustrado caso o corte não fosse de pelo menos 2 pontos. "É preciso ousar nessa reunião do Copom para que se produza uma redução significativa nas taxas de juros", afirmou antes da decisão do BC. Após a divulgação da taxa, a confederação divulgou nota afirmando que a redução de 1,5 ponto percentual "é frustrante para o setor produtivo, pois claramente existem condições objetivas para uma queda mais substancial". A CNI pediu também o relaxamento do compulsório e acredita que a "economia encontra-se no limiar de uma recessão".

O corte dos juros básicos foram anunciados no mesmo dia em que o IBGE divulgou que o nível de desemprego no país é recorde: 13%. No mês passado, a taxa tinha ficado em 12,8%.

Estudo da consultoria Global Invest, mostra que "o choque de juros foi responsável por um incremento de 21,193 bilhões de reais na dívida pública interna desde outubro do ano passado. Com o superávit primário acumulado no ano de 65,87 bilhões reais, percebe-se que 32,2%, ou um terço, do que foi economizado já foi incrementado ao montante dos mais de 200 bilhões de reais gastos com juros ao ano".

Para a consultoria, a decisão do Copom é conservadora. "Juros altos reprimem a demanda, reduzindo pressões nos preços. Sem demanda não há investimentos em produção e, portanto, geração de emprego. O país não pode mais esperar. A retomada do crescimento somente se dará à medida que a queda dos juros seja contundente e condizente com a realidade da economia brasileira", afirmou a consultoria após a divulgação do relatório.

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