Como atrair mão de obra fora dos grandes centros

O Brasil ainda enfrenta desafios significativos na contratação de mão de obra qualificada. O Índice de Confiança da Robert Half (ICRH), em sua 28ª edição divulgada em junho deste ano, detectou que o aquecimento do mercado de trabalho especializado está gerando um sentimento de insegurança nas empresas. De acordo com o estudo, 33% das companhias entrevistadas têm receio de perder seus profissionais mais qualificados para a concorrência. 

Essa situação é ainda mais difícil fora dos grandes centros urbanos. Ainda vemos que um grande número de profissionais optam por deixar suas cidades de origem em busca de oportunidades nas grandes metrópoles brasileiras. 

Hoje, o desafio das empresas regionais está em lidar com o desejo de muitos profissionais de trabalhar e desenvolver suas carreiras em organizações localizadas, principalmente, na região Sudeste do Brasil. Isso dificulta que desenvolvam e mantenham talentos internamente. 

Alguns estados brasileiros enfrentam uma disputa intensa pela mão de obra especializada, o que agrava a escassez de profissionais em diversos setores. O mais recente Panorama Setorial de Mineração da Robert Half, lançado esta semana, mostra como a contratação de talentos é um desafio tanto para companhias de mineração quanto para empresas de logística, frequentemente localizadas fora dos grandes centros.  

Revendo as táticas de retenção de talentos 

A maioria das empresas regionais não possui uma estratégia específica para se destacar das concorrentes na atração e retenção de talentos, perdendo candidatos-chave antes, durante e, até mesmo, após a finalização dos processos seletivos. Oferecer auxílios de moradia acessível, programas de treinamento para atuação internacional, ou outros subsídios que atendam às necessidades dos funcionários nas pequenas cidades são ações interessantes. 

Além disso, é essencial que, de modo geral, as companhias pratiquem políticas de incentivos mais atrativas, com flexibilidade, remuneração competitiva, pacotes de benefícios personalizados, oportunidades de desenvolvimento profissional, perspectivas de crescimento e um ambiente de trabalho acolhedor e inovador.

A tecnologia avançada também favorece as ofertas de trabalho fora dos grandes centros urbanos. A possibilidade de trabalho remoto, ou híbrida, permite que profissionais qualificados de diversas localidades apliquem seu conhecimento em empresas de todo o Brasil. 

Vantagens de viver fora das grandes cidades 

Não há como negar que existem inúmeras vantagens de se trabalhar longe dos grandes centros urbanos. Aspectos como qualidade de vida, perfil de emprego, salário, tempo de locomoção diário e custo de vida são destaques importantes.
 

Por isso, listei quatro diferenciais que as empresas regionais podem reforçar para atrair grandes talentos: 

1. Qualidade de vida aprimorada: uma das maiores vantagens de viver em cidades menores é a qualidade de vida. Longe da agitação e do estresse das grandes cidades, é possível ter um ritmo de trabalho mais tranquilo e aproveitar melhor os momentos em família, equilibrando a vida pessoal e profissional; 
2. Custo de vida mais baixo: em regiões afastadas dos grandes centros, o custo de vida é significativamente mais baixo. Os preços das propriedades são mais acessíveis, e itens como comida, transporte e serviços tendem a ser mais baratos. Assim, torna-se possível economizar e desfrutar de um padrão de vida mais elevado; 
3. Força da comunidade e apoio social: o forte senso de comunidade é uma característica marcante das cidades menores. As pessoas se conhecem, se ajudam e se apoiam mutuamente, criando um entorno mais solidário;
4. Menos trânsito e poluição: o menor tempo gasto em trânsito garante mais horas livres na semana, aumentando a qualidade de vida. Outro destaque positivo são os baixos índices de poluição de algumas cidades menores;  

O impacto da chegada das multinacionais  

 Há um movimento interessante de multinacionais rumo às cidades menores, onde os valores de aluguel para imóveis comerciais são mais atraentes e há frequentemente diversos incentivos fiscais. A escassez de mão de obra local pode se tornar uma vantagem para profissionais que desejam essa mudança, tornando-os ainda mais valiosos e cobiçados. 

 Assim como em qualquer lugar, as empresas regionais devem criar uma proposta de valor única que faça com que os profissionais se enxerguem em novos desafios e projetos agregadores para suas carreiras. É fundamental demonstrar as oportunidades e as possibilidades de progresso junto aos negócios da companhia. Arrisco a dizer que esse é um caminho extremamente promissor.

Aqui, neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks.

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar