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E agora, PT?

Os resultados das eleições municipais abrem uma nova fase no PT. Assim como no seu lançamento em 1980 e novamente em 2000, o PT agora terá que definir sua estratégia para os próximos dez anos. As razões estão vinculadas à operação Lava-Jato e aos resultados das eleições municipais, mas também à forte corrente interna que […]

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA: ex-presidente buscará manter seu controle sobre o partido e utilizá-lo como um de seus instrumentos de disputa política / Ricardo Stuckert/ Instituto Lula (Ricardo Stuckert/Instituto Lula/Reprodução)
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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2016 às 11h59.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h19.

Os resultados das eleições municipais abrem uma nova fase no PT. Assim como no seu lançamento em 1980 e novamente em 2000, o PT agora terá que definir sua estratégia para os próximos dez anos. As razões estão vinculadas à operação Lava-Jato e aos resultados das eleições municipais, mas também à forte corrente interna que vem demandando mudanças amplas no partido.

É inegável a retração do PT nas eleições desse ano. Ele perdeu sua condição de líder de coalizões com condições de disputar a hegemonia na maior parte das cidades do Brasil. O baque foi menor na disputa por vagas no legislativo municipal do que no poder executivo, já que em várias cidades, como em São Paulo, segue com bancadas importantes.

Esses resultados, entretanto, não alteram o seu DNA. Com uma identidade ideológica rara na cena brasileira, o PT ainda é o único partido que além de máquina eleitoral, mantém fortes relações com os movimentos sindicais e sociais, no campo e nas cidades, entre outros.

O partido certamente aprendeu o que é governar e, por um longo período, o fez com maestria. Talvez as fases iniciais do governo Lula (com o ministro Palocci) e o início do 2º mandato de Dilma (com o ministro Joaquim Levy) tenham sido os maiores sinais de que o PT entendeu que a ética da responsabilidade tende a predominar a ética da convicção quanto maior o grau de inserção na arena política, tomando emprestado os conceitos de Max Weber.

Com poucas exceções, hoje o PT se posiciona como oposição nos governos federal, estaduais e municipais, fator que desafiará, novamente, sua forma de atuação. Ele pode, por um lado, voltar para sua estratégia dos anos 90 baseada na oposição sistemática e totalmente desvinculada dos compromissos de governabilidade e de gestão. Nesse caso, a aposta seria no desgaste dos governos de plantão e na ênfase em demandas sociais latentes. Deu certo uma vez e alguns terão a tentação de reeditar essa opção.

Por outro lado, existe uma disputa aberta dentro do partido em torno de um novo projeto político. Parte importante da base e dos líderes partidários já abandonaram o barco nos últimos anos, mas dos que ficaram, dois grupos se destacam. Um deles segue sob a liderança de Lula e seus aliados, que inclui o longevo presidente Rui Falcão. O outro, em oposição, defende a renovação do PT, começando pela direção que prevaleceu no último ciclo.

A modernização do partido é possível com a revisão dos erros e a reafirmação dos acertos para avançar em uma nova fase. Além de se colocar como uma oposição à esquerda e de novo tipo, pode buscar uma síntese de suas experiências e contradições recentes, usando suas próprias referências marxistas. Nesse caso caminharia para se posicionar como uma nova opção, mais moderna, seguindo a linha do que ocorreu na maior parte da esquerda europeia no pós 2ª Guerra. Nessa hipótese, aumentam-se as chances de se recuperar parte da militância e do eleitorado de centro-esquerda e de centro.

O embate entre projetos e grupos internos certamente implicará em mudanças no seu conteúdo programático e em suas estratégias eleitorais. Será preciso, também, redefinir o papel de Lula dentro e fora do PT: ele seguirá sendo o líder máximo da legenda ou abrirá uma agenda própria e menos partidária, como fez Fernando Henrique Cardoso? O contexto atual de cerco e o acirramento das denúncias e processos contra Lula indicam que a segunda hipótese é pouco provável e que Lula buscará manter seu controle sobre o partido e utilizá-lo como um de seus instrumentos de disputa política e de narrativas.

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Os resultados das eleições municipais abrem uma nova fase no PT. Assim como no seu lançamento em 1980 e novamente em 2000, o PT agora terá que definir sua estratégia para os próximos dez anos. As razões estão vinculadas à operação Lava-Jato e aos resultados das eleições municipais, mas também à forte corrente interna que vem demandando mudanças amplas no partido.

É inegável a retração do PT nas eleições desse ano. Ele perdeu sua condição de líder de coalizões com condições de disputar a hegemonia na maior parte das cidades do Brasil. O baque foi menor na disputa por vagas no legislativo municipal do que no poder executivo, já que em várias cidades, como em São Paulo, segue com bancadas importantes.

Esses resultados, entretanto, não alteram o seu DNA. Com uma identidade ideológica rara na cena brasileira, o PT ainda é o único partido que além de máquina eleitoral, mantém fortes relações com os movimentos sindicais e sociais, no campo e nas cidades, entre outros.

O partido certamente aprendeu o que é governar e, por um longo período, o fez com maestria. Talvez as fases iniciais do governo Lula (com o ministro Palocci) e o início do 2º mandato de Dilma (com o ministro Joaquim Levy) tenham sido os maiores sinais de que o PT entendeu que a ética da responsabilidade tende a predominar a ética da convicção quanto maior o grau de inserção na arena política, tomando emprestado os conceitos de Max Weber.

Com poucas exceções, hoje o PT se posiciona como oposição nos governos federal, estaduais e municipais, fator que desafiará, novamente, sua forma de atuação. Ele pode, por um lado, voltar para sua estratégia dos anos 90 baseada na oposição sistemática e totalmente desvinculada dos compromissos de governabilidade e de gestão. Nesse caso, a aposta seria no desgaste dos governos de plantão e na ênfase em demandas sociais latentes. Deu certo uma vez e alguns terão a tentação de reeditar essa opção.

Por outro lado, existe uma disputa aberta dentro do partido em torno de um novo projeto político. Parte importante da base e dos líderes partidários já abandonaram o barco nos últimos anos, mas dos que ficaram, dois grupos se destacam. Um deles segue sob a liderança de Lula e seus aliados, que inclui o longevo presidente Rui Falcão. O outro, em oposição, defende a renovação do PT, começando pela direção que prevaleceu no último ciclo.

A modernização do partido é possível com a revisão dos erros e a reafirmação dos acertos para avançar em uma nova fase. Além de se colocar como uma oposição à esquerda e de novo tipo, pode buscar uma síntese de suas experiências e contradições recentes, usando suas próprias referências marxistas. Nesse caso caminharia para se posicionar como uma nova opção, mais moderna, seguindo a linha do que ocorreu na maior parte da esquerda europeia no pós 2ª Guerra. Nessa hipótese, aumentam-se as chances de se recuperar parte da militância e do eleitorado de centro-esquerda e de centro.

O embate entre projetos e grupos internos certamente implicará em mudanças no seu conteúdo programático e em suas estratégias eleitorais. Será preciso, também, redefinir o papel de Lula dentro e fora do PT: ele seguirá sendo o líder máximo da legenda ou abrirá uma agenda própria e menos partidária, como fez Fernando Henrique Cardoso? O contexto atual de cerco e o acirramento das denúncias e processos contra Lula indicam que a segunda hipótese é pouco provável e que Lula buscará manter seu controle sobre o partido e utilizá-lo como um de seus instrumentos de disputa política e de narrativas.

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