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Brasil: O protagonista emergente na transição energética

O Brasil está se destacando como uma potência em energia renovável, mas tem ainda um longo caminho a percorrer

Usina solar em Porteirinha (MG): Apesar dos avanços notáveis na produção de energia solar e etanol, o país enfrenta desafios significativos em eficiência energética e modernização de suas infraestruturas (Leandro Fonseca/Exame)
Regina Esteves

CEO da Comunitas e colunista

Publicado em 26 de junho de 2024 às 15h25.

Última atualização em 23 de outubro de 2024 às 16h56.

Por Regina Esteves, diretora-presidente da Comunitas

O Brasil está se destacando, cada vez mais, como uma potência em energia renovável. Ainda assim, é importante salientar que temos um longo caminho a percorrer para se consolidar como líder global na transição energética.

Apesar dos avanços notáveis na produção de energia solar e etanol, o país enfrenta desafios significativos em eficiência energética e modernização de suas infraestruturas.

Em 2023, o Brasil alcançou osexto lugarentre os maiores produtores de energia solar do mundo, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Com a adição de 11,9 GW de capacidade no ano, o país subiu para o quarto lugar em termos de expansão anual.

A energia solar agora representa 17,4% da matriz energética brasileira, atraindo mais de R$ 195 bilhões em investimentos e gerando aproximadamente 1,2 milhão de empregos verdes. Esses números são impressionantes e mostram que o Brasil está no caminho certo.

No entanto, a eficiência energética continua sendo um ponto desafiador. O Brasil está na 19ª posição entre os 25 maiores consumidores de energia, segundo o International Energy Efficiency Scorecard de 2022. E a transformação da matriz energética globalmente enfrenta seu maior obstáculo no setor de transportes, dominado pelos combustíveis fósseis.

O Brasil, porém, tem uma vantagem competitiva significativa neste setor. Desde o lançamento do Proálcool em 1975, o país se tornou o segundo maior produtor de etanol do mundo, com uma produção de31,2 bilhões de litros na safra 2022/2023.

Dependência de tecnologias importadas

As políticas públicas de incentivo à pesquisa e desenvolvimento resultaram em tecnologias como o etanol de segunda geração, que possui uma pegada de carbono significativamente menor do que a do etanol de primeira geração e até 80% menor que a da gasolina.

Ainda assim, o Brasil precisa resolver sua dependência de tecnologias importadas. O país foi osegundo maior importador de painéis solares da China em 2023, consumindo 9,5 GW no primeiro semestre.

Embora a queda de mais de 50% nos preços dos painéis solares no mercado internacional represente uma oportunidade para expandir a capacidade instalada, essa dependência expõe vulnerabilidades que precisam ser endereçadas.

A posição do Brasil no ranking de transição energética do Fórum Econômico Mundial, onde ocupa a 12ª posição, é um testemunho de seu compromisso com a sustentabilidade. Com uma matriz energética composta por 49,1% de energias renováveis, o Brasil se destaca em um cenário global onde a média é de 14,7% e a média dos países da OCDE é de 12,6%.

A participação do Brasil naIniciativa de Descarbonização Industrial Profunda, anunciada em 2023, é um passo significativo rumo à redução das emissões em setores como o cimento e o aço. Este esforço global demonstra a disposição do Brasil em enfrentar os desafios da descarbonização. No entanto, para que esse compromisso se concretize, é essencial garantir o apoio de diversos setores da sociedade. A transição energética precisa ser percebida pela população como uma vantagem direta.

Para isso, as políticas públicas devem garantir que a energia limpa e barata esteja acessível a todos, especialmente às populações de baixa renda. A Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE) já desempenha um papel fundamental ao reduzir os custos para essas famílias, mas precisamos ir além.

