Exame Logo

Após taxar Brasil, EUA miram França com tarifas sobre vinhos e queijos

Taxa conhecida como "Gafa" (Google, Apple, Facebook e Amazon) impõe imposto sobre faturamento de empresas de tecnologia na França

(Pixabay/Reprodução)
A

AFP

Publicado em 3 de dezembro de 2019 às 06h53.

Última atualização em 3 de dezembro de 2019 às 06h54.

São Paulo — O governo dos Estados Unidos ameaçou nesta segunda-feira (2) aplicar tarifas de até 100% sobre 2,4 bilhões de dólares movimentados por produtos franceses em retaliação a uma taxa sobre serviços digitais cobrada por Paris que Washington considera discriminatória para as empresas do país.

Vinhos espumantes e queijos estão na lista de produtos do país europeu que seriam afetados a partir de meados de janeiro, após um relatório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), Robert Lighthizer, apontar que o imposto francês pune empresas americanas como Google, Apple, Facebook e Amazon.

Veja também

O anúncio "envia um sinal claro de que os Estados Unidos agirão contra tarifas digitais que discriminam ou impõem encargos indevidos às empresas norte-americanas", afirmou Lighthizer através de um comunicado.

O USTR alertou que Washington está considerando ampliar sua análise a medidas similares aplicadas na Áustria, Itália e Turquia.

Nesta segunda-feira, o presidente americano Donald Trump disse que vai sobretaxar o aço e o alumínio brasileiro e argentino, como forma de retaliação a esse países, que estariam desvalorizando suas moedas propositalmente.

Em março de 2018, o governo norte-americano anunciou novas tarifas de importação no valor de 25% sobre o aço e de 10% sobre alumínio com base em “segurança nacional”.

Com o real desvalorizado, o mercado brasileiro ganha competitividade internacionalmente.

Taxação francesa

A ameaça à França veio um dia antes do presidente Donald Trump se encontrar em Londres com seu colega francês, Emmanuel Macron, durante a reunião de cúpula da Otan.

A taxa francesa de serviços digitais, conhecida como "Gafa" (Google, Apple, Facebook e Amazon), foi promulgada este ano e impõe um imposto de cerca de 3% sobre o faturamento de empresas de tecnologia na França, que geralmente vem de publicidade online e venda de dados para fins publicitários.

O imposto atinge empresas com receita anual de pelo menos 750 milhões de euros (cerca de 830 milhões de dólares) em suas atividades digitais globais.

A taxa francesa aplica-se à arrecadação e não aos lucros, que os gigantes da tecnologia costumam declarar em países com baixos impostos como a Irlanda, uma prática que irrita cada vez mais os governos da Europa.

A investigação aberta pelo USTR em julho "concluiu que a taxa de serviços digitais da França discrimina as empresas americanas, é incompatível com os princípios vigentes na política fiscal internacional e é incomumente onerosa para as empresas americanas afetadas".

Após a aprovação do imposto, Trump prometeu uma retaliação "significativa".

O escritório de Lighthizer anunciou a abertura de consultas públicas nos Estados Unidos sobre a proposta de aplicar "tarifas de 100% sobre determinados produtos franceses" e a possibilidade de "impor taxas ou restrições aos serviços franceses".

A última data para decidir sobre essas medidas é 14 de janeiro, e o USTR espera agir rapidamente a partir de então.

A proposta de sanções deve ser endossada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e envolve o risco de aumentar o atrito com a União Europeia.

A lista de produtos franceses que pode ser taxados em 100% inclui produtos cosméticos, porcelana, sabão, bolsas, manteiga e muitos tipos de queijos, incluindo Roquefort, Edam e Gruyere.

O ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, considerou "inaceitáveis" as ameaças de represálias dos Estados Unidos e espera que União Europeia responda "com força".

"O projeto, que pode ser aplicado em 30 dias, de novas sanções contra a França é inaceitável", afirmou Le Maire a uma emissora de rádio.

"Não é o comportamento que esperamos dos Estados Unidos em relação a um de seus principais aliados, a França, e de maneira geral a Europa", completou.

Acompanhe tudo sobre:BrasilComércio exteriorEstados Unidos (EUA)França

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame