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Cientista político com doutorado pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e professor licenciado do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (Ipol/UnB), Paulo Kramer participa, no dia 3 de maio, do 2o Fórum Democracia e Liberdade, na FAAP, em São Paulo. Em entrevista ao Instituto Millenium, Kramer antecipou brevemente o tema do painel: “O Brasil na encruzilhada –  Qual modelo de pais queremos?, criticou o patrimonialismo, a infantilização […] Leia mais

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Instituto Millenium

Publicado em 27 de abril de 2011 às, 03h40.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 10h15.

Cientista político com doutorado pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e professor licenciado do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (Ipol/UnB), Paulo Kramer participa, no dia 3 de maio, do 2o Fórum Democracia e Liberdade, na FAAP, em São Paulo.

Em entrevista ao Instituto Millenium, Kramer antecipou brevemente o tema do painel: “O Brasil na encruzilhada –  Qual modelo de pais queremos?, criticou o patrimonialismo, a infantilização da cidadania e o “aparelhamento do Estado” presentes  no governo Dilma. Leia:

Instituto Millenium: O modelo de “capitalismo de Estado” é sustentável? Ele pode fortalecer  o regime democrático?
Paulo Kramer: Nem a “coisa” nem o conceito que a define constituem novidades. No início do século passado, o jurista, historiador, economista e politólogo alemão Max Weber (1864-1920), em obras como “História econômica geral”, mapeou os avatares históricos do que chamava de “capitalismo politicamente orientado”: um sistema econômico que se perpetua e cresce graças às conexões privilegiadas de uma oligarquia empresarial com governantes, burocratas, enfim, os poderosos do dia. Considerações de incremento da produtividade, da competitividade e da qualidade dos bens produzidos ficavam em plano bastante secundário. O melhor exemplo é o mercantilismo praticado pelos modernos Estados nacionais absolutistas antes e até depois do advento da Revolução Industrial (o Portugal das dinastias de Aviz e Bragança e do marquês de Pombal; a Espanha dos reis católicos e de Felipe II; a França do ministro Colbert; e, aproximando o foco do nosso tempo, a Argentina de Perón e o Brasil de Vargas).

Produzir mais e melhor com menos e a menores preços (produtividade) para quê, se os “amigos do rei” contam com o privilégio de barreiras tarifárias e não-tarifárias para manter afastada a concorrência externa?

Os sistemas políticos que Hannah Arendt classificou como totalitários (Alemanha hitlerista; União Soviética de Lênin, Stalin e sucessores – eu incluiria ainda, até certo ponto, modelos autoritários como o fascismo italiano, o salazanismo português e a Espanha franquista) foram uma radicalização dessa tendência, com os empresários privados privilegiados substituídos por uma burguesia de Estado tecnoburocrática.

No caso brasileiro, sabemos como a história terminou: na hiperinflação dos anos 80, início dos anos 90, marcando o esgotamento do cinquentenário ciclo de política econômica de industrialização via estatização e “substituição de importações”(na realidade, neomercantilismo).

Leia a entrevista na íntegra.