Economia

2017 segue sob sombra da incerteza, o "cisne negro" da economia

Calendário europeu é agitado, com eleições na França e na Alemanha que podem ter ganhos expressivos da extrema direita anti-integração

Cisne Negro (Nevit Dilmen/Wikimedia Commons)

Cisne Negro (Nevit Dilmen/Wikimedia Commons)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 16 de março de 2017 às 06h00.

Última atualização em 16 de março de 2017 às 11h58.

São Paulo - A cada três meses, o banco francês Société Générale divulga sua tabela de “cisnes negros”, conceito criado por Nassim Nicholas Taleb para agrupar eventos inesperados e de alto impacto.

Na tabela de março, uma surpresa: nenhuma mudança em relação a novembro. O maior cisne negro, com 30% de chance, continua sendo a incerteza política.

No ano passado, tivemos o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) e a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.

Agora, estamos diante de um calendário eleitoral europeu agitado, com eleições na França em maio e na Alemanha em setembro - ambas com chance de ganhos expressivos da extrema direita anti-integração.

"Se um dos partidos céticos com a Europa ganharem uma maioria clara nas muitas eleições da zona do euro que estão na agenda, isso pode ameaçar não apenas a reestruturação da dívida mas também a própria existência da zona do euro", diz o texto.

Um primeiro alívio veio ontem quando as pesquisas de boca de urna da Holanda indicaram vitória do partido VVD, do primeiro-ministro Mark Rutte, nas eleições parlamentares.

O partido PVV, liderado pelo populista anti-islã Geert Wilders e que pede a saída da UE, acabou ficando para trás.

Se os próximos resultados não forem muito inesperados, "muita da incerteza se dissiparia nos meses seguintes, permitindo ao ímpeto positivo no ciclo global se estender mais ao longo do tempo", diz o banco.

Depois da incerteza política, o maior cisne negro (25% de chance) é o perigo de que os retornos sobre títulos sofram uma reprecificação em massa.

Isso aconteceria caso o crescimento e inflação acabem subindo demais, o que levaria o Fed a acelerar o ritmo da alta dos juros.

Também segue no cardápio a possibilidade de um “pouso forçado” (desaceleração acentuada do crescimento) da China - risco recorrente nos relatórios do banco há anos e atualmente com 20% de chance.

O último cisne negro da tabela, com 15% de chance, é que o mundo entre em um processo de isolacionismo com guerras comerciais.

A retórica de Donald Trump contra a Organização Mundial de Comércio e a China e a revisão de acordos já celebrados certamente não ajudam, mas ninguém sabe ainda onde isso vai dar.

A tabela também cita dois riscos positivos: mais investimento em capital pelas empresas (10%) e mais acomodação fiscal com reformas rápidas (5%).

Veja na figura:

Cisnes negros da economia global

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