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NFTs e economia dos colecionáveis estão abrindo um mundo de possibilidades

NFTs são responsáveis por gerar ativos capazes de autenticar obras, memes e até mesmo um post (acredite!), podendo ser comercializadas a preços elevados

NFT foi eleita a palavra de 2021 pelo dicionário Collins (Boris Zhitkov/Getty Images)
NFT foi eleita a palavra de 2021 pelo dicionário Collins (Boris Zhitkov/Getty Images)
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Rapha Avellar

Publicado em 14 de dezembro de 2021 às, 17h11.

Desde o último ano, começamos a ouvir muito sobre as NFTs, um certificado digital desenvolvido por blockchain que define a originalidade e rastreabilidade dos bens digitais e que tem ganhado espaço e a atenção do mercado de investimentos, marcando presença nas discussões sobre propriedade digital. Não à toa, a NFT foi eleita a palavra de 2021 pelo dicionário Collins. Considerado um movimento tecnológico completamente inovador, as NFTs são responsáveis por gerar ativos capazes de autenticar obras, memes e até mesmo um post (acredite!), podendo ser comercializadas a preços elevados em dólar e em criptomoedas. 

O tema das NFTs ganhou muita visibilidade em março deste ano, quando a casa Christie’s leiloou a obra do artista digital Beeple, Everydays: The first 5000 days, por 69,3 milhões de dólares. Foi a partir desse momento que as pessoas passaram a enxergar os tokens não-fungíveis como uma possibilidade de investimento. Mas o que muita gente não sabe é que há inúmeras maneiras de explorar as possibilidades deste mercado. 

Por não ser um item palpável, pode ficar complicado entender o motivo de tanta importância, mas para ficar claro vou usar um exemplo bem recente. Sabe a verificação do Instagram? Apesar de não ter um custo envolvido, aquele selo azul é uma forma de saber que a conta com a qual você está interagindo é a presença autêntica de uma figura pública, celebridade ou entidade notável. Desta forma, tem grande valor para quem conquista esse selo e para as pessoas que buscam um influencer relevante para seguir. E é desta mesma maneira que funcionam as NFTs.

Um dos fatores mais positivos das NFTs e que atraem a atenção dos investidores são as características como propriedade, escassez, possibilidade de ser colecionável, arte digital, liquidez, relação com plataformas de negociação, autenticidade, desejo, identidade, base em blockchain, além de serem vistas como uma reserva de valor de investimento. Faço aqui uma ressalva inclusive para os tópicos “liquidez de revenda”, “desejo” e “escassez”, uma vez que esses que são fundamentais para serem explorados pelas marcas em busca de atração de público e de relacionamento com seus consumidores. E, afinal, como as marcas podem efetivamente explorar esse conceito para criar ainda mais proximidade com o seu consumidor?

Bom, para começar, houve uma importante mudança na maneira das empresas se aproximarem do seu público. Antes as ações eram pensadas para serem disseminadas de forma massificada, sempre com o objetivo de atingir o maior número de pessoas para, dessas milhares, ter a atenção de 100. Hoje, por outro lado, as marcas já entenderam o valor de ações mais assertivas com comunicação personalizada para aquela comunidade, especialmente, como mostra um levantamento da Zendesk, software de atendimento ao cliente. O estudo apontou que 75% dos consumidores no mundo afirmaram que gastariam mais com uma companhia caso tivessem um bom atendimento. Já para 76% dos brasileiros, uma má experiência estimula a procura de uma outra oferta para a mesma necessidade.

Quando pensamos na experiência do consumidor em paralelo com as NFTs, podemos notar que é exatamente esse o efeito que elas proporcionam. Esses tokens unem alguns elementos capazes de despertar a identificação no público-alvo e trazer o senso de pertencimento, que é o exato ponto onde muitas marcas precisam chegar para conquistar seus clientes. Ou seja, para de fato se conectar com o seu consumidor é essencial ir muito além de campanhas genéricas, como as que costumávamos ver.