Projetos como a instalação de usinas solares em áreas rurais e plataformas flutuantes sobre represas de hidrelétricas podem expandir o acesso à energia sustentável. Tais iniciativas não apenas diminuem os custos de energia, mas também promovem pequenos empreendimentos e micro indústrias em regiões vulneráveis, criando um ciclo virtuoso onde a energia renovável impulsiona tanto a inclusão social quanto o desenvolvimento econômico local. Dessa forma, a transição energética pode realmente se tornar um motor de crescimento sustentável e inclusão social.

Além disso, a transição energética oferece uma oportunidade única para repensar o futuro do trabalho no Brasil. De acordo com o relatório Global Green Skills 2022 do LinkedIn, habilidades verdes são agora uma exigência em 10% dos anúncios de emprego, sinalizando uma mudança estrutural no mercado de trabalho. Contudo, essa transição inevitavelmente afetará os empregos existentes.

Barreira na formação de mão de obra

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) prevê que, embora 180 mil empregos possam ser perdidos, 620 mil novos postos serão criados no Brasil, resultando em um saldo positivo. No entanto, um dos principais desafios para a expansão da energia renovável no Brasil é a formação de mão de obra qualificada.

Cursos profissionalizantes na área de energias renováveis têm enfrentado dificuldadescomo altas taxas de evasão e baixa procura, evidenciando uma desconexão entre a necessidade crescente de profissionais qualificados e o interesse dos estudantes.

Superar essa barreira é de extrema relevância para garantir que o Brasil disponha do capital humano necessário para instalar e manter os sistemas de energia renovável que impulsionarão a transição energética. Investir em parcerias com a indústria, aumentar a divulgação e melhorar a infraestrutura educacional são passos essenciais para reverter essa tendência e assegurar que a transição energética seja inclusiva e sustentável.

Em suma, o Brasil tem os recursos, a tecnologia e a expertise para liderar a transição energética global. No entanto, é essencial que o país transforme esse potencial em realidade, investindo em eficiência energética, diversificação da matriz e políticas públicas que incentivem a inovação e a sustentabilidade.

Com uma abordagem estratégica e integrada, o Brasil pode não apenas alcançar, mas superar suas metas de descarbonização, tornando-se um exemplo para o mundo. A transição energética não é apenas uma questão técnica ou econômica; é uma oportunidade para o Brasil se posicionar como líder global, promovendo um futuro mais sustentável e próspero para todos.

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Por Regina Esteves, diretora-presidente da Comunitas

O Brasil está se destacando, cada vez mais, como uma potência em energia renovável. Ainda assim, é importante salientar que temos um longo caminho a percorrer para se consolidar como líder global na transição energética.

Apesar dos avanços notáveis na produção de energia solar e etanol, o país enfrenta desafios significativos em eficiência energética e modernização de suas infraestruturas.

Em 2023, o Brasil alcançou osexto lugarentre os maiores produtores de energia solar do mundo, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Com a adição de 11,9 GW de capacidade no ano, o país subiu para o quarto lugar em termos de expansão anual.

A energia solar agora representa 17,4% da matriz energética brasileira, atraindo mais de R$ 195 bilhões em investimentos e gerando aproximadamente 1,2 milhão de empregos verdes. Esses números são impressionantes e mostram que o Brasil está no caminho certo.

No entanto, a eficiência energética continua sendo um ponto desafiador. O Brasil está na 19ª posição entre os 25 maiores consumidores de energia, segundo o International Energy Efficiency Scorecard de 2022. E a transformação da matriz energética globalmente enfrenta seu maior obstáculo no setor de transportes, dominado pelos combustíveis fósseis.

O Brasil, porém, tem uma vantagem competitiva significativa neste setor. Desde o lançamento do Proálcool em 1975, o país se tornou o segundo maior produtor de etanol do mundo, com uma produção de31,2 bilhões de litros na safra 2022/2023.

Dependência de tecnologias importadas

As políticas públicas de incentivo à pesquisa e desenvolvimento resultaram em tecnologias como o etanol de segunda geração, que possui uma pegada de carbono significativamente menor do que a do etanol de primeira geração e até 80% menor que a da gasolina.

