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O bitcoin é a versão minimalista do dinheiro

Minimalismo é um estilo de vida em que se remove os excessos e se mantém só o que é essencial — e o bitcoin é a versão minimalista do dinheiro

 (Benoit Tessier/Reuters)
(Benoit Tessier/Reuters)
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UseCripto

Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às, 17h48.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2021 às, 18h46.

Vivemos em um mundo onde o consumo é lei. Somos bombardeados o dia inteiro com propagandas na televisão, nos rádios, nos jornais, no celular, nos carros de som e em tudo que possa servir como veículo dessa disputa pela atenção dos consumidores. Todos cantam o mesmo mantra: “continue a comprar”. Mas você já parou pra pensar porque é assim? Essa cultura consumista e acumuladora tem origem na forma como a política, a economia e os governos funcionam.

Até o início dos anos 70, a moeda de reserva de valor global, o dólar, era lastreada no ouro. Com o fim do padrão ouro, em 1971, pelo ex-presidente americano Richard Nixon, o dólar perdeu seu lastro e consequentemente todas as moedas globais também perderam. Hoje, nenhuma moeda governamental tem lastro em um ativo que funcione como reserva de valor no longo prazo. Em outras palavras, o valor da moeda é apoiado no "gogó" dos políticos.

Isso significa que os bancos centrais emitem moeda sem lastro há mais de quarenta anos. Imprimir dinheiro é sempre a opção mais fácil quando uma crise financeira surge no horizonte. O que pouco se fala é das consequências disso: crises cada vez maiores, aumento da desigualdade, enfraquecimento da moeda e aumento da inflação.

Para que os bancos centrais sigam expandindo seus balanços, o consumo precisa se manter a todo vapor. Somos estimulados a consumir constantemente conforme mais liquidez é injetada. Como resultado, nosso dinheiro se desvaloriza, se torna descartável. Uma nota de cem reais, por exemplo, não enche mais o carrinho do supermercado como fazia 10 anos atrás.

Somos consumistas compulsivos, suamos frio com a palavra “promoção”, compramos tudo parcelado com dinheiro que ainda não temos, estamos entupidos de boletos e acumulamos tralhas no armário porque fomos condicionados a ter esse tipo de comportamento.

Não consumir é um desaforo, falar em queda de consumo dá calafrios nos donos das impressoras. Frear o consumo é a chave para expor a fragilidade da engenharia financeira aplicada pelos bancos centrais do mundo todo.

Como o Bitcoin pode ser diferente?

O bitcoin surgiu para mudar esse cenário. O valor do ativo reside na escassez, ou seja, em ser um protocolo que não admite a criação de mais unidades monetárias a "gosto do freguês" e, ao mesmo tempo, não pode ser controlado ninguém. Ele trouxe novos conceitos para o mercado financeiro apoiados na física, na matemática e na computação. Ao mesmo tempo, obedece e aprimora os fundamentos de valor outrora só atribuídos ao ouro.

Mas o mais legal do maior criptoativo do mercado é que ele é a contracultura do consumismo. O bitcoin faz você repensar seu padrão de consumo, gastar menos e de forma mais consciente.

É uma mudança total de mentalidade. O bitcoin é dinheiro minimalista, pois a sua essência é focada na qualidade das moedas criadas, e não na quantidade. Mecanismos como proof-of-work, blockchain e carimbos de data (timestamp) garantem segurança, consenso, transparência, resistência a fraudes, descentralização, imutabilidade e sincronização em tempo real da rede globalmente.

Sendo um protocolo eficiente e enxuto, o bitcoin traz de volta valores esquecidos pelo mercado. É profundo e simples, ou seja, o mínimo que um sistema financeiro precisa ter: valor incorruptível.

Justamente por isso, o ativo tem se valorizado tanto. O mundo está despertando para essa nova forma de dinheiro, que traz, digitalmente, características milenares do ouro como dinheiro: escassez, durabilidade, divisibilidade, verificabilidade, utilidade e resistência à falsificação.

Até então, a manipulação das moedas era uma constante na economia global. E pessoas com menos acesso a ativos financeiros são as que mais sofrem com a inflação provocada pelos bancos centrais. O bitcoin trouxe de volta a confiança que tínhamos séculos atrás na capacidade do ouro manter valor, de que o nosso suor empregado no trabalho será conservado em vez de simplesmente derreter.

Olhando em retrospecto, a confiança no valor do ouro era tamanha, que as pessoas inclusive enterravam moedas e barras de ouro acreditando que no futuro aquele tesouro ainda seria amplamente aceito como valioso. Em contrapartida, quando guardamos moedas governamentais, somos punidos com a deterioração do poder de compra.

Numa linha parecida com o ouro, quando guardamos bitcoins, somos premiados com valorização parabólica e com autonomia financeira.

Existe uma crença coletiva que prega que o bitcoin mudou nesses últimos 12 anos. Mas a verdade é que quem mudou foram as pessoas. Evoluímos nossa consciência sobre o dinheiro, sobre o poder das redes e sobre como criar mais valor com menos desperdício de tempo e energia.

As moedas fiduciárias, emitidas por governos, caminham na direção da autodestruição. Quanto mais moedas em circulação, menos valor cada unidade tem. Isso representa uma forma cruel de deteriorar o seu poder de compra e, consequentemente, o valor do seu trabalho.

Por fim, o bitcoin é minimalista pois, num futuro não tão distante, ele poderá se tornar a única moeda que preserva valor no tempo. Em outras palavras, será a única que realmente valerá a pena deter para a preservação do seu patrimônio.