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Como avaliar projetos sob o ponto de vista econômico?

Com o objetivo de auxiliar no processo de avaliação econômica de projetos socioambientais, algumas abordagens buscam monetizar o impacto causado

 (Getty Images/Getty Images)
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I
Impacto Social

Publicado em 15 de fevereiro de 2022 às, 09h00.

Por Jorge Ikawa* e Octavio Augusto de Barros**

Já discutimos aqui algumas metodologias para medição de impacto e sobre a necessidade de um grupo de comparação para avaliar se determinada iniciativa foi bem-sucedida. No entanto, em muitos casos, avaliadores de políticas públicas e investidores sociais preocupam-se adicionalmente com a análise econômica da ação. Com o objetivo de auxiliar neste processo, o Insper Metricis lançou recentemente, em parceria com a GK Ventures, um guia sobre monetização de impacto social. O documento completo você confere aqui. O arquivo apresenta algumas das abordagens mais usuais de monetização de impacto, vantagens e desvantagens de cada aplicação e possíveis questões éticas relacionadas ao seu uso.

A preocupação com a análise econômica de projetos pode ser motivada por diversas razões. Por exemplo, uma avaliação econômica pode ser importante para sinalizar situações em que, embora o programa promova impacto social, os custos são tão altos que inviabilizam a iniciativa. Outro ponto importante refere-se ao fato de os recursos serem escassos: como existem muitas alternativas potencialmente relevantes e não há dinheiro para todas elas, os investidores gostariam de selecionar aquelas mais efetivas sob o ponto de vista de impacto social.

Com o objetivo de auxiliar no processo de avaliação econômica de projetos socioambientais, algumas abordagens buscam monetizar o impacto causado. Ao converter resultados socioambientais em valores monetários, elas proporcionam ao avaliador uma medida única e comparável entre diversas iniciativas. Essa métrica pode então ser utilizada no processo de decisão de quais projetos priorizar.

Para tornar mais claro o problema existente e as possíveis soluções que essas abordagens procuram fornecer, considere o caso de um investidor que avalie dois projetos, um na área de saúde para idosos e outro no setor de educação para crianças carentes. Embora ambos sejam relevantes e potencialmente produzam impacto, como escolher entre eles caso só existam recursos suficientes para financiar uma das iniciativas? Como comparar ações com intuitos e efeitos tão diferentes? As abordagens de monetização procuram auxiliar neste processo decisório a partir da conversão dos impactos promovidos para valores monetários, propiciando uma métrica comum que pode ser utilizada com fins comparativos.

Apesar de serem informativas e auxiliarem na comparação entre projetos socioambientais, as abordagens de monetização adicionam complexidade à análise de programas. Isso decorre, em muitos casos, pela dificuldade (ou até mesmo impossibilidade) de converter impacto em dinheiro. Como exemplo, imagine o caso de uma iniciativa voltada a salvar vidas. Como monetizar a vida humana? Embora existam estimativas sobre o valor de uma vida (aqui, por exemplo, você encontra o valor atribuído por agências públicas de alguns países), trata-se de um tema controverso, uma vez que, para muitos, a vida é um direito fundamental, acima de qualquer valor.

Como se pode notar, o campo de monetização de impacto é bastante amplo e apresenta uma série de questões éticas que permanecem em aberto até hoje. Em próximos textos discutiremos em mais detalhes algumas das principais abordagens de monetização de impacto, bem como as virtudes e fraquezas desses enfoques. Não perca!

*Jorge Ikawa é doutor em Economia dos Negócios pelo Insper, bacharel em Economia pela FEARP-USP e formado em Jornalismo pela ECA-USP.

**Octavio Augusto de Barros é doutorando em Economia dos Negócios pelo Insper. É graduado em Economia pela FGV-SP e mestre em Estratégia Empresarial pela mesma instituição. Atua como pesquisador nas áreas de Avaliação de Impacto Socioambiental e Estratégia Organizacional.