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"Ao mexer nas agências, governo assusta investidores", diz FHC

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a defender nesta terça-feira (26/8), em palestra concedida para os participantes do Congresso da Federação das Profissões Imobiliárias (Fiabci) das Américas, uma nova agenda para o país. "No meu governo havia uma obsessão pela reforma agrária e acreditava-se que sem ela o país não iria pra frente", diz Fernando […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h21.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a defender nesta terça-feira (26/8), em palestra concedida para os participantes do Congresso da Federação das Profissões Imobiliárias (Fiabci) das Américas, uma nova agenda para o país. "No meu governo havia uma obsessão pela reforma agrária e acreditava-se que sem ela o país não iria pra frente", diz Fernando Henrique. "Uma das obsessões atuais é a Reforma da Previdência, que é importante, mas é preciso também discutir novos temas, como o aprimoramento das instituições."

Entre essas instituições, Fernando Henrique se referiu às agências reguladoras, que o atual governo estuda tornar menos independentes e mais vulneráveis ao seu comando. "Ao querer mexer nas agências, o governo assusta os investidores e quem paga o pato é o contribuinte", disse o ex-presidente.

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A crítica de Fernando Henrique ao governo Lula também foi compensada por outros comentários mais favoráveis. Ele se referiu à redução dos juros também como uma outra obsessão do país. Afirmou que nenhum governo mantém as taxas de juros altas por prazer. "Mantém simplesmente porque não consegue fazer o contrário", disse Fernando Henrique. De acordo com ele, nenhum governo é capaz de resolver todos os problemas do país ao mesmo tempo. "Nós cuidamos da inflação, da educação e do desenvolvimento agrário", afirmou ele. "Hoje, a prioridade deveria ser o transporte, o saneamento e a habitação."

No evento, o ex-presidente deveria falar sobre as possibilidades de integração do Brasil no cenário global, mas começou dizendo que hoje é difícil entender o caminho que o mundo está prestes a trilhar, embora esse caminho não pareça muito positivo. "Há alguns anos, achávamos que tudo seria mais previsível e que hoje teríamos um mundo multipolar e colaborativo", disse o ex-presidente. "Mas o que temos hoje é uma vontade hegemônica dos Estados Unidos, sem nenhum espaço para o compartilhamento das decisões."

Diante de um mundo que passa por muitas transformações, Fernando Henrique afirmou que só há uma certeza: para o Brasil, a estratégia do avestruz é a menos indicada. "Enfiar a cabeça na areia não vai ajudar. Imaginar hoje que um país pode resolver seus problemas domesticamente é um sonho", disse Fernando Henrique. "É uma ilusão imaginar que basta abaixar os juros para que o Brasil volte a crescer e tudo se resolva."

Como parte dessa estratégia, o ex-presidente defendeu a participação do Brasil no maior número possível de blocos econômicos. "Não deveríamos pensar em Alca ou Mercosul, mas em Alca e Mercosul", disse. "Só um deles não é suficiente." O presidente também defendeu os investimentos em tecnologia e a estabilidade das regras. Segundo ele, depois do Plano Real, o Brasil recebeu 100 bilhões de dólares em investimentos, porque possui capacidade tecnológica e científica e regras estáveis. "Temos universidades e democracia", disse Fernando Henrique.

Questionado sobre a ação do MST e das discussões a respeito do direito de propriedade, o ex-presidente afirmou que as instituições brasileiras são fortes e que não acredita que leis serão violadas. "Achavam que o Lula iria causar transtorno e eu disse que isso não seria possível devido à solidez das nossas instituições", afirmou Fernando Henrique. "Mesmo que alguém defenda que a propriedade não existe, forças autênticas dirão o que é necessário para o povo."

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