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Perigos do "empreendedorismo por necessidade" em tempos de crise

Em tempos de desemprego alto, é preciso muito cuidado para o dinheiro da indenização trabalhista não "virar fumaça"...

A

Andre

Publicado em 31 de janeiro de 2017 às 10h41.

Última atualização em 17 de outubro de 2018 às 16h16.

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Olá, leitores do “Você e o Dinheiro”! Depois de um 2016 um pouquinho “irregular”, vamos para o primeiro post de 2017. E quero falar sobre um assunto que esteve bastante presente ao longo de 2016: desemprego.

Ao longo do ano passado (e no começo deste ano), tenho observado duas coisas: Uma delas é um grande número de novos negócios abrindo (pelo menos na região em que eu moro). São negócios “menos sofisticados”, que poderíamos classificar como ”comércio de bairro”. Coisas como salões de beleza, academias de ginástica, lojas de bolos caseiros e coisas do gênero.

A segunda é uma procura renovada por cursos de investimentos em renda variável, com foco especial naqueles que são voltados para a geração de renda. O pessoal que quer virar “trader” e transformar o próprio patrimônio em um negócio... Eu, como professor na bolsa de valores e “membro militante” da educação financeira, consigo ver claramente a transformação – até uns poucos anos, cursos voltados para o segmento de renda variável estavam “às moscas”. Agora, as turmas estão lotadas.

Aumento na atividade empreendedora e no mercado de renda variável é “quase sempre” algo positivo, mas eu receio estar vendo algo que já vi no passado (ao menos no que diz respeito à criação de novos negócios com o perfil que descrevi): Dinheiro de indenização trabalhista entrando no mercado...

O desemprego voltou com tudo e está, agora, pegando aqueles profissionais qualificados e com um histórico de estabilidade em seus empregos. Gente que ganha bons salários e que, ao perder o emprego, acaba saindo com uma “grana boa”, frequentemente na casa de centenas de milhares de reais.

Aí surge a dúvida: “O que fazer com esse dinheiro?”. Muitas pessoas, ao sentirem que a recolocação profissional não será tão fácil (ou mesmo que ela será inviável, ao menos em condições similares ao “status” perdido), partem para o caminho do empreendedorismo. Mas não é um empreendedorismo planejado e movido por uma legítima vontade de empreender (e um gosto pelo risco), e sim uma tentativa de “comprar um emprego”. No caso das pessoas que buscam o caminho do mercado financeiro, eu mencionei, num programa recente, a questão do “grupo de risco” que se aventura nas operações de curto prazo em bolsa de valores (explorarei este assunto em breve aqui no blog).

Se o padrão estiver consistente com aquilo que já vi no passado, a má notícia é que grande parte dessas iniciativas vai naufragar, e muitos patrimônios, que levaram anos (ou décadas) para serem construídos, se perderão. Momentos de crise (que envolvem perda de renda) acabam levando pessoas a tomar decisões precipitadas que podem conduzir a um único caminho: destruição de valor.

Se você está nesta situação (ou sente que estará em breve), faça o que estiver ao seu alcance para proteger o seu capital. Cuidado com a imagem distorcida do empreendedorismo como forma de te “criar um emprego” e cuidado com a ilusão de “tirar um salário do mercado financeiro”. Nunca é demais lembrar que a economia se movimenta em ciclos. Quando estávamos no final dos anos 80 (e começo dos 90), parecia o fim do mundo (ao menos no que diz respeito ao emprego).

Então, lembre-se que a reserva financeira serve, antes de qualquer coisa, para dar um “fôlego” nesses momentos de transição. E se optar por partir para algo de linha mais empreendedora, enquanto uma nova oportunidade não surge, considere sempre aqueles modelos de negócio que não envolvam capital intensivo – aqueles que demandam mais tempo (o que uma pessoa que perdeu o emprego tem, em tese, de sobra) e menos dinheiro (que precisa ser defendido de todas as formas).

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Ao longo do ano passado (e no começo deste ano), tenho observado duas coisas: Uma delas é um grande número de novos negócios abrindo (pelo menos na região em que eu moro). São negócios “menos sofisticados”, que poderíamos classificar como ”comércio de bairro”. Coisas como salões de beleza, academias de ginástica, lojas de bolos caseiros e coisas do gênero.

A segunda é uma procura renovada por cursos de investimentos em renda variável, com foco especial naqueles que são voltados para a geração de renda. O pessoal que quer virar “trader” e transformar o próprio patrimônio em um negócio... Eu, como professor na bolsa de valores e “membro militante” da educação financeira, consigo ver claramente a transformação – até uns poucos anos, cursos voltados para o segmento de renda variável estavam “às moscas”. Agora, as turmas estão lotadas.

Aumento na atividade empreendedora e no mercado de renda variável é “quase sempre” algo positivo, mas eu receio estar vendo algo que já vi no passado (ao menos no que diz respeito à criação de novos negócios com o perfil que descrevi): Dinheiro de indenização trabalhista entrando no mercado...

O desemprego voltou com tudo e está, agora, pegando aqueles profissionais qualificados e com um histórico de estabilidade em seus empregos. Gente que ganha bons salários e que, ao perder o emprego, acaba saindo com uma “grana boa”, frequentemente na casa de centenas de milhares de reais.

Aí surge a dúvida: “O que fazer com esse dinheiro?”. Muitas pessoas, ao sentirem que a recolocação profissional não será tão fácil (ou mesmo que ela será inviável, ao menos em condições similares ao “status” perdido), partem para o caminho do empreendedorismo. Mas não é um empreendedorismo planejado e movido por uma legítima vontade de empreender (e um gosto pelo risco), e sim uma tentativa de “comprar um emprego”. No caso das pessoas que buscam o caminho do mercado financeiro, eu mencionei, num programa recente, a questão do “grupo de risco” que se aventura nas operações de curto prazo em bolsa de valores (explorarei este assunto em breve aqui no blog).

Se o padrão estiver consistente com aquilo que já vi no passado, a má notícia é que grande parte dessas iniciativas vai naufragar, e muitos patrimônios, que levaram anos (ou décadas) para serem construídos, se perderão. Momentos de crise (que envolvem perda de renda) acabam levando pessoas a tomar decisões precipitadas que podem conduzir a um único caminho: destruição de valor.

Se você está nesta situação (ou sente que estará em breve), faça o que estiver ao seu alcance para proteger o seu capital. Cuidado com a imagem distorcida do empreendedorismo como forma de te “criar um emprego” e cuidado com a ilusão de “tirar um salário do mercado financeiro”. Nunca é demais lembrar que a economia se movimenta em ciclos. Quando estávamos no final dos anos 80 (e começo dos 90), parecia o fim do mundo (ao menos no que diz respeito ao emprego).

Então, lembre-se que a reserva financeira serve, antes de qualquer coisa, para dar um “fôlego” nesses momentos de transição. E se optar por partir para algo de linha mais empreendedora, enquanto uma nova oportunidade não surge, considere sempre aqueles modelos de negócio que não envolvam capital intensivo – aqueles que demandam mais tempo (o que uma pessoa que perdeu o emprego tem, em tese, de sobra) e menos dinheiro (que precisa ser defendido de todas as formas).

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