Ainda assim, o Brasil precisa resolver sua dependência de tecnologias importadas. O país foi osegundo maior importador de painéis solares da China em 2023, consumindo 9,5 GW no primeiro semestre.

Embora a queda de mais de 50% nos preços dos painéis solares no mercado internacional represente uma oportunidade para expandir a capacidade instalada, essa dependência expõe vulnerabilidades que precisam ser endereçadas.

A posição do Brasil no ranking de transição energética do Fórum Econômico Mundial, onde ocupa a 12ª posição, é um testemunho de seu compromisso com a sustentabilidade. Com uma matriz energética composta por 49,1% de energias renováveis, o Brasil se destaca em um cenário global onde a média é de 14,7% e a média dos países da OCDE é de 12,6%.

A participação do Brasil naIniciativa de Descarbonização Industrial Profunda, anunciada em 2023, é um passo significativo rumo à redução das emissões em setores como o cimento e o aço. Este esforço global demonstra a disposição do Brasil em enfrentar os desafios da descarbonização. No entanto, para que esse compromisso se concretize, é essencial garantir o apoio de diversos setores da sociedade. A transição energética precisa ser percebida pela população como uma vantagem direta.

Para isso, as políticas públicas devem garantir que a energia limpa e barata esteja acessível a todos, especialmente às populações de baixa renda. A Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE) já desempenha um papel fundamental ao reduzir os custos para essas famílias, mas precisamos ir além.

Projetos como a instalação de usinas solares em áreas rurais e plataformas flutuantes sobre represas de hidrelétricas podem expandir o acesso à energia sustentável. Tais iniciativas não apenas diminuem os custos de energia, mas também promovem pequenos empreendimentos e micro indústrias em regiões vulneráveis, criando um ciclo virtuoso onde a energia renovável impulsiona tanto a inclusão social quanto o desenvolvimento econômico local. Dessa forma, a transição energética pode realmente se tornar um motor de crescimento sustentável e inclusão social.

Além disso, a transição energética oferece uma oportunidade única para repensar o futuro do trabalho no Brasil. De acordo com o relatório Global Green Skills 2022 do LinkedIn, habilidades verdes são agora uma exigência em 10% dos anúncios de emprego, sinalizando uma mudança estrutural no mercado de trabalho. Contudo, essa transição inevitavelmente afetará os empregos existentes.

Barreira na formação de mão de obra

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) prevê que, embora 180 mil empregos possam ser perdidos, 620 mil novos postos serão criados no Brasil, resultando em um saldo positivo. No entanto, um dos principais desafios para a expansão da energia renovável no Brasil é a formação de mão de obra qualificada.

Cursos profissionalizantes na área de energias renováveis têm enfrentado dificuldadescomo altas taxas de evasão e baixa procura, evidenciando uma desconexão entre a necessidade crescente de profissionais qualificados e o interesse dos estudantes.

Superar essa barreira é de extrema relevância para garantir que o Brasil disponha do capital humano necessário para instalar e manter os sistemas de energia renovável que impulsionarão a transição energética. Investir em parcerias com a indústria, aumentar a divulgação e melhorar a infraestrutura educacional são passos essenciais para reverter essa tendência e assegurar que a transição energética seja inclusiva e sustentável.

Em suma, o Brasil tem os recursos, a tecnologia e a expertise para liderar a transição energética global. No entanto, é essencial que o país transforme esse potencial em realidade, investindo em eficiência energética, diversificação da matriz e políticas públicas que incentivem a inovação e a sustentabilidade.

Com uma abordagem estratégica e integrada, o Brasil pode não apenas alcançar, mas superar suas metas de descarbonização, tornando-se um exemplo para o mundo. A transição energética não é apenas uma questão técnica ou econômica; é uma oportunidade para o Brasil se posicionar como líder global, promovendo um futuro mais sustentável e próspero para todos.

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