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Aço deve subir cerca de 3% ao mês até dezembro, diz consultoria

As siderúrgicas aproveitarão o segundo semestre para reduzir a diferença entre os preços do aço no Brasil e as cotações no mercado internacional. Para os grandes consumidores, como as montadoras e a indústria de eletrodomésticos de linha branca, isso significará reajustes mensais de 3% a 4% na tabela do insumo. A estimativa é da consultoria […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h32.

As siderúrgicas aproveitarão o segundo semestre para reduzir a diferença entre os preços do aço no Brasil e as cotações no mercado internacional. Para os grandes consumidores, como as montadoras e a indústria de eletrodomésticos de linha branca, isso significará reajustes mensais de 3% a 4% na tabela do insumo. A estimativa é da consultoria Tendências, para a qual a relativa estabilidade dos preços internacionais e o aquecimento da demanda brasileira favorecerão os aumentos.

O cenário macroeconômico em que a projeção se enquadra, segundo a Tendências, envolve o crescimento de 5% do Produto Interno Bruto industrial. As montadoras, por exemplo, registraram um aumento de 12% na produção de veículos entre janeiro e maio, na comparação com igual período de 2003, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Apesar do crescimento de dois dígitos até o mês passado, a Anfavea ainda mantém a expectativa de aumento de 8,9% para a produção e de 7,8% para a venda de automóveis em 2004.

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A Tendências estima ainda que o câmbio permanecerá relativamente estável no segundo semestre, fechando o ano bem próximo dos valores atuais. Com isso, a desvalorização da moeda deixará de aprofundar as diferenças entre os preços do aço, no Brasil e no exterior.

Diferenças

A defasagem entre os preços domésticos e os internacionais alcançou um nível recorde em junho cerca de 33%. O descolamento tornou-se mais intenso a partir de janeiro, quando as cotações mundiais de produtos siderúrgicos e de minerais não metálicos (como o cobre e o alumínio) começaram a acelerar. Ao mesmo tempo, as siderúrgicas enfrentaram problemas para repassar os aumentos ao mercado interno.

De janeiro a março, a diferença acumulada entre as tabelas brasileiras e as internacionais foi de 31%. Com o reajuste efetuado pelas siderúrgicas em abril, a defasagem baixou para 27%. Entretanto, a defasagem cambial, o reajuste dos preços internacionais de alguns produtos, como as bobinas laminadas a quente, e a redução do ritmo de reajustes do aço no Brasil voltaram a aumentar a diferença, segundo a Tendências.

Semestre favorável

O cenário externo ajudará na estabilização dos preços internacionais nos próximos meses. De um lado, a China, grande consumidora de aço, está adotando medidas para desacelerar sua economia. O aumento da demanda chinesa, nos primeiros meses do ano, foi uma das alavancas da alta da cotação internacionais. Para a Tendências, o desaquecimento da China, que pode forçar os preços mundiais para baixo, será compensado pela aceleração dos Estados Unidos, o que estimularia o reajuste das cotações. Como um fenômeno tende a neutralizar o outro, o resultado é que os preços permanecerão estáveis.

Para o professor Germano Mendes de Paula, do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia, contudo, a queda da taxa de crescimento do consumo da China afetará de modo desigual os preços internacionais do setor. Segundo ele, mais da metade do consumo chinês de aço provém da construção civil, que consome os chamados aços longos. Já a produção local de aço plano, usado em carros e eletrodomésticos, ainda é relativamente pequena. Por isso, as importações chinesas concentram-se nesse produto. "Uma queda do consumo chinês tende a forçar mais os preços de aços longos que os de planos", diz Mendes de Paula.

Pressão política

Para a Tendências, o único fator que pode dificultar o realinhamento dos preços internos do aço com o mercado mundial é a pressão política. "Esta é a única variável cujos efeitos não podemos prever", diz o analista da Tendências Sérgio Conti.

Em maio, por exemplo, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior realizou uma rodada de reuniões entre os produtores de aço e os grandes consumidores, como montadoras e fabricantes de eletrodomésticos, para tentar conter o aumento de preços do insumo. "O resultado é que, no mês passado, o preço doméstico subiu, em média, 2,12%", afirma Conti.

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