Acordo Mercosul-União Europeia avança, mas fica agora para 2018
Até ontem, a ideia dos dois blocos era anunciá-lo em Buenos Aires, no encerramento da Conferencia da OMC ou, no mais tardar, no dia 21 de dezembro
Agência Brasil
Publicado em 13 de dezembro de 2017 às 06h39.
Última atualização em 13 de dezembro de 2017 às 10h19.
A assinatura do acordo entre a União Europeia e o Mercado Comum do Sul ( Mercosul ), que vem sendo negociado há quase 20 anos, foi adiada, nesta terça-feira (12), para o início do próximo ano.
Até ontem, a ideia dos dois blocos era anunciá-lo em Buenos Aires, no encerramento da 11ª Conferencia Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), na quarta-feira (13) ou, no mais tardar, no dia 21 de dezembro, em Brasília.
O objetivo, segundo os negociadores, era dar uma sinalização aos 164 países-membros da OMC de que os dois blocos regionais estão comprometidos com a liberalização do comércio, em um momento de ressurgimento do protecionismo em todo o mundo.
Ontem, os ministros das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Faurie, e do Brasil, Aloysio Nunes, afirmaram que tudo estava sendo feito para fechar "o mais rapidamente possível" o acordo político - primeiro passo para a implementação de medidas, reduzindo as barreiras comerciais entre os 28 países da UE e os quatro do Mercosul, integrado também pelo Paraguai e Uruguai.
Resposta europeia
Os blocos europeu e sul-americano já haviam colocado as suas ofertas na mesa. Na reunião desta terça-feira, o Mercosul deu mais um passo, ao mostrar à UE até onde poderia chegar, se o outro lado fizesse determinadas concessões.
Apesar de a proposta ter sido bem acolhida, os negociadores europeus disseram que ainda não estavam prontos para dar uma resposta porque precisam de tempo para convencer o setor agrícola - que tem um peso politico importante na Europa e resiste a qualquer abertura de seu mercado para produtos externos.
Segundo fontes próximas aos negociadores, a assinatura do acordo deve ocorrer no início de 2018, mas não há data marcada. A diferença agora, explicam, é que os dois lados realmente querem liberalizar o comércio entre os blocos.
De acordo com essas fontes, as negociações entre Mercosul e União Europeia foram lançadas nos anos 1990 como alternativa à Alca, um projeto dos Estados Unidos de integrar as economias das Américas que fracassou.
Quando a Alca deixou de existir, as negociações entre UE e Mercosul foram paralisadas e só foram retomadas em 2010.
O acordo entre Mercosul e UE afetaria 90% do comércio entre os dois blocos. Essa etapa final das negociações coincide com uma mudança na politica dos Estados Unidos.
Desde a sua posse, há quase um ano, o presidente Donald Trump, há quase um ano, tem deixado claro que prefere negociações bilaterais às multilaterais, e que sua prioridade é defender os interesses norte-americanos.