Sob avaliação
A decisão da Justiça baiana de determinar que a disputa entre as famílias Odebrecht e Gradin por uma fatia do capital do grupo Odebrecht seja definida por arbitragem revelou um dado importante que até agora vinha sendo mantido sob sigilo. Desde o início do processo, a família Odebrecht afirma que tem o direito de tomar as ações dos Gradin, que representam 21% do capital total da companhia, por um valor […] Leia mais
Publicado em 31 de março de 2011 às, 16h58.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 13h05.
A decisão da Justiça baiana de determinar que a disputa entre as famílias Odebrecht e Gradin por uma fatia do capital do grupo Odebrecht seja definida por arbitragem revelou um dado importante que até agora vinha sendo mantido sob sigilo. Desde o início do processo, a família Odebrecht afirma que tem o direito de tomar as ações dos Gradin, que representam 21% do capital total da companhia, por um valor de 1,5 bilhão de dólares. Os Odebrecht estipularam o valor com base em uma avaliação feita pelo banco de investimento Credit Suisse, já descontada uma multa de 25% imposta pelos controladores à revelia dos Gradin. De acordo com a avaliação do banco, o valor total do grupo seria de 9,9 bilhões de dólares. No entanto, documentos do Credit Suisse aos quais EXAME teve acesso e a demanda apresentada pelos Gradin à Justiça baiana mostram que avaliações feitas para a venda de participações de empresas da Odebrecht a terceiros consideram um valor total de 25,5 bilhões de dólares. A Odebrecht Óleo e Gás, por exemplo, teve 14,3% de seu capital vendido para o Temasek, fundo soberano de Singapura, por 400 milhões de dólares, considerando um valor total da companhia de 3,3 bilhões de dólares. Essa avaliação foi feita no primeiro semestre do ano passado pelo Credit Suisse. Na mesma época, o mesmo Credit Suisse avaliou a mesma Óleo e Gás em 1,3 bilhão de dólares em uma apresentação aos acionistas minoritários que está sendo considerada na proposta aos Gradin. Braskem, ETH, Construtora Norberto Odebrecht, OTP, de transporte urbano e infraestrutura logística, Foz, de tratamento de efluentes, e a incorporadora imobiliária OR também tiveram avaliações muito maiores quando negociaram a venda de participações a terceiros. Procurado, o Credit Suisse não comentou as diferenças. A Odebrecht diz que as comparações são descabidas.
DIFERENÇAS |
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Odebrecht Óleo e Gás |
Avaliação para venda a terceiros: 3,3 bilhões de dólares |
Avaliação para acionistas minoritários: 1,3 bilhão de dólares |
FOZ |
Avaliação para venda a terceiros: 1,5 bilhão de dólares |
Avaliação para acionistas minoritários: 750 milhões de dólares |
OR- Imobiliária |
Avaliação para venda a terceiros: 1,5 bilhão de dólares |
Avaliação para acionistas minoritários: 525 milhões de dólares |
OTP |
Avaliação para venda a terceiros: 2,7 bilhões de dólares |
Avaliação para acionistas minoritários: 1,4 bilhão de dólares |
Braskem |
Avaliação para venda a terceiros: 5,8 bilhões de dólares |
Avaliação para acionistas minoritários: 1,5 bilhão de dólares |
Construtora Norberto Odebrecht |
Avaliação para venda a terceiros: 8 bilhões de dólares |
Avaliação para acionistas minoritários: 3 bilhões de dólares |
ETH |
Avaliação para venda a terceiros: 2,7 bilhões de dólares |
Avaliação para acionistas minoritários: 700 milhões de dólares |