Investimentos alternativos: vale a pena ter em carteira?
As principais diferenças entre os investimentos alternativos e os tradicionais dizem respeito à correlação, liquidez e escolha dos ativos
Publicado em 6 de dezembro de 2021 às, 16h40.
Última atualização em 6 de dezembro de 2021 às, 16h43.
Do começo: o que são investimentos alternativos?
Estamos falando de ativos com características particulares, bem diferentes dos investimentos tradicionais. Os retornos são pouco previsíveis e não há nenhuma garantia de rentabilidade. Consequentemente, os riscos são altos, sendo indicados em grande parte para investidores mais arrojados.
Por exemplo, o famoso Bitcoin e demais criptomoedas são considerados investimentos alternativos – e extremamente voláteis. Até mesmo itens colecionáveis como vinhos, carros e obras de arte podem fazer parte dessa classe de investimentos, entre outros exemplos que abordaremos neste artigo.
Investimentos alternativos versus investimentos tradicionais
As principais diferenças entre os investimentos alternativos e os tradicionais dizem respeito à correlação, liquidez e escolha dos ativos.
- Correlação: enquanto os investimentos tradicionais têm alta correlação com os mercados, os alternativos costumam ser descorrelacionados. Ou seja, eles não andam juntos com aplicações tradicionais.
- Liquidez: de forma geral, os investimentos alternativos apresentam baixa liquidez. Por outro lado, os investimentos tradicionais, normalmente, possuem alta liquidez.
- Escolha dos ativos: no caso dos investimentos alternativos, é possível escolher os ativos ou negócios nos quais deseja investir. Já nos investimentos tradicionais, na maior parte das vezes, não se tem domínio sobre os ativos investidos, como é o caso dos Fundos Imobiliários (os investidores não possuem domínio sobre os imóveis que compõem o portfólio de um fundo).
Prós e contras
No quadro a seguir é possível visualizar algumas vantagens e desvantagens dos investimentos alternativos.
Vantagens |
Desvantagens |
Possibilidade de grandes retornos. |
São mais arriscados. |
Não têm correlação com o mercado financeiro tradicional. |
Há pouca fiscalização/regulação.
|
São pouco afetados por crises financeiras, políticas, entre outras. |
Demandam tempo e paciência, não sendo indicados para objetivos de curto ou médio prazos. |
Na maioria dos casos é possível se proteger da inflação, pois não sofrem alterações negativas com movimentos da inflação como na renda fixa, por exemplo. |
Baixa liquidez na maioria dos investimentos, sendo difícil vendê-los ou converter em dinheiro rapidamente. |
Criptomoedas
O Bitcoin é a criptomoeda pioneira. Em 2008, Satoshi Nakamoto buscou reinventar a moeda na forma de código de computador, o que resultou no Bitcoin. Apenas dois anos após o lançamento, a criptomoeda atingiu a paridade com o dólar. As transações são protegidas por criptografia e registradas no blockchain, um grande banco de dados.
Com o tempo, novas criptomoedas foram desenvolvidas, muitas sem fundamentos (como é o caso da Dogecoin, um meme da internet), sendo necessário estudá-las de forma diligente antes de investir.
Os preços das moedas oscilam conforme especulações do mercado. Como estão em processo de amadurecimento e ainda há pouca aderência das pessoas, são ativos muito voláteis.
Rentabilidade histórica do Bitcoin (R$) – até 11/10/2021
Fonte: Comparador de Ativos. Elaboração: Passer Consultoria de Investimentos.
É possível negociar criptomoedas através de Exchanges, que funcionam como corretoras de valores. Exemplos: Mercado Bitcoin e Bitcoin Trade.
Na bolsa brasileira (B3) também encontramos fundos de índice que acompanham o desempenho das moedas, como os ETFs abaixo:
- HASH11: acompanha o desempenho de uma cesta de moedas: Bitcoin, Ethereum, Litecoin, Chainlink, Uniswap, Bitcoin Cash, Filecoin e Stellar
- QBTC11: compra Bitcoin físico e realiza a custódia. Gestora: QR Asset.
- QETH11: compra Ethereum físico e realiza a custódia. Gestora: QR Asset.
Commodities
Commodities são produtos básicos, em estado bruto, feitos em larga escala e que funcionam como matéria-prima: soja, milho, café, ouro, água, entre outros. São bens de consumo mundial, sendo comercializadas inclusive em bolsas de valores.
O ouro, por exemplo, é um ativo resistente, com valor reconhecido mundialmente e escasso: não é possível criar ouro da mesma forma que o governo imprime dinheiro. É conhecido como um porto seguro em momentos de crise.
Ouro (índice) versus Ibovespa versus CDI – últimos 5 anos, até 08/10/21
Fonte: Comparador de Ativos. Elaboração: Passer Consultoria de Investimentos.
Uma forma fácil e acessível para investir em ouro é através do ETF GOLD11, que replica a performance do preço do ouro no mundo por meio do iShares Gold Trust. O fundo é negociado na B3 e cada cota custa cerca de R$ 10.
A água é outro exemplo de commodity escassa, sendo inclusive conhecida como “ouro azul”. Estima-se que quase dois terços da população do mundo podem sofrer com a falta de abastecimento de água daqui a 4 anos.
Uma maneira simples de ter exposição a esse ativo é através do fundo de investimento VITREO AGUA FIA. A aplicação mínima é de apenas R$ 100 e liquidez D+6.
Private Equity
Mais um exemplo de investimento alternativo é o Private Equity, fundos ativos onde o gestor compra participações de empresas de capital fechado. O grande objetivo é alavancar o crescimento dessas empresas, seja na parte financeira ou no seu gerenciamento.
Esse tipo de investimento normalmente passa pelas seguintes etapas:
Na última fase, o investidor pode ver o retorno do seu investimento.
Uma forma de investir em Private Equity é através de Fundos de Investimento em Participações – os FIPs. Nessa modalidade, os investidores compram cotas do fundo e o gestor cumpre o papel de efetivar a participação societária nas empresas definidas. Além de fazer parte da sociedade, os gestores desses fundos participam de forma ativa na administração, contribuindo para decisões estratégicas.
Portanto, antes de investir em um fundo é fundamental estudar o histórico do gestor, de modo a entender sua estratégia e consistência nas entregas.
Para finalizar: vale a pena ter investimentos alternativos na carteira?
Seguindo a relação risco-retorno e com foco no longo prazo, os investimentos alternativos podem apresentar uma performance bem acima da média, além de contribuir para a diversificação da carteira por se tratar de ativos descorrelacionados do mercado tradicional.
Apesar de ser um tipo de investimento indicado para aqueles com perfil arrojado, dada a alta volatilidade, nada impede que pessoas com baixa tolerância ao risco possam ter um pequeno percentual da carteira exposto a essa classe. Em todos os casos é importante sempre ter cautela, estudar todas as características, entender os riscos envolvidos e quais são as perspectivas do ativo antes de investir.
Sobre a Passer
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