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A semântica de Lula e os 10 milhões de empregos

Em sua campanha Presidência, o candidato José Serra, do PSDB, anda questionando a capacidade de Lula de criar 10 milhões de empregos. O deputado federal José Dirceu, presidente nacional do PT, entrou em campo para dizer que o partido não se comprometeu a criar os tais empregos. Ele disse em uma entrevista online a veículos […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h01.

Em sua campanha Presidência, o candidato José Serra, do PSDB, anda questionando a capacidade de Lula de criar 10 milhões de empregos. O deputado federal José Dirceu, presidente nacional do PT, entrou em campo para dizer que o partido não se comprometeu a criar os tais empregos. Ele disse em uma entrevista online a veículos de comunicação: "Não está escrito em lugar nenhum. Nunca dissemos que são 10 milhões de empregos." A meta dos 10 milhões existe sim, mas há aí um detalhe semântico. O PT não diz literalmente "vamos criar 10 milhões de empregos". O que falam é "vamos nos dedicar a criar 10 milhões de empregos".

O cuidado com que é escrita essa promessa de campanha fica claro na entrevista concedida pelo candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva, por e-mail, ao jornalista Rodrigo Vieira da Cunha, repórter especial da revista Você S.A. Leia abaixo a versão integral da entrevista, publicada na edição de setembro da revista.

Você S.A. - Qual será o total de empregos gerados em quatro anos?

Luiz Inácio Lula da Silva - Vamos nos dedicar a criar 10 milhões de empregos, que é o que Brasil necessita para incluir no mercado de trabalho a legião de desempregados que já existe e os milhares de jovens (cerca de 1,4 milhão) que a cada ano procuram seu primeiro emprego. O lema de nosso governo será: cada centavo aplicado pelo governo tem que ter como destino a geração de um novo posto de trabalho.

Você S.A. - Quais setores da economia deverão receber essas novas vagas?

Lula - Vamos estimular a geração de empregos em vários setores da economia. Na agricultura, uma reforma agrária negociada e pacífica e uma política de fortalecimento da agricultura familiar vão melhorar muito as condições de vida da população rural. Também vamos incentivar a habitação popular e investir na construção civil, setor que poderá gerar cerca de 3,5 milhões de empregos diretos e 2,2 milhões de empregos indiretos. Outro ponto importante para buscarmos atingir 10 milhões de empregos em quatro anos é o setor de infra-estrutura. O Brasil precisa recuperar a infra-estrutura nas áreas de transportes, portos, energia elétrica e saneamento básico e os investimentos públicos nessas áreas, aliados ao estímulo de investimentos privados, contribuirão de modo decisivo para o crescimento da economia e geração de empregos. As pequenas empresas são as que mais geram empregos no Brasil e no nosso governo terão uma atenção especial. Vamos estimular novas iniciativas, abrindo linhas de crédito acessíveis a quem tiver vontade de investir. E, por último, não poderia deixar de citar o enorme potencial para a ampliação da indústria turística em nosso país e a geração de emprego e renda nesse setor.

Você S.A. - De onde virão os recursos para os investimentos que vão gerar as novas vagas?

Lula -
A criação das novas vagas depende principalmente do crescimento da economia do país. Vamos assegurar as condições macroeconômicas para que o PIB brasileiro cresça, em média, 5% ao ano. Segundo as projeções que fazemos em nosso caderno temático "Mais e Melhores Empregos", esse crescimento vai possibilitar a criação de um pouco mais da metade dos postos de trabalhos que precisamos. Também vamos disponibilizar recursos do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal para os investimentos nas áreas em que já citei. Além disso, nossa proposta de redução da jornada de trabalho sem redução de salários poderá possibilitar a criação de mais de 3 milhões de empregos em quatro anos.

Você S.A. - Qual a visão macroeconômica para implementar o crescimento no número de empregos?

