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Sem dinheiro, Dieese vive crise aguda

Ministério do Trabalho deve cerca de 1,2 milhão de reais ao instituto, que também se viu prejudicado pela falta de repasse de emendas parlamentares

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Primeiro Lugar

Publicado em 21 de dezembro de 2017 às, 08h19.

Última atualização em 21 de dezembro de 2017 às, 08h19.

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), responsável por trabalhos como a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos e a Pesquisa de Emprego e Desemprego, passa por uma crise financeira aguda que pode levá-lo, em última instância, a fechar as portas. A instituição está sem quitar a totalidade dos salários de funcionários que recebem mais do que 5.000 reais desde setembro, incluindo o décimo terceiro salário. Dos 270 funcionários do Dieese, pelo menos 100 estão nesta situação.

O principal problema, no momento, é a falta de repasse, por parte do Ministério do Trabalho, de 1,2 milhão de reais, referente ao pagamento da Pesquisa de Emprego e Desemprego. O departamento também tem pelo menos 1,8 milhão de reais em emendas parlamentares que já foram destinadas, mas ainda não foram liberadas pelo governo federal. Esse dinheiro seria suficiente para quitar os salários atrasados, que somam cerca de um milhão de reais.

Além desses convênios com o setor público -- a instituição também faz pesquisas para órgãos estaduais --, o Dieese é mantido por contribuições de sindicatos e centrais sindicais. Com a reforma trabalhista, a tendência é que a queda de arrecadação dos sindicalistas também impacte as finanças do departamento. Por isso, o dinheiro devido pelo governo federal também deve ser usado para tornar a estrutura mais enxuta. Luis Carlos de Oliveira, presidente do Dieese, estima que mais da metade dos funcionários terão de ser demitidos no médio prazo.

O departamento é uma das instituições de pesquisa econômica mais respeitadas do país. Criado em 1955, foi um dos principais questionadores da inflação maquiada na época da ditadura. “Imagina a riqueza de informação que temos em nosso banco de dados desde a década de 1950. Veja o prejuízo que seria para sociedade, para o meio acadêmico e para o movimento sindical perder essas informações”, diz Oliveira.

Procurado, o Ministério do Trabalho não respondeu.