José Álvaro Moisés fala sobre a confiança do brasileiro nas instituições públicas
A desconfiança da sociedade nas instituições brasileiras tem sido determinante para as manifestações que viraram rotina no país. O abismo entre eleitores e representantes se agrava à medida que a percepção da impunidade e da corrupção fica mais forte entre os cidadãos. Para analisar esse quadro, o Instituto Millenium conversou com o cientista político José Álvaro Moisés, autor do recém-lançado “A desconfiança política e os seus impactos na qualidade da […] Leia mais
Publicado em 14 de outubro de 2013 às, 19h29.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 08h47.
A desconfiança da sociedade nas instituições brasileiras tem sido determinante para as manifestações que viraram rotina no país. O abismo entre eleitores e representantes se agrava à medida que a percepção da impunidade e da corrupção fica mais forte entre os cidadãos.
Para analisar esse quadro, o Instituto Millenium conversou com o cientista político José Álvaro Moisés, autor do recém-lançado “A desconfiança política e os seus impactos na qualidade da democracia” (Edusp, 2013) e de “Democracia e confiança: Por que os cidadãos desconfiam das instituições públicas?” (Edusp, 2010). Moisés fala sobre a falta de prestígio do Congresso Nacional e analisa a participação da população na política brasileira.
Leia a entrevista e participe da promoção desta semana para concorrer ao livro “A desconfiança política e os seus impactos na qualidade da democracia”.
Instituto Millenium: Como avaliar a confiança do brasileiro nas instituições? Ela tem sido uma variável de acordo com o cenário político?
José Álvaro Moisés: A confiança do brasileiro nas instituições vem caindo. E as análises mostram que a desconfiança está relacionada, em grande parte, com a percepção do mau funcionamento das instituições e principalmente com a permanência do fenômeno da corrupção.
Imil: O senhor afirma que o poder Legislativo é campeão em descrédito. Por que isso ocorre?
Moisés: Esse descrédito deriva fundamentalmente do desempenho do Congresso Nacional, que é percebido pela população como uma instituição cujas prioridades residem em seus próprios interesses. As pessoas enxergam os deputados mais preocupados com seus próprios projetos e benefícios muitas vezes atrelados à corrupção. Nessa medida cria-se uma distância entre a instituição de representação e os eleitores na sua posição de representados.
Embora uma parte da literatura da ciência política chame atenção para a eficácia do Congresso no que diz respeito à arena decisória, que se refere à manutenção da governabilidade; na arena eleitoral, que envolve os eleitores e os cidadãos, os partidos políticos do Congresso são vistos como ausentes em suas funções e ações. A desconfiança surge aí.