Um exemplo do que pode ser feito nesse caso é unir uma experiência física com uma digital. Para conseguirmos ilustrar melhor vamos falar um pouco sobre a StockX, também conhecida como o “mercado das coisas”, onde é possível encontrar uma variedade de itens colecionáveis e únicos. A ideia de negócio da plataforma nasceu a partir da paixão dos fundadores por Sneakers e o desejo em poder construir seu próprio ecossistema mercadológico baseado na legitimidade dos produtos, o que é um grande desafio deste segmento.

Funcionando como uma ponte de negociação entre vendedores e compradores, a StockX disponibiliza tênis, mochilas, eletrônicos, entre outros colecionáveis de diferentes tipos, e dentro da plataforma os colecionadores podem buscar por itens raros que não são mais fabricados, enquanto os vendedores se beneficiam da demanda por meio de um leilão, em que milhares de pessoas colocam o quanto pagariam por aquele produto e o valor mais alto leva o item.

Com um serviço único, onde os itens oferecidos passam por uma maior segurança devido ao processo de autenticação, a StockX se diferencia das plataformas concorrentes e, consequentemente, atrai a atenção do consumidor final, visto que ele terá um item totalmente único. E o sucesso da plataforma nos mostra o quanto as pessoas prezam pela experiência de compra. Pensando nas marcas brasileiras, uma grande porta de entrada para esse mundo seria o de produzir conteúdo para impulsionar o público que é apaixonado por Skate, Hip Hop, dança de rua, futebol e outras culturas urbanas. Seja um tênis clássico ou um colecionável de 10 anos atrás, existe aqui uma oportunidade em criar o hype em um item até que esteja na plataforma para venda. 

Outra forma de entrada para as marcas é aliar essas edições exclusivas ou comemorativas com NFTs. A versão digital de um produto pode ser colocada como um bônus depois da compra. Algumas companhias fora do Brasil já vendem seus produtos físicos com versões em NFTs e o próprio consumidor é quem decide qual delas vai coletar. Nesse modelo, caso as pessoas prefiram o produto físico, a versão digital se tornará um item muito mais escasso, o que pode gerar um aumento de valor. E aí o leque de opções é infinito.

O fato é que, apesar das NFT terem sido um dos assuntos mais comentados do ano, como se trata de uma tecnologia relativamente nova, ainda não há uma grande movimentação de marcas em direção ao seu uso em estratégia. Hoje, a sua utilização é menos expressiva, e isso talvez seja porque são poucos os que entendem o mundo de possibilidades que podem ser exploradas com esses tokens. Quando as empresas perceberem as chances que as NFTs oferecem e o público se familiarizar com essa ideia, tenho certeza que poderemos observar um boom no mercado e a tendência das NFTs em todo o mundo. 

Mas, se posso deixar uma dica para aqueles que estão começando a pisar nesse universo completamente novo é que eles busquem cada vez mais informações para conseguirem enxergar, de uma vez por todas, o imenso poder de conexão das NFTs. O mundo segue em constante evolução e é fundamental que a gente consiga estar sempre um passo à frente, para não ficar para trás, se é que já não estamos. 

Sobre Rapha Avellar

Rapha Avellar é um empreendedor em série e fundador da Adventures, primeira Brandtech da América Latina e uma das mais promissoras startups do país, que está criando o maior ecossistema de marcas nativas digitais das Américas. Antes disso, criou uma das empresas de mídia de crescimento mais rápido no Brasil antes da Adventures e levou a empresa da família de uma receita de R$ 3 milhões para R$ 30 milhões em 5 anos. Líder nato, comanda mais de 300 pessoas na Adventures e tem um histórico impressionante em negócios de crescimento rápido, acumula mais de 500 mil seguidores e milhões em alcance mensal em todas as mídias sociais, sendo um dos líderes mais influentes em marketing e empreendedorismo de sua geração. Além disso, conta com mais de 1 milhão de plays em seus podcasts, The CMO Playbook e Nas Trincheiras.