Lula -
A visão macroeconômica que nos guia para a criação de 10 milhões de novos empregos é o desenvolvimento de um novo modelo econômico que tem o social como eixo. O Brasil precisa retomar o crescimento para gerar os empregos e a renda necessários ao conjunto da nossa população. Para isso, vamos investir para valer no setor produtivo e fortalecer nosso mercado interno e o setor exportador.

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Em sua campanha Presidência, o candidato José Serra, do PSDB, anda questionando a capacidade de Lula de criar 10 milhões de empregos. O deputado federal José Dirceu, presidente nacional do PT, entrou em campo para dizer que o partido não se comprometeu a criar os tais empregos. Ele disse em uma entrevista online a veículos de comunicação: "Não está escrito em lugar nenhum. Nunca dissemos que são 10 milhões de empregos." A meta dos 10 milhões existe sim, mas há aí um detalhe semântico. O PT não diz literalmente "vamos criar 10 milhões de empregos". O que falam é "vamos nos dedicar a criar 10 milhões de empregos".

O cuidado com que é escrita essa promessa de campanha fica claro na entrevista concedida pelo candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva, por e-mail, ao jornalista Rodrigo Vieira da Cunha, repórter especial da revista Você S.A. Leia abaixo a versão integral da entrevista, publicada na edição de setembro da revista.

Você S.A. - Qual será o total de empregos gerados em quatro anos?

Luiz Inácio Lula da Silva - Vamos nos dedicar a criar 10 milhões de empregos, que é o que Brasil necessita para incluir no mercado de trabalho a legião de desempregados que já existe e os milhares de jovens (cerca de 1,4 milhão) que a cada ano procuram seu primeiro emprego. O lema de nosso governo será: cada centavo aplicado pelo governo tem que ter como destino a geração de um novo posto de trabalho.

Você S.A. - Quais setores da economia deverão receber essas novas vagas?

Lula - Vamos estimular a geração de empregos em vários setores da economia. Na agricultura, uma reforma agrária negociada e pacífica e uma política de fortalecimento da agricultura familiar vão melhorar muito as condições de vida da população rural. Também vamos incentivar a habitação popular e investir na construção civil, setor que poderá gerar cerca de 3,5 milhões de empregos diretos e 2,2 milhões de empregos indiretos. Outro ponto importante para buscarmos atingir 10 milhões de empregos em quatro anos é o setor de infra-estrutura. O Brasil precisa recuperar a infra-estrutura nas áreas de transportes, portos, energia elétrica e saneamento básico e os investimentos públicos nessas áreas, aliados ao estímulo de investimentos privados, contribuirão de modo decisivo para o crescimento da economia e geração de empregos. As pequenas empresas são as que mais geram empregos no Brasil e no nosso governo terão uma atenção especial. Vamos estimular novas iniciativas, abrindo linhas de crédito acessíveis a quem tiver vontade de investir. E, por último, não poderia deixar de citar o enorme potencial para a ampliação da indústria turística em nosso país e a geração de emprego e renda nesse setor.

Você S.A. - De onde virão os recursos para os investimentos que vão gerar as novas vagas?

Lula -
A criação das novas vagas depende principalmente do crescimento da economia do país. Vamos assegurar as condições macroeconômicas para que o PIB brasileiro cresça, em média, 5% ao ano. Segundo as projeções que fazemos em nosso caderno temático "Mais e Melhores Empregos", esse crescimento vai possibilitar a criação de um pouco mais da metade dos postos de trabalhos que precisamos. Também vamos disponibilizar recursos do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal para os investimentos nas áreas em que já citei. Além disso, nossa proposta de redução da jornada de trabalho sem redução de salários poderá possibilitar a criação de mais de 3 milhões de empregos em quatro anos.

Você S.A. - Qual a visão macroeconômica para implementar o crescimento no número de empregos?

Lula -
A visão macroeconômica que nos guia para a criação de 10 milhões de novos empregos é o desenvolvimento de um novo modelo econômico que tem o social como eixo. O Brasil precisa retomar o crescimento para gerar os empregos e a renda necessários ao conjunto da nossa população. Para isso, vamos investir para valer no setor produtivo e fortalecer nosso mercado interno e o setor exportador.

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