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Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2009 às 19h42.
Pesquisa da Comissão da ONU para América Latina e Caribe, a Cepal, a ser apresentada no Fórum das Américas, que começa neste final de semana em Trinidad Tobago, mostrou que 17 dos 20 países presentes ao último encontro do G-20 adotaram medidas protecionistas de reação à crise.
Entre as medidas está, por exemplo, o Buy American, a determinação de que a indústria do aço americana use seus subsídios para comprar insumos locais. Segundo a secretária-executiva da Cepal, Alicia Ibarra, a reação dos países mais desenvolvidos do mundo vai na direção contrária a tendência geral dos países latino-americanos.
Outro levantamento a ser apresentado pela Cepal no encontro de líderes, sobre as medidas de reação à crise em 35 países da região, mostra que apenas uma minoria, cinco países, adotou algum tipo de barreira à importação.
No geral, a tônica entre os países latino-americanos foi o aumento de investimentos em infra-estrutura, novos incentivos fiscais e criação de programas sociais. Segundo a secretária-executiva da Cepal, as respostas têm sido produtivas, mas talvez não sejam necessárias.
"Medidas como as reduções de impostos às montadoras, adotada no Brasil, têm um efeito anticíclico muito poderoso. Mas, em alguns setores, como o agrícola, talvez seja necessário fazer mais do que isso", disse Alicia.
Segundo levantamento da comissão, o investimento médio em infra-estrutura na região é de cerca de 3 % do PIB. No Chile, ele chega a 8% do PIB, enquanto na Colômbia é de 4% e na Argentina, de 5%. "Muitos desses investimentos só terão impacto maior daqui a um ano ou dois, mas pelo menos neste momento eles preservam empregos", diz Alicia.
A secretária-executiva da Cepal participou nesta tarde de uma sessão do Fórum Econômico Mundial na America Latina, no Rio de Janeiro, para discutir o cenário econômico na região. Outros participantes dessa sessão foram o ex-presidente do Banco Central do Brasil, Armínio Fraga, e o diretor do Brookings Institution para a America Latina, Mauricio Cárdenas.
Para Cárdenas, ainda não é possível dizer que "o pior já passou", uma vez que alguns riscos ainda podem deteriorar a situação econômica na região.
O primeiro deles é um aumento de gastos destinado a medidas populistas, motivado pelo ciclo eleitoral que começa neste ano. Nos próximos meses, dez países latino-americanos terão eleições para presidente.
Outro risco à recuperação é que as empresas locais não consigam recuperar a capacidade de investimento, dado que muitas delas passaram por problemas com derivativos e viram seu endividamento aumentar nos últimos anos.
Por fim, caso a economia americana demore demais a se recuperar, a América Latina pode ser afetada, na opinião de Cárdenas.