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COP28: Crise climática global exige capacitação de governantes, gestores e lideranças sociais

O mundo perdeu US$ 1,5 trilhão por conta das mudanças climáticas em 2022. Não é mais possível fugir ou tangenciar o tema

Pavilhão da COP28 em Dubai:oportunidade global para ampliarmos o debate público e trocarmos experiências sobre o que vem funcionando para mitigar o problema e sobre as ações emergenciais que ainda precisam ser implementadas (Leandro Fonseca/Exame)
Regina Esteves

CEO da Comunitas e colunista

Publicado em 6 de dezembro de 2023 às 09h54.

Última atualização em 23 de outubro de 2024 às 16h59.

Por Regina Esteves, diretora-presidente da Comunitas

O mundo perdeu US$ 1,5 trilhão por conta das mudanças climáticas em 2022, é o que revelou o relatório da Universidade de Delaware, nos Estados Unidos, publicado em novembro deste ano.

Sabemos que as piores consequências recaem sempre sobre os países mais pobres, mas a verdade é que mesmo as nações mais desenvolvidas já perceberam, ainda que pela via econômica, que os efeitos negativos afetam todo o planeta.

Não é mais possível fugir ou tangenciar o tema, a crise climática é pauta para todos os governantes, gestores públicos e privados, empresários e sociedade civil.

A COP28, Conferência Clima da ONU, que ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, é uma oportunidade global para ampliarmos o debate público e trocarmos experiências sobre o que vem funcionando para mitigar o problema e sobre as ações emergenciais que ainda precisam ser implementadas.

A importância de ser propositivo

Já no primeiro dia do evento, houve acordo para operacionalizar o Fundo para Perdas e Danos, que pretende gerenciar US$ 100 bilhões por ano até 2030 e financiar projetos nos territórios mais vulneráveis.

É uma iniciativa importante, e os agentes sociais precisam estar preparados para apresentar suas demandas e para gerir de forma eficaz os recursos que conseguirem obter. Neste cenário, capacitar governantes, gestores e lideranças é fundamental.

É preciso qualificar o debate e trazer para a discussão todos os entes sociais, ou não veremos avanços reais. Este é o momento em que se faz necessário trabalhar em rede, disponibilizar o máximo de informação científica, intercambiar tecnologia e apostar em pesquisas sérias. Quem optar pelo negacionismo estará fadado ao fim da lista e não será convidado a repartir os recursos.

É preciso ser propositivo, ainda mais quando sabemos que o balanço global dos termos propostos pelo Acordo de Paris mostra que as metas para prevenir o aquecimento global, assinadas em 2015 por 195 países, não foram atingidas. Estima-se que o mundo precisaria cortar 43% das emissões de carbono até 2030 para evitar a tragédia anunciada do colapso climático.

A realidade do Brasil

Nossos índices nacionais de preservação estão melhores, houve uma queda de 22% no desmatamento da Amazônia, por exemplo.

O Brasil está bem posicionado e apresentou na COP a proposta de um novo fundo fiduciário que, ao contrário do tradicional formato de doações, pretende captar recursos de fundos soberanos e aplicar em projetos de economia verde, repartindo os rendimentos entre 80 países que mantenham ações de preservação das florestas tropicais.

Vale destacar também as propostas de alguns territórios que fazem parte de nossa rede, como o estado de Minas Gerais, que chamou a atenção para a importância de inserir governos estaduais e prefeituras nos processos de planejamento, financiamento, implementação e monitoramento de estratégias climáticas, e Pernambuco, que tornou-se o primeiro estado do Nordeste a se comprometer com a recuperação da caatinga ao anunciar a doação de R$ 30 milhões para o fundo Floresta Viva, através do qual o BNDES capta e aporta recursos para a preservação de biomas brasileiros.

Ao atravessarmos o ano mais quente do planeta nos últimos 125 milênios, é hora de levarmos a sério os efeitos que estamos causando e realmente trabalharmos em conjunto pela utilização racional dos recursos naturais e pela proteção desta que é a nossa única casa, a Terra.

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Por Regina Esteves, diretora-presidente da Comunitas

O mundo perdeu US$ 1,5 trilhão por conta das mudanças climáticas em 2022, é o que revelou o relatório da Universidade de Delaware, nos Estados Unidos, publicado em novembro deste ano.

Sabemos que as piores consequências recaem sempre sobre os países mais pobres, mas a verdade é que mesmo as nações mais desenvolvidas já perceberam, ainda que pela via econômica, que os efeitos negativos afetam todo o planeta.

Não é mais possível fugir ou tangenciar o tema, a crise climática é pauta para todos os governantes, gestores públicos e privados, empresários e sociedade civil.

A COP28, Conferência Clima da ONU, que ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, é uma oportunidade global para ampliarmos o debate público e trocarmos experiências sobre o que vem funcionando para mitigar o problema e sobre as ações emergenciais que ainda precisam ser implementadas.

A importância de ser propositivo

Já no primeiro dia do evento, houve acordo para operacionalizar o Fundo para Perdas e Danos, que pretende gerenciar US$ 100 bilhões por ano até 2030 e financiar projetos nos territórios mais vulneráveis.

É uma iniciativa importante, e os agentes sociais precisam estar preparados para apresentar suas demandas e para gerir de forma eficaz os recursos que conseguirem obter. Neste cenário, capacitar governantes, gestores e lideranças é fundamental.

É preciso qualificar o debate e trazer para a discussão todos os entes sociais, ou não veremos avanços reais. Este é o momento em que se faz necessário trabalhar em rede, disponibilizar o máximo de informação científica, intercambiar tecnologia e apostar em pesquisas sérias. Quem optar pelo negacionismo estará fadado ao fim da lista e não será convidado a repartir os recursos.

É preciso ser propositivo, ainda mais quando sabemos que o balanço global dos termos propostos pelo Acordo de Paris mostra que as metas para prevenir o aquecimento global, assinadas em 2015 por 195 países, não foram atingidas. Estima-se que o mundo precisaria cortar 43% das emissões de carbono até 2030 para evitar a tragédia anunciada do colapso climático.

A realidade do Brasil

Nossos índices nacionais de preservação estão melhores, houve uma queda de 22% no desmatamento da Amazônia, por exemplo.

O Brasil está bem posicionado e apresentou na COP a proposta de um novo fundo fiduciário que, ao contrário do tradicional formato de doações, pretende captar recursos de fundos soberanos e aplicar em projetos de economia verde, repartindo os rendimentos entre 80 países que mantenham ações de preservação das florestas tropicais.

Vale destacar também as propostas de alguns territórios que fazem parte de nossa rede, como o estado de Minas Gerais, que chamou a atenção para a importância de inserir governos estaduais e prefeituras nos processos de planejamento, financiamento, implementação e monitoramento de estratégias climáticas, e Pernambuco, que tornou-se o primeiro estado do Nordeste a se comprometer com a recuperação da caatinga ao anunciar a doação de R$ 30 milhões para o fundo Floresta Viva, através do qual o BNDES capta e aporta recursos para a preservação de biomas brasileiros.

Ao atravessarmos o ano mais quente do planeta nos últimos 125 milênios, é hora de levarmos a sério os efeitos que estamos causando e realmente trabalharmos em conjunto pela utilização racional dos recursos naturais e pela proteção desta que é a nossa única casa, a Terra.

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