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Apesar da pressão, dólar e inflação devem impedir redução do juro

É difícil imaginar o que passa pela cabeça dos integrantes do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que divulga às 13h30 desta quarta-feira (21/5) a Selic. Mas, até agora, a economia interna e externa dá sinais apenas de que a taxa básica de juros da economia deva mesmo ser mantida nos atuais 26,5%. […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h49.

É difícil imaginar o que passa pela cabeça dos integrantes do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que divulga às 13h30 desta quarta-feira (21/5) a Selic. Mas, até agora, a economia interna e externa dá sinais apenas de que a taxa básica de juros da economia deva mesmo ser mantida nos atuais 26,5%. O máximo concebível no cenário atual seria um viés de baixa ou a redução do compulsório dos bancos. Vamos aos fatos:

  • O dólar está no mesmo patamar da reunião anterior, pouco acima de R$ 3. Fatores externos, como a recessão americana, voltaram a pressionar a moeda no mercado interno;
  • A inflação medida pelo IPCA já está muito próxima da meta, o que inviabilizaria o cumprimento do acordo com o FMI neste ano. O índice acumulado no ano já soma 6,15%, sendo que o teto da meta é de 8,5%. Em 12 meses, a taxa já atinge 16,77%. Nos últimos três meses, o IPCA acumulado ficou em 3,82% _quase metade do estabelecido com o FMI. Isso mostra que o país ainda convive com uma inflação alta recente. O IGP-10 divulgado nesta terça-feira (20/5) mostrou um índice praticamente estável, em 0,02% no período, mas com a inflação ao consumidor ainda bastante alta: 0,92%.

    Para atingir a meta, o governo teria de manter os juros altos e a economia desaquecida. Tanto o presidente Lula quanto o ministro Antônio Palocci (Fazenda) já disseram que não é essa a intenção, mas ressaltaram também que é preciso ter a inflação sob controle para poder reduzir os juros.

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    Apesar dos fatos, o mercado financeiro, empresários e entidades de classe, além do vice-presidente José de Alencar, têm feito pressão ao declarar a necessidade da redução dos juros para o crescimento da economia. A pressão foi até registrada pelo jornal inglês Financial Times, que a chamou de "incomum".

    Parte dessa pressão foi nesta quarta-feira pessoalmente à Brasília falar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele se reuniu pela manhã com dez dos maiores emrpesários brasileiros para discutir as reformas tributária e a da Previdência e o Plano Plurianual. De acordo com os empresários, a reunião foi agendada pelo próprio presidente Lula. O presidente do Grupo Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes, disse que vai aproveitar a oportunidade para defender a queda da taxa de juros. "Já está na hora de os juros caírem", afirmou.

    O presidente do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau, afirmou que não irá falar sobre juros com o presidente, mas defende a queda na taxa básica anual. "Sem baixar os juros é muito difícil retomar o crescimento. O juro hoje é recessívo", disse, acrescentando que a taxa de juros faz parte de uma política estratégica global. Entre os empresários que participam do encontro estão Lázaro Brandão (Bradesco), Emílio Odebrecht (Grupo Odebrecht), Alain Belda (Vale do Rio Doce), Ivoney Ioschpe (Grupo Ioschpe), Armando Monteiro, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), além de Gerdau e Ermírio de Moraes.

    Analistas ouvidos por EXAME na semana passada e nesta semana mantém a posição de que ainda não é o momento de baixar os juros. Além deles, integrantes do governo, como diz Bernard Appy, secretário executivo do Ministério da Fazenda, e o próprio presidente do BC, Henrique Meirelles, a inflação é vista ainda como uma ameaça. Mas todos concordam que o momento de baixar a taxa ainda não chegou. Mesmo que digam isso apenas nas entrelinhas.

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